sábado, 15 de março de 2025

A inteligência humana está diminuindo?

 

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Grandes pesquisas internacionais indicam que a capacidade média de uma pessoa de processar informações, usar o raciocínio e resolver novos problemas tem caído nos últimos 10-12 anos — ligando um alerta.

  • No geral, há poucos dados e somente dados relativamente recentes sobre fatores como capacidade de atenção, foco, etc.

Mas uma das poucas organizações que realmente fazem esse monitoramento descobriu um aumento acentuado na porcentagem de pessoas que têm dificuldade em funções cognitivas. Veja nos gráficos:

Dificuldade de se concentrar // Dificuldade em aprender coisas novas | Financial Times

Uma das hipóteses é que esse aumento recente é consequência da queda do hábito da leitura, principalmente com as pessoas consumindo cada vez menos textos longos e complexos.

Assim como acontece nos Estados Unidos, como mostra esse gráfico, aqui no Brasil, o hábito de leitura também só diminui ano a ano.

Na pesquisa mais recente, feita em 2024, pela primeira vez, a maioria das pessoas diz não ter lido sequer um livro completo — de qualquer gênero — ao longo dos três meses anteriores.

Mas vai além da leitura… Algumas outras métricas que podem indicar o “nível de inteligência” também apresentam declínio, incluindo raciocínio básico com números e resolução de problemas.

A parcela de adultos em países de alta renda (OCDE) que não conseguem usar o raciocínio matemático ao avaliar afirmações simples ou que têm dificuldade para integrar várias informações de um texto subiu para 25%.

(Imagem: Financial Times)

Ainda que a possibilidade do motivo desse fenômeno mais simples e aceitável seja apenas “internet, smartphones e redes sociais”, pense que eles já existiam em 2015 — ou seja, podem não representar a resposta mais completa para a questão.

Fato é que a grande diferença pode estar na maneira como a gente usava smartphones e mídias sociais no início da década passada e como usamos hoje. Dá para dizer que, antes, o uso era mais “ativo” e ainda “engajava mais o cérebro”.

Mas isso não é mais tão verdade, principalmente depois de mudanças como:

  • A transição de conteúdos visuais mais sociais (de pessoas conhecidas e com quem interagimos ativamente) para algoritmos (sequência infinita de conteúdo de estranhos, mais envolvente e com muito menos participação ativa);

  • A mudança de textos e artigos (material mais longo que exige que o leitor sintetize, faça inferências e reflita) para postagens com legendas curtas e independentes (poucas frases, sem necessidade de pensamento crítico);

  • Explosão no volume e na frequência de notificações, cada uma delas correndo o risco de afastá-lo do que você estava fazendo anteriormente (ou ocupar algum espaço na cabeça, mesmo que você a ignore).

A queda dessas métricas que refletem a capacidade intelectual humana não significa que elas continuarão caindo para sempre, até virarmos uma espécie burra ou menos racional — sai para lá, pessimismo.

Ainda assim, considerando que esses números refletem tanto nosso potencial de inteligência, mas também nossa execução dessa inteligência, essas mudanças no consumo de conteúdo têm impactado a execução de uma boa parte das pessoas


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