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Mariana
15 de dezembro de 2022Por Karina Peres e Lucas Porfírio
Após quase sete anos fechada, a Catedral Basílica Metropolitana Nossa Senhora da Assunção foi reaberta, nesta quinta-feira (15/12), em Mariana. O restauro foi fruto de uma parceria entre o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Arquidiocese de Mariana e a Prefeitura da cidade. Ao todo, as obras custaram cerca de R$10,5 milhões, advindos de recursos federais.
A restauração durou, aproximadamente, seis anos. “É um prazer estarmos aqui hoje entregando essa importante obra restaurada à comunidade de Mariana e a Arquidiocese. Foram trabalhos complexos. tecnicamente, dizemos que a obra foi realizada em três etapas. A primeira delas, a consolidação estrutural e a restauração arquitetônica, onde tivemos acompanhamento arqueológico dos trabalhos. A segunda etapa foi das instalações, principalmente as elétricas. Por fim, a restauração dos elementos artísticos integrados”, afirmou a superintendente do Iphan em Minas Gerais, Débora do Nascimento França.
Conhecida como Sé de Mariana e localizada no Centro Histórico, a igreja, erguida no século 18, é a primeira catedral do estado, a primeira do interior brasileiro e a sexta do país, com o destaque único de conservar os traços originais. “Foi construída aqui para ser a sede, o centro, a igreja-mãe de nossa arquidiocese”, orgulha-se o arcebispo Metropolitano de Mariana, Dom Airton José dos Santos, que esteve à frente, com o pároco e reitor da Catedral da Sé, Geraldo Dias Buziani, das cerimônias religiosas de entrega do bem à Arquidiocese de Mariana pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
“É uma Catedral, a sede da igreja particular, onde está a cátedra do Bispo. Do ponto de vista espiritual, esse templo tem uma importância. Ele é simbolo da unidade da igreja diocesana, onde ela se reúne em torno de seu bispo e ali é a plena manifestação da igreja visível de Cristo. Então, tem uma grande importância na vida da Arquidiocese e na vida de cada marianense”, disse o pároco e reitor Geraldo Dias Buziani.
De acordo com Arthur Coelho, representante da Anima Conservação e Restauro e Arte, empresa responsável pela restauração, a obra passou por alterações e aditivos de trabalho não contemplados no projeto original. “Sendo assim, acrescentamos serviços relacionados ao forro, as capelas laterais, o que demandou um pouco mais do tempo estipulado. O tempo inicial era de 18 meses e acabamos quase quatro anos executando as obras. Isso contempla somente os elementos artísticos, que começamos a restaurar em 2019”, completou.
A Catedral da Sé também é conhecida por possuir o Órgão ARP Schnitger, construído na Alemanha na primeira década do séc. XVIII. O instrumento musical foi enviado de presente por D. José I à recém-criada Diocese de Mariana em 1748. O órgão também passou por restauro. “Tivemos um trabalho muito específico executado no órgão da catedral, com os anjos superiores e a própria caixa dele. O paravento merece um destaque especial, a parte inferior estava bem mais comprometida do que esperávamos”, explicou Coelho.
A restauração do templo religioso priorizou preservar os seus traços originais, conforme apontou o Reitor da Basílica Bom Jesus de Matosinhos e ex-pároco e reitor da Catedral de Mariana por quase treze anos, cônego Nedson Pereira de Assis. “O grande desafio foi o forro. Nós tínhamos toda uma pintura do final do séc. XIX, porém de cor muito mais clara. A pergunta que fazíamos era essa: remover toda a camada do séc. XIX e chegar a original? Eu disse para vermos como estava a pintura por baixo. Quando vimos que estava bem preservada, eu falei que não tinha outro jeito, vamos fazer (a remoção)”, contou.
O prefeito interino da Primaz de Minas, Ronaldo Bento, destacou que a reabertura da Catedral da Sé é um importante atrativo turístico para a cidade. “Mariana teve uma perda muito grande, por muitos anos, com o fechamento da Sé. A abertura da Catedral é um ganho para o turismo, dando condições para que as pessoas possam vir e usufruir de toda essa história. É uma igreja tricentenária que traz um acervo preservado, que aguça ao Brasil e ao mundo vir conhecê-la”, finalizou.
A primeira celebração religiosa na Catedral da Sé já tem data marcada. No dia 24 de dezembro, os fiéis, marianenses, turistas e visitantes poderão participar da Missa do Galo, para a igreja católica, véspera do nascimento do menino jesus.
Jornal O Liberal
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