sexta-feira, 10 de março de 2023

NO DIA INTERNACIONAL DA MULHER, ALUNAS DO CURSO DE MEDICINA DA UFOP DENUNCIAM ASSÉDIO E PEDEM EXONERAÇÃO DE PROFESSOR

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Ouro Preto

09 de março de 2023

Ao longo da semana, CALMED-MG realizou uma série de atos

Por Lucas Porfírio 

Ontem (08/03), Dia Internacional da Mulher, o Centro Acadêmico de Medicina da Universidade Federal de Ouro Preto (CALMED-MG) realizou uma manifestação no Campus do Morro do Cruzeiro, em Ouro Preto, para estimular denúncias sobre assédio sexual, levar informações às vítimas e conscientizar a sociedade sobre o crime. 

Carregando faixas, com a participação das baterias dopamina e martelada, alunas e alunos de medicina, além de apoiadores de outros cursos, saíram do Instituto de Ciências Exatas e Biológicas (ICEB) em direção ao Restaurante Universitário (RU). 

Dentre as diversas faixas, algumas chamavam atenção: “Professores são para a educação, não para passarem a mão”; “Não adianta mudar o curso, assédio sexual é cadeia”; “A UFOP não pode se calar diante de mulheres sendo violentadas”; “Não preciso de ponto extra, otário”; “15 anos de Assédio”, são alguns dos exemplos. 

As faixas em específico fazem referência a denúncias de assédio sexual envolvendo um professor de medicina da Instituição. Na semana passada, por meio de suas redes sociais, o CALMED-MG tornou pública as acusações contra o professor, que não teve seu nome divulgado, e pediu a sua exoneração. De acordo com o centro, este professor possui diversas acusações contra ele, desde o ano de 2009. 

Na nota, o CALMED-MG cobrou das instâncias responsáveis pelo processamento das denúncias celeridade no processo. “A cada dia que passa, é um dia a mais dos nossos alunos expostos a tal situação. Queremos afastamento preventivo imediato”, afirmou. 

Ainda, relatou que, infelizmente, sabem que esse não é um cenário apenas do curso de Medicina: “Nos solidarizamos com os alunos dos outros cursos que também passam por isso. Movimentem os seus CAs, AAAs e demais entidades e juntem-se a nós”.

Durante o ato, diversos balões com a palavra assédio, espalhados pelo chão, foram estourados pelas manifestantes. Também, outro momento que chamou atenção foi a leitura de um texto por uma aluna: “Conversando com outras, descubro que não sou a única sofrendo. Descubro que não sou a primeira, nem serei a última. Lutamos para ter o direito de estudar em uma universidade do estado. Mas esse direito é ameaçado com violência e ataques. E não vemos outra saída, senão a subida, aos amigos, professores e responsáveis. Universidade Federal de Outro Planeta? Só se de outro planeta for, para passar pano pra picareta. Muitas já passaram por aqui, injustiçadas, violentadas, muitas não foram capazes de permanecer, e é por essas que lutaremos até vencer. Não queremos conversa fiada, tentativas de silenciamento ou uma falsa punição, nós queremos exoneração”. 

As alunas ganharam o apoio de professoras e professores. “Hoje, dia 08 de março, a gente celebra o Dia Internacional da Mulher. Como mulher, professora e ex-aluna da UFOP, eu não posso deixar de prestar o meu total apoio as alunas, ao CALMED-MG pela manifestação contra o assédio sexual do professor. É extremamente importante que a gente exija a exoneração e fiquemos firmes para nos mantermos protegidas, protegermos as nossas alunas, as nossas colegas, as nossas amigas”, declarou a professora de ginecologia da UFOP, Marcella Trópia.

Em resposta ao jornal O Liberal, por meio de sua Assessoria de Comunicação, a Universidade Federal de Ouro Preto afirmou que no que diz respeito aos movimentos de sua comunidade, entende que a universidade é um espaço que precisa garantir a livre manifestação, como sempre fez.

Sobre as denúncias de assédio contra o professor, a instituição de ensino informou que “repudia qualquer ato de assédio e, por isso, seus canais competentes já estão trabalhando para que não tenhamos dúvidas sobre a questão. [...] Em casos desse tipo, é instalado o processo de apuração das acusações. Depois, uma comissão, de maioria feminina, ouve o acusado e as testemunhas, e a partir disso, a comissão produz um relatório final e ele será ratificado ou não pela Reitoria. Neste relatório, as penas estão na Lei 8112/90 que vão desde advertência, suspensão, até mesmo a exoneração”. 

Denúncias de assédio sexual e outras violências contra a mulher, ocorridas no âmbito da Universidade Federal de Ouro Preto, repúblicas federais e moradias estudantis, podem ser encaminhadas para a Ouvidoria Feminina. Elas devem ser realizadas através do número (31) 98866-7678 ou pelo e-mail ouv.femininaufop@gmail.com

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