Cientistas descobriram que danos no DNA e inflamação cerebral, anteriormente considerados prejudiciais, desempenham um papel crucial na formação de memórias de longo prazo. Essa descoberta desafia as crenças anteriores sobre os efeitos da inflamação e abre novos caminhos para o entendimento da memória. A pesquisa liderada por uma equipe na Faculdade de Medicina Albert Einstein e publicada na Nature, apresenta uma nova compreensão de como os neurônios no hipocampo respondem a diferentes tipos de informações.
Comentários do Dr. Fabiano de Abreu:
Segundo o Dr. Fabiano de Abreu, Pós PhD em Neurociências diretor do projeto Neurogenomic, esta descoberta é um marco significativo. "A inflamação em neurônios específicos do hipocampo, longe de ser prejudicial, é essencial para a formação de memórias duradouras. Isso muda fundamentalmente nossa compreensão da neuroinflamação e de seu papel na cognição e na memória."
Análise dos Resultados:
- Neurogênese e Inflamação: Estudos indicam que a neurogênese no hipocampo, crucial para memória e aprendizado, é afetada negativamente pela inflamação crônica (Chesnokova, Pechnick, & Wawrowsky, 2016). O Dr. Abreu aponta que "a inflamação modula a neurogênese, afetando tanto a formação quanto a recuperação de memórias. Neurônios do hipocampo, após exposição a diversas informações, exibem quebras no DNA e passam por adaptações moleculares. Esse processo envolve a ativação da via TLR9, essencial para a reparação do DNA, ciliogênese e construção de redes perineuronais."
- Implicações e Desafios Futuros: Este achado desafia nosso entendimento tradicional e abre caminho para abordagens terapêuticas que reconhecem a dualidade da inflamação cerebral - potencialmente prejudicial, mas também essencial para funções críticas como a formação de memória. O equilíbrio entre a resposta inflamatória e a integridade genômica parece ser um fator chave para a saúde neurocognitiva e pode representar um novo alvo para a prevenção e tratamento de distúrbios cognitivos.
- Implicações Clínicas: O Dr. Abreu enfatiza a importância da modulação cuidadosa da inflamação no cérebro. "Tratamentos que visam a inflamação no hipocampo devem considerar seu papel duplo, tanto potencialmente prejudicial quanto benéfico, dependendo do contexto."
Esta pesquisa revoluciona nossa compreensão sobre a memória, sugerindo que processos considerados prejudiciais podem ter funções vitais e benéficas no cérebro. "Precisamos reavaliar como abordamos o tratamento de distúrbios neurológicos, especialmente no contexto do envelhecimento e da neurodegeneração," conclui o Dr. Abreu.
Referências
- Descoberta: https://www.nature.com/articles/s41586-024-07220-7
- Davies et al. (2011) exploram a relação entre inflamação, dano oxidativo e déficits de memória em modelos de doença de Alzheimer [Davies et al., Journal of Alzheimer's disease :
- A pesquisa de Mu e Gage (2011) discute o papel da neurogênese no hipocampo e seu impacto na doença de Alzheimer https://molecularneurodegeneration.biomedcentral.com/articles/10.1186/1750-1326-6-85
Jennifer de Paula
Suporte e clipagem | MF Press Global
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