Experiência? Eles tinham de sobra. Títulos em Copas do Mundo? Como treinadores, um para cada um. Pelo currículo de ambos, Luiz Felipe Scolari e Carlos Alberto Parreira tinham credenciais à altura para, como técnico e coordenador, comandarem o Brasil rumo à conquista do hexa, em casa. Mas o desfecho foi um pesadelo que marcou a carreira da dupla. Depois do 7 a 1, Felipão e Parreira nunca foram os mesmos.
De "os campeões chegaram hoje", proferido na Granja Comary, para o "apagão de cinco minutos" do Mineirazo, muita coisa deu errado. Sob a batuta deles, o favorito Brasil sucumbiu da forma mais cruel, mesmo tendo feito uma rota sólida desde o primeiro jogo da dobradinha - tendo no caminho a incontestável conquista da Copa das Confederações - até a estreia na Arena Corinthians, contra a Croácia. O Brasil deixou de convencer, avançou sem empolgar e foi trucidado pelos alemães.
Parreira foi quem teve a vida profissional mais impactada. Afinal, largou o futebol depois do vexame na Copa-2014. Estudioso do futebol, seis participações em mundiais como treinador e porta-voz da controversa carta enviada por Dona Lúcia, Antônio Carlos (como o chamava, por engano, o ex-presidente José Maria Marin), ou melhor, Carlos Alberto resolveu cuidar dos negócios pessoais no último ano. Nada de vestiário, concentrações e preleção. Nem o Footecon, congresso de técnicos que ele organizava, resistiu.
As aparições ficaram restritas a raras entrevistas e eventos sociais (ele esteve, por exemplo, no lançamento do livro do médico José Luiz Runco, em outubro, e no jantar do Instituto Bola Pra Frente, segunda-feira passada). Na mais recente, no Maracanã, ele avaliou o que viu de diferença no futebol brasileiro de um ano para cá.
- Dos que jogaram a Copa, só tinham três (titulares na Copa América). Mudou bastante, em termos de nomes. Mas, em termos de estrutura, é preciso melhorar. Calendário, formação de jogadores também têm que melhorar, além do trabalho com a Seleção Brasileira - sentenciou o agora ex-treinador.
Na coletiva pós-vexame, Felipão apresentou números para mostrar que sua 'gestão' foi boa (Foto: Ricardo Stuckert/CBF)
Felipão adotou uma estratégia diferente. A carreira seguiu. E com uma rapidez inesperada: 21 dias depois do 7 a 1, o retorno para uma das casas que ele mais se identifica: o Grêmio. Um precisava do outro. A passagem pelo Tricolor gaúcho durou até maio deste ano. E Felipão resolveu embarcar para uma experiência em um mercado emergente, do outro lado do mundo: a China.
Scolari substituiu Fabio Cannavaro no Guanghzou Evergrande. Lá, encontrou brasileiros e levou mais um: Paulinho, que foi seu titular em parte da campanha na Copa para o riente, Felipão ainda levou dois integrantes da comissão técnica da Seleção: o auxiliar Flavio Murtosa e o treinador de goleiros Carlos Pracidelli.
Mas qual a efetiva participação da dupla no vexame? Parreira atuava mais como um conselheiro, não mais que Murtosa, mas ainda sim com liberdade para colocar para fora qualquer ponto de vista. Na hora "H", fechou com o pensamento ufanista de que o time seria campeão impreterivelmente. Felipão, depois de uma campanha sem conseguir fazer o Brasil encantar,teve no jogo contra a Alemanha o fundo do poço. No últino treino na Granja Comary prévio à semifinal, ficou mais preocupado em esconder o time da imprensa em vez de treinar a formação sem Neymar. Deu no que deu. O 7 a 1 ainda incmoda Scolari. O assunto é evitado. Mas por mais que não queira falar sobre o maior vexame do futebol brasileiro, a marca é indelével. Uma mancha eterna.
Lance!Net
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