Por: Ana Lívia Segatti
Nascida em Porto Alegre, Cristiane Dias - ou apenas Cris - é, sem dúvidas, um dos maiores nomes do jornalismo esportivo brasileiro, mas não pense que seu amor pelo assunto foi aflorado repentinamente. Hoje ela assume o cargo de Membro Consultora da Comissão da Mulher e o concilia com os mais de 10 anos de uma carreira consolidada - que deram vida à sua forte influência e que foram consequência de, além de muito trabalho e competência, a adoração por esportes que traz consigo desde criança.
Antes de se encontrar verdadeiramente no jornalismo esportivo, Cris Dias percorreu uma longa caminhada por inúmeras áreas - algumas um pouco diferentes, como economia e assessoria de imprensa. Dando início à sua jornada na televisão, ela começou na TVE, em 2004, onde falava especificamente sobre esportes radicais. Dois anos depois ingressou na Rede Globo, ao lado de Luís Ernesto Lacombe e Luciana Ávila, no Esporte Espetacular, em seguida Globo Esporte e Bom dia Brasil. Permaneceu na emissora até 2019, quando encerrou esse marcante ciclo e entrou para o time da CNN Brasil. Em agosto do ano seguinte, ela anunciou sua mudança de atuação dentro da própria CNN, alegando seu desejo de viver de acordo com seus ideais e que meses em casa devido a pandemia a fizeram repensar em seu estilo de vida.
Embarcando em um novo projeto com a família, ela, seu companheiro Caio Paduan e seu filho Gabriel entraram em uma jornada de "Nômades digitais" e estão há meses na estrada trabalhando em projetos conjuntos e individuais. Porém, não pense que ela se limita a sua área de especialidade e que seu novo estilo de vida a atrapalhou em novos planos.
Como uma pessoa pública, Cris Dias sempre usou sua voz e sua visibilidade para lidar e debater assuntos importantes e pautas indispensáveis da sociedade. Recentemente, como afiliada à Associação Brasileira dos Advogados, se tornou Membro Consultora da Comissão da Mulher e atuará em combate a violência contra a mulher. Hoje ela usa suas experiências para construir histórias ainda mais incríveis e compartilha conosco como tem sido um pouco de seu dia a dia. Confira!
Em 2021 você se tornou membro consultora da Comissão da Mulher. Qual é a sensação de deixar um cargo que você atua há mais de 15 anos e migrar para uma área completamente diferente?
''Na verdade, é uma função que desenvolvo em paralelo com a de apresentadora/ jornalista, e como membro da comissão da mulher da Associação brasileira dos advogados/ RJ, que já tem um trabalho social importantíssimo; o combate à violência contra a mulher, com toda a sua dinâmica complexa e estrutural, vamos desenvolver um canal de informação e debates com convidados especiais e plurais, além das advogadas, psicólogas e jornalistas, sobre o tema.''
Quais são seus verdadeiros objetivos no cargo? Já tem algo idealizado?
''Vamos tocar a parte audiovisual do canal do YouTube da comissão da mulher, trazendo informações e esclarecimentos sobre os conceitos que envolvem o assunto, como machismo estrutural, femismo, feminismo, e como, através do conhecimento e do diálogo, podemos chegar a uma sociedade com mais equidade de gênero.''
Como você acredita que pode fazer a diferença atuando em uma área tão importante e necessária? Acredita que suas ideias e opiniões mudarão de alguma forma ao trabalhar nessa área?
''Acredito que posso, como comunicadora, ampliar o alcance das informações essenciais que a comissão da mulher já transmite em suas mídias sociais, com a credibilidade que a causa merece. A comissão é formada em sua maioria por advogadas, além de uma psicóloga, e ter especialistas é o mínimo que podemos fazer para trazer o engajamento e a seriedade que a causa pede. O feminicldio aumentou 50% durante a pandemia. Isso é alarmante. Além do que, o caminho audiovisual na era digital é inevitável. Quanto mais acesso a sociedade tiver a esse tipo de informação, mais chances temos de mudar algo de forma estrutural.''
Como você se sente tendo a responsabilidade e visibilidade de atuar como membro consultora da Comissão da Mulher?
''Me sinto honrada e também com uma responsabilidade gigante, pois o tema é complexo e pede cuidado e delicadeza na abordagem.''
Em um comunicado no ano passado você falou sobre a necessidade de se reinventar e que seu sonho como jornalista esportiva já foi realizado. Além da satisfação com uma carreira consolidada, hoje em dia o que faz com que seus olhos brilhem de verdade?
''Sim, com relação aos 15 anos de hard news, em todos os esportivos possíveis, nas melhores emissoras do país, com viagens e experiências inimagináveis, ídolos que viraram amigos, considero que realizei o sonho que tinha aos 20 e poucos, quando me formei, de ser uma jornalista esportiva de destaque. Admito, inclusive, que foi muito além daqueles sonhos de recém formada, eu nem tinha tanta pretensão. Fui muito feliz e trabalhei muito! E agora tô numa fase de curtir mais meu filho pré adolescente, a família, os amigos, desenvolver projetos mais autorais que tenham mais a ver com a Cris que me tornei ao longo do tempo. Alguém que ama a natureza, que tem uma real preocupação com o planeta e com os rumos que estamos tomando. Descobri que viver mais desprendida da sociedade de consumo me faz bem, e tenho tocado projetos que tem a ver com isso, agora com mais tempo e liberdade pra viver mais perto das pessoas que amo e desbravando o mundo - o que eu mais gosto de fazer. Sempre com esporte no meio pq não dá pra ficar sem.''
Como está sendo conciliar a comissão da mulher com esse novo projeto pessoal de viagens pelo mundo?
''Em tempos de pandemia, tudo virou remoto. E nesse sentido é maravilhoso, porque posso tocar minhas coisas de onde estiver, inclusive o trabalho com a comissão.''
Já tem algum plano futuro em mente? Algo que queira fazer em alguns anos? Algo que idealizou desde o começo da carreira e que ainda não conseguiu realizar?
''Tenho alguns projetos pro audiovisual mas é segredo [rsrs] Mas o que queria mesmo já estou vivendo. Estamos livres rodando o mundo em família, por lugares que amamos e outros tantos a vivenciar, compramos uma van casa, a VANda, para tornar tudo mais confortável, prático e ainda mais livre, algo que pensei que só poderia fazer mais velha. Então só tenho a agradecer, ao longo desses anos desenvolvi a disciplina que hoje é essencial pra viver um estilo de vida nômade digital. Tá tudo exatamente como eu gostaria que estivesse. Até além, mais uma vez! E diante do mundo que vivemos, só posso agradecer, seguir tentando evoluir e de alguma forma tentar ser útil para a transformação da nossa sociedade, que inspira mudanças emergenciais para que possamos viver com mais amor e paz. Juntos e misturados. De verdade.''
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