Casos internacionais ganham enorme repercussão da mídia e todo o apoio do seu país de origem para seu desenvolvimento, já em casos brasileiros similares nenhuma medida é tomada
Recentemente, o caso de uma menina estadunidense de 13 anos, Alena Analeigh Wicker, que foi aceita no programa de Faculdade de Medicina no Alabama apenas um ano após terminar o ensino médio, teve grande repercussão na Internet.
Apesar de o caso de Alena ser um ótimo exemplo de criança com superdotação, é curioso perceber o quanto casos como esses ocorridos em outros países não chamam tanto a atenção da população, muito menos recebem apoio do poder público, quando ocorridos no Brasil.
Há poucos meses do caso da garota americana, um estudante brasileiro também de 13 anos, Caio Temponi, foi aprovado no vestibular da Universidade de Fortaleza (Unifor), além de ter sido medalha de ouro na 28º Olimpíada Internacional de Matemática com ampla margem dos concorrentes e também ter sido aprovado anteriormente no vestibular de administração na Universidade Estadual do Ceará (UECE).
No entanto, apesar de tantas aprovações e feitos acadêmicos, Caio enfrentaria uma batalha judicial caso optasse por assumir as vagas mesmo após ter avançado para o último ano do Ensino Médio a pedido da família seria necessário recorrer judicialmente para que sua matrícula na universidade fosse feita.
Recentemente, Caio também foi aprovado no vestibular da AFA - Academia da Força Aérea - um dos maiores vestibulares militares do Brasil, com 13 anos, mas, novamente, não poderia ingressar na academia por não ter a idade mínima de 18 anos exigida.
Diferente do caso de Alena, que ingressou no programa “Burroughs Wellcome Scholars Early Assurance", especialmente voltado para a aceitação de forma antecipada de alunos superdotados em universidades tendo como critério o atendimento aos pré-requisitos de aceitação e matrícula, não somente a conclusão do Ensino Médio.
Já no Brasil, mesmo após ser aprovado em 1º lugar no vestibular da EPCAR com apenas 12 anos, o mais jovem da história, não pôde assumir devido à idade ser inferior à necessária para tomar posse da vaga.
“Eu entrei na justiça para fazer o pedido que o Caio pudesse fazer a prova [Colégio Naval] e o pedido foi analisado por várias instâncias mas foi negado com a justificativa do juiz de que caso fosse aprovado e aceito ele estaria tirando a oportunidade de outra pessoa, sem levar em conta o mérito dele em obter a vaga” Conta a mãe de Caio, Laurismara Temponi sobre as dificuldades do sistema brasileiro para crianças superdotadas.
“Depois que todas as dificuldades que enfrentamos para que o Caio pudesse se desenvolver e ser aprovado e aceito nas universidades estamos pensando em levá-lo para uma universidade internacional pois o Brasil infelizmente não valoriza crianças com altas habilidades” Conclui.
A negligência das leis brasileiras em relação às crianças superdotadas reflete diretamente no seu desenvolvimento, impedindo seu avanço e “segurando-as” em séries inferiores às suas capacidades apenas para seguir um regulamento ignorando as necessidades dessas crianças, o que faz com que o país perca esses talentos nacionais que precisam optar por ter sua vida acadêmica fora do Brasil para fugir das burocracias intermináveis dos processos acadêmicos brasileiros.
Caio vem sendo acompanhado pelo PhD em neurociências Dr. Fabiano de Abreu Agrela, que é membro de sociedades de alto QI e está tentando ajudar a adiantar os seus estudos assim como já conseguiu bolsa no exterior.
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