Não basta ter técnica com a bola nos pés para ser o melhor do time. Treinador mental de grandes nomes do esporte, Lincoln Nunes mostra como a performance e a inteligência fazem toda a diferença.
É inevitável nas resenhas esportivas não deixar de citar os melhores jogadores de futebol de todos os tempos. Nessas conversas, inevitavelmente o nome de Romário, por exemplo, é sempre pauta. Afinal, junto ao nome, vem também toda a habilidade e confiança que esse jogador tinha no seu potencial.
O que alguns podem enxergar como arrogância, ou até marra, é visto atualmente pela ciência do esporte como um alto nível de clareza de objetivos e de inteligência emocional, revela o treinador mental, Lincoln Nunes.
Para quem não se lembra, no ano de 1993, meses antes de o Brasil embarcar para os Estados Unidos, país sede da Copa de 1994, a Seleção Brasileira de Futebol se via em um momento complicado em busca da classificação para a competição. Na última rodada, uma vitória em cima do Uruguai era necessária, e o atacante fez uma de suas atuações memoráveis, marcando duas vezes e garantindo a vaga em mais uma copa.
Ainda hoje, 27 anos depois daquela partida, muito ainda se questiona a maneira como Romário e diversos outros jogadores de futebol conseguem lidar com a pressão da imprensa, torcida e das situações adversas. Por que alguns jogadores em momentos de decisão não conseguem performar em alto nível e acabam falhando? Lincoln Nunes explica essa questão.
“Para começarmos a entender essa diferença de resultados, precisamos antes compreender performance e inteligência. Performance é a capacidade de colocar em prática com eficácia a habilidade que se tem treinado. Jogadores de futebol, como sabemos, têm uma rotina ocupada com treinos físicos, testes médicos, rodadas táticas e exercícios com e sem a bola rolando. É visível que jogadores nas mais diversas posições apresentem níveis diferentes de habilidade e intimidade com a bola”, detalha o treinador.
Já a inteligência pode ser definida como a eficácia com a qual conectamos nossas ideias. “Ela é responsável pelas jogadas criativas que vemos acontecer durante as partidas. Boa parte do sucesso de uma jogada ensaiada depende disso. Tanto no ataque como na defesa. Por exemplo, Ronaldinho Gaúcho ficou famoso pelo seu talento incrível e pela sua sagacidade. Quem consegue esquecer suas inovadoras cobranças de falta rasteiras, que antecipavam o pulo da barreira e faziam a bola morrer no fundo das redes com classe? Como resultado disso, vimos também surgir um movimento de jogadores que começaram a deitar-se atrás da barreira e evitar que isso ocorresse. Ação e reação. Longe de definirmos isso como um efeito físico acidental. Esse é o padrão que os melhores atletas desenvolvem”, observa Lincoln.
Cristiano Ronaldo, Lionel Messi, e os grandes nomes dos gramados são exemplos de sucesso da combinação entre inteligência emocional e alta performance. “E essa ligação se multiplica à medida que esta área do conhecimento é agregada para dentro do futebol. O desafio agora é produzir esta cultura na esfera do esporte e qualificar os atletas ainda mais. Esse é um trabalho que o treinador mental executa com maestria e a cada dia este profissional se coloca lado a lado com outros gigantes da preparação de atletas”, completa Lincoln Nunes.
“E apesar de citarmos sempre os fora de série como exemplo, a mentalidade no esporte não é permeada por fórmulas mágicas, e nem exclusiva aos grandes esportistas. É lógico que não é do dia para a noite que o jogador da várzea se tornará o The Best do ano. Porém, sem excessões, da série D à série A, todos os atletas sofrem com pressão, claro que, com intensidades difusas. No entanto, quando a mentalidade entra em jogo todos nos recordamos que no fim somos todos humanos, sujeitos às adversidades em todos os âmbitos da vida. Ou seja, o treinador, justamente, te auxilia no equilíbrio disso tudo. Nem tudo gira ao entorno da mente, mas ela comanda todas as nossas decisões”, concluiu o preparador mental.
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