sábado, 27 de maio de 2023

Neurocientista e neuropsicólogo Fabiano de Abreu Agrela reflete sobre o caso de racismo contra Vinicius Junior na Espanha

O racismo é uma triste realidade que ainda persiste em diferentes partes do mundo, inclusive no universo do futebol. Recentemente, o jogador brasileiro Vinicius Junior, do Real Madrid, foi vítima de atos racistas durante uma partida na Espanha. Diante desse lamentável episódio, buscamos a perspectiva de Fabiano de Abreu Agrela, renomado pós PhD em Neurociências e neuropsicólogo, especializado em comportamento, para entender as possíveis repercussões desse tipo de ocorrência.


O neurocientista destaca que esse tipo de comportamento está relacionado à necessidade de chamar atenção natural dos seres humanos, que muitas vezes está ligada à solidão e à busca por uma liberação de dopamina no organismo. “Há uma tendência atual na personalidade de algumas pessoas em buscar atenção, mesmo que de forma negativa. Essa busca por destaque e visibilidade está de acordo com o comportamento e sintomas de transtornos de personalidade dramática, como o narcisismo histriônico. Um exemplo disso são alguns artistas e influencers que, de maneira negativa, conseguem chamar a atenção e conquistar mais seguidores, servindo até mesmo como exemplo para outros indivíduos. Essa busca desenfreada por atenção pode ter consequências negativas e contribuir para a propagação de comportamentos preconceituosos e discriminatórios”, explica.


Em sua perspectiva, Fabiano argumenta que na era das redes sociais, em que as pessoas vivem imersas, a solidão e a necessidade de aparecer são cada vez mais comuns. Ele acredita que falar repetidamente sobre racismo sem filtro, pode acabar incentivando a busca por atenção dessas pessoas, já que é um tema que gera repercussão. No caso de Vinícius Júnior, ele destaca que o jogador está mostrando ser um dos melhores do mundo, e seus adversários utilizam o racismo como uma forma de atacá-lo, especialmente por não conseguirem superá-lo e sua equipe, o Real Madrid, historicamente. Agrela ressalta que a propagação desse comportamento acaba sendo incentivada, principalmente pelo fato de que as leis contra o racismo na Europa ainda não estão totalmente estabelecidas. 


Para Fabiano, enfatizar frequentemente o tema do preconceito sem cuidado com o que divulgamos, pode despertar a atenção das mentes perversas, que passam a enxergar diferenças onde elas não existem. “O ser humano é plural em sua essência, e não existem formas ou fórmulas nas quais todos se encaixem ou sejam contidos. O estereótipo pode ser a origem de muitos preconceitos, e é fundamental relativizar a pessoa e seu contexto, evitando negações e projeções”, ressalta.


O especialista destaca que, muitas vezes, ficamos presos somente ao discurso politicamente correto, mas nos falta ação concreta. “Utilizar o discurso para criticar, julgar e condenar o outro não nos eleva a um lugar melhor dentro de nós mesmos. A palavra tem força política e movimenta a sociedade, mas são as ações reais, por meio de modificações positivas, que trazem melhorias tanto para aqueles que sofrem quanto para aqueles que perpetuam a dor do outro. Se cada indivíduo se importar com o coletivo e agir em sua vida privada em prol da vida coletiva, poderemos construir um mundo efetivamente melhor para se viver”, explica Agrela.


O Dr. acredita que é fundamental promover uma mudança de foco. “Em vez de enfatizar somente sempre o preconceito, é preciso ressaltar as qualidades e o talento do atleta, destacando sua história de vida e suas conquistas no mundo do futebol. Assim pode-se evitar reforçar estereótipos negativos e direcionar a atenção para a capacidade e a excelência de Vinicius como jogador”, conclui.


Diante das reflexões de Fabiano de Abreu Agrela, é evidente que a luta contra o racismo exige não apenas a denúncia e o combate direto aos atos discriminatórios, mas também uma mudança de perspectiva que valorize as qualidades individuais, promovendo a igualdade e o respeito em todas as esferas da vida. Somente assim poderemos avançar em direção a uma sociedade mais justa e inclusiva, onde cada indivíduo seja livre para expressar seu talento e brilhar, independentemente de sua origem ou cor de pele.


Sobre Dr. Fabiano de Abreu Agrela

Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, é um Pós-doutor e PhD em neurociências eleito membro da Sigma Xi, The Scientific Research Honor Society e Membro da Society for Neuroscience (USA) e da APA - American Philosophical Association, Mestre em Psicologia, Licenciado em Biologia e História; também Tecnólogo em Antropologia e filosofia com várias formações nacionais e internacionais em Neurociências e Neuropsicologia. Pesquisador e especialista em Nutrigenética e genômica. É diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), Cientista no Hospital Universitário Martin Dockweiler, Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Membro ativo da Redilat, membro-sócio da APBE - Associação Portuguesa de Biologia Evolutiva e da SPCE - Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação. Membro das sociedades de alto QI Mensa, Intertel e Triple Nine Society. Autor de mais de 200 artigos científicos, 50 estudos publicados sobre inteligência e 15 livros.

Assistente de Assessoria

Adriana

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