domingo, 24 de dezembro de 2023

Jardim da Infância Chapeuzinho Vermelho da Dona Dulce Zanetti



"Jardim da Dona Dulce", como era conhecido.
Meu primeiro diploma, muito importante.
Dona Dulce sempre muito atenciosa, tinha muito carinho com os alunos, por isto tenho grandes recordações desta época.
Dona Dulce é dessas pessoas especiais que aparecem em nossas vidas e ficam para sempre.
Ela nos ensinou a perceber a família, os amigos, os professores. Nos ensinou a descobrir o outro, por isto ela é especial.
Quando a pessoa é do bem, tende sempre a comunicar-se!
Juntamente com seu marido professor Egídio Zanetti, marcaram época em São Domingos do Prata.
Contribuiram e muito para melhoria da educação em nossa cidade.
Fui também aluno no "Colégio Estadual Marques Afonso" do professor Egídio, que lecionava matemática.
De formação profissional na área da economia, senhor Egídio era um exímio professor de matemática.
Me sinto orgulhoso de ter sido seu aluno.
Além de professor senhor Egídio era uma grande figura humana, muito estimado por todos.
Lembro-me quando ele ia ler os resultados das provas e algum aluno não alcançava nota, brincava com o aluno, falava; Vou te mandar para a Sibéria.
Quando professor Egídio Zanetti mudou com a familia para Belo Horizonte para que os filhos pudessem fazer faculdade, meu Pai disse uma frase que não esqueço:
O Prata perdeu um grande colaborador e parceiro da educação.

Cristóvão Martins Torres

Em 7 de Setembro, desfile do Jardim de Infância da Dona Dulce

A Professora Ana Maria

Frequentemente, quando estou lendo um livro, faço uma pausa, recuo no tempo e recordo-me da Professora Ana Maria.
Seus ensinamentos iam muito além da matéria que lecionava; ela sempre nos falava da importância da leitura.
Ela ensinou a mim e a muitos que sem estudo não se avança na vida. Ana Maria tinha a mesma convicção de uma boa pregadora do Evangelho. E de sua pregação pode-se dizer aquilo que se diz sobre o Evangelho: aquele que acreditar em mim encontrará a salvação. 
Além de lecionar a Língua Portuguesa com brilhantismo, ela sempre nos falava da importância da família e da escola em nossas vidas. Ela também reforçava a importância do comportamento educado e cordial. 
Uma frase que não esqueço e que gostava de nos dizer; "suas crenças não fazem de vocês uma pessoa melhor, mas as suas atitudes, com certeza, fazem".
Mas mais que falar, ela nos ensinava Português e bons modos através do exemplo e da prática. Recordo-me de duas situações concretas. A fim de incutir em seus alunos a prática da leitura ela determinava que lêssemos um livro, no fim de semana, que ela interpretava e comentava junto aos alunos na semana seguinte. Isso fez que muitos de seus alunos passassem a adotar o hábito da leitura. E a fim de dar o exemplo de como as pessoas devem tratar as outras com cordialidade, mesmo em situações estressantes, quando os alunos faziam aquela bagunça ela não perdia a calma e educação, chamando nossa atenção sem nunca gritar conosco.
Ana Maria foi, portanto, uma professora que estava muito à frente de seu tempo.
Sou muito orgulhoso e eternamente grato por ter sido seu aluno.
Muitos de seus ensinamentos me acompanham até hoje!
Quando fui seu aluno eu era ainda garoto; algumas vezes eu e meus colegas demos a ela algum trabalho, por causa de nossas bagunças. Mas ela entendia isso, pois, como educadora sensível que era, sabia que uma certa indisciplina faz parte do comportamento infanto-juvenil. De todo modo, não posso deixar de pedir desculpas à minha estimada Professora Ana Maria pelos transtornos, que juntamente com meus colegas, às vezes lhe causávamos em sala de aula.
P.S: Você sabia que uma das profissões mais antigas que existem é a de professor? Pois é, o filósofo grego Sócrates era professor de Platão. E isso foi há pelo menos 25 séculos.
A origem do Dia do Professor se deve ao fato de, na data de 15 de outubro de 1827, o imperador Dom Pedro I ter instituído um decreto que criou o Ensino Elementar no Brasil, com a instituição das escolas de primeiras letras em todos os vilarejos e cidades do país. Além disso, o decreto estabeleceu a regulamentação dos conteúdos a serem ministrados e as condições trabalhistas dos professores. Tempos depois, mais precisamente no ano de 1947, o professor paulista Salomão Becker, em conjunto com três outros profissionais da área, teve a ideia de criar nessa data um dia de confraternização em homenagem aos professores e também em razão da necessidade de uma pausa no segundo semestre, até então muito sobrecarregado de aulas.

Mais tarde, em 1963, a data foi oficializada pelo decreto federal nº 52.682, que, em seu art. 3º, diz que “para comemorar condignamente o dia do professor, os estabelecimentos de ensino farão promover solenidades, em que se enalteça a função do mestre na sociedade moderna, fazendo delas participar os alunos e as famílias”. O responsável por aprovar esse decreto foi o presidente João Goulart.


Cristóvão Martins Torres

A escola do Amor

Aprendi com meu pai, desde cedo, a perceber que na intimidade do cotidiano e da sociedade é que se desenrola a busca de um futuro melhor.
Que a sociedade é cercada de fatos políticos, econômicos, sociais, religiosos e educacionais.
Que no seio da família, a criança recebe tarefas simples, compatíveis com sua idade, onde ela aprende a alcançar resultados, principalmente, durante a infância onde estão sempre abertas a aprenderem.
É aí que começam a aprender seus direitos e deveres, e a desenvolver a autodisciplina.
Criado na escola do amor, do dever e da responsabilidade, ela absorve as crenças e valores, indispensáveis para uma vida adulta.
Se bem criada, teve berço, na fase adulta está assegurada a sua sobrevivência.
Uma vez construída a base da sobrevivência, pode pensar na construção do conhecimento.
Acreditava que a base de todo processo da vida, passa pela família e pela educação, sendo a instrução um ato de educação, doação e amor.
Que a sociedade oferece inúmeras oportunidades para o jovem que recebeu a educação certa.
Quando ele atinge a vida adulta, a fase produtiva, esta preparado para trabalhar com disciplina.
Num mundo que perdeu a estabilidade, a capacidade de pensar, parece ser a ferramenta certa que permite a comunicação com o futuro e a sobrevivência.
O recado tá dado meu pai, espero que não seja em vão, ou será que precisam escutar a sua voz.

Cristóvão Martins Torres

Como meu pai enfrentou a velhice

Desse homem conheço numerosos fatos notáveis, mas nada é mais digno de admiração do que a maneira como enfrentou a velhice.
Todas as pessoas desejam viver muito, mas, quando ficam velhas, algumas se lamentam muito.
Certa ocasião, perguntei a meu pai se desejava viver muito tempo, ele respondeu:

  • nada tenho a reprovar em relação à velhice, os frutos dela são todas as lembranças que adquiri do passado;
  • os velhos não devem se apegar, nem renunciar ao pouco de vida que lhe resta, porque ninguém é bastante velho para não viver vários anos a mais;
  • saber distribuir o tempo é saber aproveitá-lo;
  • as pessoas agradáveis suportam facilmente a velhice; o temperamento e a beleza estão em todas as idades;
  • toda idade tem seu prazer e sua virtude. Não é a força nem a agilidade que marcam as grandes façanhas de um homem. O que importa é a maneira de pensar, a sabedoria, a humildade, o discernimento, a honestidade, a bondade e a verdade;

Portanto, meu Pai acreditava ser o ser humano a origem e o fim de todas as coisas na sociedade. Ele entendia que as pessoas, através do estudo e trabalho, buscam a sobrevivência e o crescimento da espécie.
Gostava de dizer: velho sim, velhaco jamais.
Enfatizava que chegou àquela idade tendo permanecido ativo, trabalhado sem descanso desde novo, sobretudo porque tinha perdído seus pais muito cedo, criado sua familia, participado do processo da construção do Colégio Marques Afonso e cultivado o caminho do bem.

A construção do Colégio foi uma boa lembrança que carregava consigo. Sentia que ela tinha propiciado às pessoas, desde o mais humilde ao mais abastado, sentarem-se lado a lado e terem as mesmas oportunidades na vida.
Seu grande sonho e desafio foi diminuir as desigualdades através da educação. Acreditava que não há limites para os sonhos e não importa o tamanho do seu sonho, o importante é acreditar.
Ele dizia que a razão que o motivou a lutar pelo colégio naquela época foi ter observado que muitos pais não tinham condições financeiras de manterem seus filhos estudando fora do prata.
Sua alegria foi muito grande ao perceber que, depois de construído, dentre os primeiros alunos matriculados no colégio havia não só pessoas do Prata, mas também de cidades vizinhas.
Fazia questão de ressaltar que tinha aprendido com sua esposa Auxiliadora, minha mãe, que o que fazemos de graça recebemos em graça.
Meu pai exerceu seu ofício(odontólogo) com profissionalismo, dedicação, amor e respeito aos clientes. 

As lembranças das coisas boas que realizou o confortaram muito na velhice. Dizia que seus cabelos brancos e suas rugas eram a recompensa de um passado exemplar que teve e concluía afirmando:
"assim como o bom vinho, as boas ações que praticamos no passado não azedam com o passar do tempo; Deus nos fornece, aqui na terra, um hotel provisório e não um domicilio definitivo".

Essas são as lembranças que tenho do meu Pai, Benjamim Torres. Guardo com muito carinho a imagem de um homem bom que se sentia muito bem em fazer o bem, que lutou muito para o bem da coletividade, que nos deixou muito orgulhosos com seus gestos, e soube envelhecer com sabedoria, embora tenha partido, continua vivo em meu coração.

Cristóvão Martins Torres

O Amor foi muito forte e mudou seus planos

Reza a lenda de família que Benjamim Torres, após um estágio como dentista em Ponte Nova, decidiu desempenhar sua profissão, para o qual havia estudado, na região do Vale do Aço.
Era uma área próspera, o que seria benéfico ao seu desenvolvimento profissional.
Ele não podia imaginar, no entanto, que sua história estava prestes a mudar; a caminho do Vale do Aço, passando por Nova Era, Benjamim foi surpreendido por uma tempestade, na estrada que levava a fazenda da vargem.
A tempestade foi tão intensa e forte, que acabou levando a ponte de madeira que servia de passagem, impedindo a viagem, pelo menos, temporariamente.
Ele foi até a sede da fazenda da vargem, onde foi recebido por Tineco, dono da fazenda, pediu a ele se poderia passar a noite na sede, já que não tinha como seguir viagem, seguir com seus planos.
O fazendeiro aceitou com bom gosto, e, durante a hospedagem, Benjamim acabou conhecendo a filha do fazendeiro, Maria Auxiliadora.
Benjamim, então, mudou seus planos.
Resolveu se casar e formar família com Maria Auxiliadora, desistindo dos planos de ir para o Vale do Aço..
Resolveu se estabelecer em uma cidade próxima, onde abriu um consultório de dentista.
Profissional dedicado, o pedido de casamento foi aceito prontamente por Tineco.
Foram morar no Prata, formaram família e realizaram seus sonhos.
No Prata viveram por cinquenta anos, tiveram cinco filhos e foram felizes juntos.

Cristóvão Martins Torres

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