Em uma análise profunda sobre o declínio dos escores de inteligência em escala global, o Dr. Fabiano de Abreu Agrela, pós-doutor em Neurociências e especialista em genômica, traz novas perspectivas sobre o chamado Efeito Anti-Flynn. Em entrevista exclusiva, o Dr. Agrela, que é diretor do Projeto GIP, RG TEA, Gifted debate e Neurogenomic, e membro da Society for Neuroscience nos Estados Unidos, discute os fatores subjacentes que podem estar influenciando essa tendência.
"O Efeito Flynn originalmente descrevia um aumento quase universal nos quocientes de inteligência, mediados, hipoteticamente, por uma série de modificadores ambientais, como melhoria na nutrição e metodologias educacionais", explica Dr. Agrela. "Contudo, a recente inversão desta tendência, o Efeito Anti-Flynn, sugere complexas interações entre determinantes genéticos e ambientais que estão provocando uma diminuição nos escores de QI."
Referindo-se ao estudo de Bal-Sezerel et al. (2023), o especialista aponta a pandemia de COVID-19 como um catalisador significativo para essa queda. "Os dados apontam para uma redução notável na capacidade cognitiva das crianças, especialmente intensificada durante os anos de 2020 a 2021, período marcado por intensos desafios psicossociais e interrupções educacionais."
Dr. Agrela enfatiza a importância de se considerar as variáveis neurogenômicas na interpretação dessas mudanças. "Análises genométricas avançadas podem nos oferecer compreensão sobre predisposições hereditárias que, quando interagidas com fatores ambientais específicos, resultam em fenótipos cognitivos distintos. Essa abordagem é vital para desvendar as raízes do Efeito Anti-Flynn", destaca.
O neurocientista também ressalta a discrepância de gênero observada no estudo, que indicou um impacto desproporcional nos escores de QI de meninas em comparação com meninos. "Isso pode refletir diferenças neurobiológicas intrínsecas no processamento do estresse e resiliência cognitiva, que precisam ser exploradas em futuras investigações."
Dr. Agrela conclui com um apelo à comunidade científica para a necessidade de estratégias multidisciplinares que englobem genômica, neurociência e ciências sociais para combater o declínio cognitivo observado. "Através de uma abordagem colaborativa e multidimensional, podemos começar a elaborar intervenções mais eficazes que abordem tanto os determinantes genéticos quanto ambientais dessa preocupante tendência."
A pesquisa e as análises de Dr. Fabiano de Abreu Agrela oferecem uma janela vital para entender as complexas dinâmicas que estão moldando o futuro da inteligência global.
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