Portugal é um país conhecido pela sua hospitalidade e solidariedade, mas a forma como encara as diferenças ainda está em evolução. Embora haja avanços, o autismo, especialmente no nível 1 de suporte, é frequentemente subestimado e visto como algo "normal". Isso leva a desafios únicos para adolescentes como Brandon de Oliveira, um jovem brasileiro de 15 anos diagnosticado com autismo nível 1.
Brandon é um dos melhores alunos da sua turma, destacando-se pelo excelente desempenho acadêmico e criatividade. Desde cedo, mostrou talento para o desenvolvimento de jogos e já lançou dois projetos bem-sucedidos, com um terceiro em andamento. Empreendedor, ele já coordena sua própria equipe e paga amigos da escola para trabalhar em seus projetos. Apesar de seu sucesso intelectual, reconhece as dificuldades que enfrenta na interação social e na adaptação a certas atividades físicas, optando por socializar de maneira discreta e estratégica, em ambientes que considera confortáveis, como por exemplo, parques de diversões.
Entre os desafios que mais o afetam, estão enjoos frequentes, alta ansiedade e uma predisposição a ficar doente mais vezes do que outras pessoas. Além disso, ele se incomoda com o conceito de privilégios dados a autistas, pois os vê como um reconhecimento de incapacidade, algo que não se identifica. Para ele, a busca pelo autoconhecimento é mais importante do que qualquer benefício, e ele se mantém atento ao seu próprio desenvolvimento, sem querer explorar sua condição para obter vantagens.
Brandon já publicou um livro e um artigo científico, demonstrando sua capacidade intelectual e sua dedicação aos estudos. No ambiente escolar, sente frustração ao perder pontos por falta de interação social, apesar de assumir a liderança em trabalhos em grupo. Para superar desafios motores, pratica artes marciais e tem notado uma evolução significativa em sua coordenação.
A realidade de Brandon reflete um aspecto importante da experiência de muitos autistas em Portugal: a necessidade de um reconhecimento mais equilibrado das diferentes formas de autismo. O país ainda carece de legislações específicas como as existentes no Brasil, que garantem direitos e suporte adequado a pessoas no espectro. Enquanto isso, jovens como Brandon seguem construindo suas próprias trajetórias, desafiando estereótipos e mostrando que o autismo não é uma barreira para o sucesso, mas sim uma característica que faz parte de sua identidade.
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