sábado, 19 de julho de 2014

Os cuidados que devemos ter com o Pilates atual

Ricardo Wesley, 18 julho 2014
 
Há muitas pessoas não qualificadas ministrando a prática, que originalmente funcionava de forma muito diferente da que vemos em muitos lugares atualmente.
 
Como o Pilates está bombando, hoje resolvemos falar um pouco sobre a prática e também sobre o homem por trás do método, que deve rolar no túmulo toda vez que alguma academia ou instrutor adota a modalidade.
Joseph Pilates é o nome do grande inventor dos exercícios que caracterizam a prática que leva seu sobrenome. Ele nasceu na Alemanha e viveu entre os anos de 1883 e 1967, morrendo com 83 anos.
Quando criança, Joseph era doente – sofria de raquitismo, asma e febre reumática. Na adolescência, prevendo seu futuro numa cadeira de rodas, começou a estudar, como autodidata, anatomia, fisiologia humana e fundamentos de medicina oriental.

Para solucionar seus problemas, desenvolveu exercícios em aparelhos rústicos usando materiais que tinha à disposição, como cama e barril. E assim criou seu próprio método e inventou cerca de quinhentos movimentos que o ajudaram a levar uma vida longa e saudável, apesar dos problemas que tinha na infância.
Essa metodologia desenvolvida teve influência de diversas fontes, como yoga e artes marciais, e o senhor Pilates preconizava um trabalho absolutamente individualizado – ou seja, não existia uma rotina padrão a ser trabalhada da mesma forma com todas as pessoas. Os exercícios eram desenvolvidos de acordo com as necessidades especificas de cada individuo.
Ou seja, o Pilates surgiu como uma prática que visava muito mais a saúde, por meio da correção de postura e fortalecimento dos músculos, do que a estética.
Após a sua morte, em 1967, o trabalho foi continuado por sua esposa e por seus alunos mais antigos.
Contudo, apesar do método ter sido levado adiante com sucesso, hoje vemos diversas imitações suspeitas que buscam tirar proveito do sucesso do método original. Sem falar que hoje é difícil ver o Pilates sendo praticado como originalmente era – individualizado, para educar a pessoa fisicamente.
Mas a questão nem é se essas metodologias são melhores ou piores do que a original – o ponto é que muitas utilizam o mesmo nome e têm pouca relação com o método de Joseph Pilates, o que demonstra que buscam mais tirar vantagem da popularidade da prática do que dos benefícios da técnica.
Podemos dizer que o Pilates de hoje sofreu muito com essa má prática. Atualmente observamos milhares de pessoas transmitindo o método sem uma correta formação.
Existem milhares de cursos de formação em Pilates. Alguns são muito sérios e caros, como o Pilates Studio Brasil (que, digamos, é um braço do autêntico Pilates), e muitos outros cursos de longa formação, 1 ou 2 anos. É a mesma duração de uma especialização Latu Sensu no Brasil.
Mas também há cursos de curtíssima duração (às vezes de 2 dias!) em diversas academias e aulas particulares Brasil afora. Só que os instrutores que se matriculam nesses cursos não saem em condições de poderem se dizer conhecedores da técnica de Joseph Pilates e, portanto, não deveriam ministrar aulas do método.
Mas o tempo também trouxe benefícios ao Pilates, que ganhou ganhou muito com o maquinário moderno, bonito, elegante e de fácil uso, tornando-o não somente prático ao professor que ministra (que deve ser formado em educação física ou fisioterapia, visto que o Pilates pode ser usado como treinamento ou reabilitação, distinção que eu não vejo acontecendo), mas também muito atrativo ao aluno.
Com o custo dos equipamentos e principalmente das aulas, o método ganhou versões em pequenos grupos e aulas de ginástica, o que ajudou na popularização da prática. E desde que sejam atendidas as idéias originais, os alunos têm muito a ganhar.
O Pilates deu uma grande contribuição à prática esportiva, enfatizando questões menosprezadas em alguns esportes, como a respiração, a importância da prática dos movimentos globais e o trabalho postural.
Portanto, nossa dica é que você procure perceber se seu orientador/professor sabe o que está fazendo, se conhece a história e as técnicas do Pilates original, e,além disso, tenha em mente qual é o objetivo que você procura alcançar com a prática – treinamento ou reabilitação. No caso de treinamento, os exercícios devem ser ministrados por um educador físico, e no caso de reabilitação por um fisioterapeuta.
Ah, e não há bobagem maior do que esse negócio de que Pilates é para mulher.
 
iG

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