Por - iG São Paulo
|
À frente da Ser Educacional, o ex-engraxate Janguiê Diniz fala sobre a
importância do senso de oportunidade e da persistência para a construção de
empresas de sucesso
Em 2014, a famosa lista de bilionários da revista norte-americana
"Forbes" incorporou um nome brasileiro. Com pouca vocação para os holofotes,
Janguiê Diniz foi descoberto recentemente pela publicação por ter sua fortuna
pessoal estimada em US$ 1,1 bilhão, dado o surpreendente resultado da Ser
Educacional, empresa gestora de universidades no Nordeste do País.
Apesar de a fortuna do brasileiro ter virado notícia em uma das
principais publicações de negócios do mundo, Diniz tenta se manter discreto. Sua
história de vida o torna uma figura ainda mais curiosa – filho de família
humilde, foi engraxate, vendeu laranjas e trabalhou como office-boy.
Leia mais: De
boia-fria aos R$ 600 milhões: “Não tinha dinheiro para almoçar”
Hoje desfruta da privilegiada cadeira de um dos principais empreendedores do
Brasil, em um setor muito sensível: a educação. Apaixonado pela atividade de
professor, ele aconselha: "Seja ousado corajoso".
1 - Como foi sua infância e adolescência?
Minha infância e adolescência foi de muito trabalho e estudo. Meu pai
trabalhava como peão em fazenda e minha mãe era dona de casa. Desde muito
pequeno trabalhei para poder ter um pouco mais e ajudar meus pais. Comecei como
engraxate, mas também fui vendedor de laranjas, picolés, vendedor de loja,
locutor de rádio e office-boy. Quando vim morar no Recife, para continuar os
estudos, trabalhava durante o dia e estudava à noite. Com o dinheiro que
ganhava, eu me sustentava , já que minha família havia ficado em Pimenta Bueno,
em Rondônia.
2 - Quando você percebeu que tinha a veia
empreendedora?
Desde pequeno eu gostava de trabalhar e o empreendedorismo como uma forma de
independência. Eu conseguia enxergar no mercado as oportunidades e é isso que
faço até hoje. Quando vejo uma oportunidade, analiso os prós e contras de
empreender naquela área e é isso que me faz decidir.
3 - Como começou o seu negócio?
O embrião do Grupo Ser Educacional começou com a fundação do Bureau Jurídico.
Quando prestei concurso para a magistratura, tive de ser autodidata, pois no
Recife não havia cursinho especializado na área.
Montei cronograma de estudos, comprei os livros especializados,
livros de questões, controlava horários e estudava cerca de 6 horas a 8 horas
por dia. Nos dias que não atingia essa carga horária de estudos, “pagava” as
horas nos outros dias. Foi dessa forma que fui aprovado para o cargo de juiz do
trabalho.
No entanto, mais do que a aprovação no concurso, percebi que
existia uma demanda de alunos que queriam prestar concurso para a magistratura e
assim fundei o Bureau Jurídico, um preparatório para concursos. O cursinho foi
um sucesso imediato e a cada nova turma, crescia o número de alunos.
Durante a trajetória do Bureau, havia apenas três faculdades de Direito em Recife, quatro em Pernambuco, duas particulares e uma pública. E, mais uma vez, percebi que havia deficiência de vagas para o número de alunos que almejavam o curso. Entretanto, a deficiência das vagas acontecia em vários cursos, não apenas no de Direito e daí surgiu a ideia de fundar uma faculdade e dar oportunidade de jovens e adultos cursarem o ensino superior.
4 - Quando aconteceu a mudança para um empreendedorismo de maior porte?
Sem dúvida foi com a fundação do Bureau Jurídico. Eu visualizava a oportunidade de mercado com a carência de cursinhos especializados, no entanto, não pensava que o curso cresceria tão rapidamente, expandindo para outros estados. Foi essa experiência aliada com a paixão que eu tenho pela docência, fui professor concursado na Universidade Federal de Pernambuco por mais de 20 anos, que me fizeram querer investir em educação.
5 - Qual o momento mais difícil como empreendedor que você já viveu? Já pensou em desistir?
Nunca pensei em desistir em nenhum de meus empreendimentos. Cada erro cometido se tornou uma experiência e aprendizado para não errar novamente. Acredito que o momento mais difícil que já passei com meus empreendimentos foi com a empresa de cobranças que tive enquanto ainda era estudante universitário. Apesar das dificuldades vividas com mercado naquela época, insisti com a empresa até o fim, mesmo que isso significasse gastar forças físicas e financeiras.
6 - Quais são os conselhos que você dá para quem deseja abrir um negócio próprio?
Em primeiro lugar é preciso sonhar e tentar realizar o sonho. Ser ousado e corajoso. Ter foco, determinação e persistência, além de conhecimento na área que se pretende atuar. Além disso, é preciso saber que cometer um erro nos negócios é inevitável. Devemos ter em mente que um erro e a persistência são a garantia de que não cometeremos o mesmo erro novamente e o acerto fica mais fácil de ser atingido
iG
Nenhum comentário:
Postar um comentário