terça-feira, 29 de março de 2016

Crise faz Minas perder 1.144 empresas em apenas um mês

As consequências do cenário econômico desfavorável estão cada dias mais claros nos números gerados pelo setor produtivo. Em Minas Gerais, apenas no mês de janeiro de 2016, 1.144 empresas foram fechadas, gerando um saldo negativo de 87 organizações a menos no Estado, segundo dados da Junta Comercial de Minas Gerais (Jucemg). No mesmo mês de 2015, esse saldo foi positivo em 424 empresas.

Junto com o fechamento das empresas, chega o crescimento do desemprego. Segundo o gerente de estudos econômicos da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Guilherme Leão, a indústria brasileira perdeu 1 milhão de empregos com carteira assinada em 2015 na comparação com o ano anterior. Segundo dados do Caged, o total de desempregados no Brasil mais do que triplicou nos dois primeiros meses do ano, passando de 48 mil para 204 mil. Em Minas Gerais, mais do que dobrou, de 8.661 para 19.636. “Um salto absurdo no desemprego”, diz Leão. O gerente ainda salienta o crescimento das recuperações judiciais no Brasil, que cresceu 55,6% em 2015 na comparação com o ano anterior. “A recuperação judicial é um mecanismo para a empresa tentar sair da crise. Como fazer isso com um cenário de incerteza como o atual? A possibilidade de essas empresas irem da recuperação judicial para a falência é grande”, avalia o gerente de política econômica da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Flávio Castello Branco.

A crise que paralisa a economia brasileira deixa um rastro de empresas desativadas. Só no Estado de São Paulo, 4.451 indústrias de transformação fecharam as portas no ano passado, número 24% superior ao de 2014, quando 3.584 fabricantes deixaram de operar, segundo a Junta Comercial local. O quadro se estende por todo o país, formando um cemitério de fábricas de variados setores, muitas delas fechadas definitivamente, algumas em busca de alternativas para voltar a operar e outras à espera de compradores. Muitos trabalhadores demitidos não receberam salários e rescisões.

Esse quadro atinge setores variados e são muitos os exemplos. No ano passado, a PK Cables, empresa de componentes elétricos, encerrou suas atividades em Itajubá, no Sul do Estado, gerando cerca de 500 demissões. No Brasil, segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), foram mais de 40 mil empregos a menos no setor, diante de uma queda de 21% na produção no mesmo período. “A crise começou em meados de 2014, 2015 foi um caos e 2016 não mostra sinais de melhora. Essa longevidade da crise afeta todos os setores e os investimentos”, afirma o gerente de economia da Abinee Luiz Cézar Rochel.

No início do 2016, o grupo Tigre, que fabrica tubos, conexões e acessórios para a construção civil, fechou sua unidade fabril em Pouso Alegre, também no Sul de Minas, fechando 327 postos de trabalho. Segundo a empresa, a decisão foi motivada por “um cenário macroeconômico desfavorável”. “Desde setembro de 2014, motivado pela acentuada queda de volume nos mercados em que atua, o grupo vem adotando medidas para fazer frente à desaceleração da economia, a fim de manter a sustentabilidade do negócio e preservar milhares de empregos em todas as suas 22 unidades”, completa a nota da empresa.
Varejo
Lojas. O varejo brasileiro registrou o fechamento de 95,4 mil lojas no ano passado, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC). Em Minas Gerais foram 12,5 mil lojas.

Setor têxtil perde 20% das unidades

A indústria têxtil fechou 100 mil vagas no Brasil, segundo o diretor superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Valente Pimentel. Em Minas Gerais, segundo o presidente do Sindicato das Indústrias Têxteis de Malhas (Sindimalhas-MG), Flávio Roscoe Nogueira, 20% das empresas fecharam as portas no Estado e 10% dos funcionários foram demitidos.

Em janeiro deste ano, o fim de uma confecção em Leopoldina, na Zona da Mata, causou o fechamento de cerca de 100 postos de trabalho. Já em 2015, o fechamento da indústria responsável pela grife DTA, que funcionou por 24 anos em Betim, causou 280 demissões. “O ano de 2015 foi desastroso. Em 2016, o aumento das exportações e a substituição dos importados são favoráveis e apostamos em crescimento de 5% a 6%, mas vai depender do consumo interno”, diz Pimentel.

O Tempo

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