Elton Ivan Schneider
Do mesmo jeito que o homem procura a mudança, ele resiste a ela. Esta expressão é atribuída a um dos maiores inventores do século XX, Thomas Edison, que registrou 2.332 patentes de novos produtos durante a sua vida. Na atualidade, podemos chamar de Refratário Digital, característica de quem é capaz de resistir a temperaturas muito altas, resistente a ação física ou química, em suma, um teimoso que não aceita que a tecnologia digital vai impactar os empregos, os negócios, a economia, a sociedade, os relacionamentos e tudo mais que você imaginar.
Termos como Transformação Digital, Indústria 4.0, Sociedade 5.0, Educação 4.0, Competências Digitais, vem sendo utilizados nos últimos 20 anos para demonstrar o impacto e a urgência que deveria ser dada ao uso das tecnologias digitais. Em seu ritmo normal de mudança, o comportamento humano vai sendo mudado aos poucos, muitas pessoas percebem a necessidade de mudança quando já é tarde, quando já foram engolidos, que o digam marcas famosas como Kodak, Bamerindus, Varig, Vasp, Chicletes Ping Pong, sorvetes Yopa. Sem falar em profissões como vendedor de enciclopédia, datilógrafo, acendedor de lampião, telefonistas de operadoras telefônicas, o organizador de pinos de boliche, o operador de telégrafo, reveladores de fotos, entre outros.
Uma tecnologia quando substitui um produto ou uma profissão, exige da pessoa impactada, tanto do profissional quanto do consumidor, o desenvolvimento de novas habilidades, que podem ser físicas ou manuais, cognitivas, sócio emocionais ou tecnológicas, para que se possa voltar ao mercado de trabalho e de consumo.
Porém, este é o ciclo normal de transformação social ocasionado pela evolução tecnológica, o que estamos vivendo atualmente é a aceleração da transformação digital, devido a uma variável independente, incontrolável, não planejada e altamente impactante, uma pandemia viral que atinge todas as idades, negócios, economias, sociedade e governos de forma indistinta.
Até aqui, já sabemos como funciona, mas não sabemos ainda como será o futuro pós pandemia, se vamos tentar voltar ao antigo normal, se é que isso é possível, embora seja essa a expectativa de muitos refratários digitais, ou se o novo normal será tão impactante que irá gerar um abalo em nossas vidas maior do que a própria pandemia ao nos colocar em isolamento, distanciamento, separação ou afastamento social, tudo isso para não falar o termo lockdown.
Vamos a uma tentativa de prever possibilidades, diz um ditado árabe que aquele que tenta prever o futuro é um mentiroso, mas com base no que já sabemos sobre o nosso passado e sobre como as inovações tecnológicas impactaram nossas vidas, bem como, no que já vivenciamos na atual pandemia, o que aprendemos e o que teremos de impactos.
Área | Como era | Como está | Como será |
Educação Infantil | Recolhe os celulares, tablets e computadores – não são compatíveis com a sala de aula | Usa celulares, tablets e computadores – eles são a sala de aula | Capacita professores e alunos para o uso de tecnologias e metodologias de ensino da era digital |
Ensino Superior | Educação a distância – EAD, é para poucos e a qualidade é duvidosa | Ensino Remoto com uso de tecnologias pode salvar o ano letivo e muitas Instituições de Ensino | Vamos parar de discutir modalidades de ensino, para pensar um ensino em todas as suas possibilidades, o aluno é o centro do processo, não a metodologia ou tecnologia |
Trabalho em Escritórios e Empresas | Tenho minha mesa, meu computador, meu ambiente de trabalho | Tenho minha casa com computador e acesso à internet para trabalhar | Tenho competências digitais que me permitem realizar minhas atividades profissionais em qualquer local, principalmente remotamente - teletrabalho |
Automação | Quanto mais repetitiva, maior a possibilidade de automação | Se existe a possibilidade de automação, está sendo automatizada | A Inteligência Artificial passa a ser a referência para a realização de atividades repetitivas e padronizadas |
Marketing | Rádio, TV, Revistas e algumas ações em redes sociais | Tentativa de migração para as redes sociais, sem planejamento, sem estrutura, sem competências digitais | Migração para o Marketing Digital, para as plataformas de e-commerce, para o varejo digital, não estar no meio digital significa estar fora do mercado |
Comércio de Lojas Físicas | Lojas Físicas, com estoques e custos altos de operação | Tentativas de re-abrir, de vender digitalmente, de encontrar uma solução | Local de vendas de Experiências de Consumo, como local de demonstração de produtos expostos em plataformas de e-commerce, deverá ser complementada com múltiplos canais omnichannel. |
Negócios | A tradição, o escritório, a venda, o marketing, a fabricação e a entrega | O tele trabalho (hoje office), a venda (home office), ações de marketing digital desconexas, a fabricação e a entrega | A StartUp, o e-commerce, a logística reversa, o marketing digital, o tele trabalho (home office), a fabricação automatizada, a logística em múltiplos canais – omnichannel. |
Profissões | Busca de um curso superior para chamar de seu, de uma profissão para o resto da vida | Questionamento se minha profissão, se meu emprego irá continuar existindo depois da pandemia e da transformação digital. | Precisaremos desenvolver competências digitais, que nos permitam desenvolver novas competências ao longo da vida, a aprender a aprender, eis a questão. |
Você pode estar se perguntando: e a automação das fábricas, do agronegócio, das telecomunicações?
Estes setores continuarão sua saga de transformação digital em qualquer tempo. A pandemia ao estimular o uso das tecnologias em todos os setores da economia, ajudará no barateamento das soluções tecnológicas, e ao mesmo tempo, reduzirá a resistência dos usuários a produtos e serviços com tecnologia embarcada, como internet das coisas – IOT, intercomunicação de devices (TV + Geladeira + Tablet + Smartphone + Sistema de iluminação de sua casa), a relação preço x custo x facilidade de uso será determinante para as inovações.
Bem-vindos ao futuro da transformação digital pós pandemia, o novo normal, um motivo de pesadelos para os refratários digitais.
Autor: Elton Ivan Schneider é diretor da Escola Superior de Gestão, Comunicação e Negócios do Centro Universitário Internacional Uninter
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