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Ouro Preto
18 de abril de 2022Por Lucas Porfírio
Com o retorno do formato presencial, as celebrações da Semana Santa atraíram milhares de turistas e fiéis para Ouro Preto, principalmente durante o final de semana. Sendo um dos eventos religiosos mais importantes da Região dos Inconfidentes, contribuiu para a recuperação do turismo na histórica cidade mineira.
Segundo Margareth Monteiro, secretária de cultura e turismo de Ouro Preto, considerando a ocupação de hotéis e pousadas, que chegou a mais de 95%, a cidade superou a expectativa de receber 30 mil pessoas durante o feriado. “Foi muito importante cuidar da retomada do turismo por meio da Semana Santa, porque este é um evento de cunho cultural, é uma tradição do município de Ouro Preto. Faz parte da identidade da cidade. A retomada realmente aconteceu, tivemos a cidade muito cheia”. [...] Retomar o turismo com um evento da tradição religiosa e uma manifestação cultural foi muito importante, porque Ouro Preto é a primeira cidade patrimônio cultural da humanidade”, explicou Margareth.
O retorno presencial foi motivo, principalmente, de comemoração para a igreja católica. “É um momento de grande alegria para igreja e todo povo de Deus. Depois de dois anos celebrando virtualmente as atividades da Semana Santa, o povo pode voltar a participar integralmente e presencialmente das celebrações internas e externas da Semana Santa. Daí a importância, especificamente, da Semana Santa no ano de 2022” afirmou Padre Edmar José da Silva, Pároco e Reitor do Santuário N. Sra. da Conceição.
Luciana Rocha é proprietária de uma fábrica de chocolates e possui duas lojas na cidade. De acordo com ela, a preparação para o feriado de Páscoa começou já em janeiro: “Nós utilizamos muitos extras. Na fábrica, por exemplo, precisamos de 4 extras para embalar ovos de páscoa, 2 extras para produção e 1 extra na entrega aos supermercados e nas lojas. [...] Tínhamos uma expectativa boa, apesar de um pouco de insegurança. A gente tem conhecimento de páscoa, mas não sabíamos como ia ser o poder aquisitivo das pessoas logo após a pandemia. O que eu verifiquei e posso afirmar é que as vendas foram muito boas [...] e nas lojas o movimento foi muito grande, [...] fizemos um funcionamento especial até 00h [...]. A páscoa finalmente fechou como era a previsão”.
Últimos momentos da vida de Jesus Cristo
Na sexta-feira (15), Sexta-Feira da Paixão, fiéis, turistas e população puderam acompanhar os últimos momentos de Jesus Cristo. Em frente a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, foi realizada a cerimônia do Descendimento da Cruz e a apresentação de todo figurado bíblico.
Em seu sermão, Padre Edmar falou da importância de manter a fé, mesmo em momentos de dificuldades. Para isso, relembrou a história de Jó, que mesmo diante das provações se manteve crente em Deus. Relembrou as vítimas da covid-19 e os familiares que não puderam se despedir, prolongando, assim, o período de luto. Falou, ainda, dos conflitos vivenciados no mundo, como a guerra da Ucrânia.
Armando Jorge de Jesus veio de Sete Lagoas com toda a sua família, pela primeira vez, para acompanhar as celebrações religiosas em Ouro Preto, um que os acompanha desde antes da pandemia. “Viemos para viver a religiosidade deste momento, somos católicos praticantes e estamos aqui com este objetivo. Estar aqui hoje, vendo a Paixão de Cristo, é inexplicável. Espiritualmente inexplicável. Tem que estar aqui para viver e sentir esses momentos. É uma benção, uma graça na vida do cristão católico”, contou.
Celebração da fé, cultura e pertencimento do povo ouro-pretano
No Sábado de Aleluia (16), o roxo do luto pela morte de Cristo começava a dar espaço para o branco e as cores dos tradicionais tapetes devocionais, patrimônio imaterial de Ouro Preto, realizados na antiga Vila Rica desde o século XVIII.
Para Carlos Henrique Alves Viana, morador do bairro São Cristóvão, em Ouro Preto, participar da montagem dos tapetes é uma forma de pertencimento às tradições culturais da cidade: “Sempre que posso participo da confecção dos tapetes, é bem legal e interessante. Me faz sentir mais vivo na cidade, um momento que a gente participa da arte, ainda mais que ficamos nos bairros mais periféricos. É um momento em que nos aproximamos do centro histórico e participamos dessa tradição que é passada de pai para filho, desde os nossos avós, e até hoje se mantém.
Carolina Castro Volta é do interior de São Paulo e mora em Ouro Preto desde 2017. Ela e sua filha participaram da confecção dos tapetes. “Eu vejo como uma importância religiosa. Os tapetes tem uma importância fundamental religiosa, mas, também, de manifestação cultural para a cidade”, explicou.
Imagem de Lucas Porfírio
Missa festiva e Procissão da Ressurreição, Cristo vive
Logo pela manhã, no domingo de Páscoa (17), os sinos anunciavam: “Cristo vive”. As sacadas dos casarios do centro histórico estavam repletas de tecidos brancos e as ruas enfeitadas com os tapetes devocionais, confeccionados durante a madrugada.
Na matriz do Pilar era celebrada a missa festiva, a missa pela ressurreição de Jesus. “Para nós é uma celebração muito importante, a nossa fé está centrada na ressurreição de Jesus. São Paulo diz que se Cristo não ressuscitou, é falsa, sem sentido é a nossa fé. Toda a nossa vida cristã gira em torno da ressurreição de Jesus [...]. Hoje não celebramos só a ressurreição de Jesus, mas aqueles que viveram bem o tempo da quaresma, também ressuscitaram para uma vida nova. Daí a beleza e importância da celebração de hoje”, afirmou Padre Edmar.
Imagem - Lucas Porfírio
Após a celebração da santa missa, a procissão da ressurreição percorreu as ruas da Basílica Matriz de Nossa Senhora do Pilar até o Santuário Nossa Senhora da Conceição com o Santíssimo Sacramento. Maria Efigênia, moradora de Ouro Preto há mais de 40 anos, conta que sempre participa das celebrações. Este ano, mesmo sem conseguir acompanhar a procissão andando, ela estava em frente ao Pilar para ver a procissão passar: “É a coisa mais linda. Ouro Preto sem a Semana Santa não vive”.
Celebração da Semana Santa em Mariana
Após dois anos sem as atividades presenciais da Semana Santa, os fiéis de Mariana também voltaram a celebrar sua fé pelas ruas da cidade. As atividades iniciaram na quinta-feira (14), com a cerimônia de Lava Pés e a Adoração ao Santíssimo. Na sexta-feira da Paixão (15), aconteceu a Solene Ação Litúrgica em várias igrejas e capelas. Na parte da noite, ocorreu o Sermão do Descendimento em frente à Igreja São Francisco de Assis, seguida de uma procissão até a Igreja da Sé. Na madrugada do Sábado de Aleluia (16), aconteceu a famosa Procissão das Almas e no domingo de Páscoa (17), fiéis, moradores, turistas e artistas da Associação Marianense de Artistas Plásticos (AMAP), se reuniram para a confecção dos tapetes devocionais pelas ruas da cidade. As celebrações da Semana Santa na cidade se encerraram com a procissão da ressurreição.
Jornal O Liberal
Região dos Inconfidentes
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