sexta-feira, 5 de maio de 2023

MUSEU DA INCONFIDÊNCIA INAUGURA LÁPIDE DE HIPÓLITA JACINTA

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Ouro Preto

02 de maio de 2023

Ela é a primeira mulher reconhecida pela história a ter participado da Inconfidência Mineira

Karina Peres 

O último sábado (29), foi marcado pela inauguração da lápide de Hipólita Jacinta Teixeira de Melo, a primeira mulher reconhecida na história a ter participado ativamente da Conjuração Mineira. Agora, sua lápide está no Museu da Inconfidência, em Ouro Preto, ao lado de outros 16 nomes, todos homens. O momento foi marcado pela presença da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, da historiadora Heloísa Starling, do estilista Ronaldo Fraga e das cantoras Zélia Duncan e Ana Rosa.

A contribuição de Hipólita à Inconfidência Mineira foi negligenciada dos livros e documentos históricos, o que fez com que o reconhecimento da participação dela viesse com 230 anos de atraso. “Essa homenagem é uma reparação política, que marca a identidade desse museu de trazer à tona aquilo que foi invibilizado historicamente em um processo que foi tão violento para o Brasil como foi o período colonial. Queremos dar luz para essas e outras ausências que a história oficial não reconheceu, mas terá que reconhecer”, disse Alex Calheiros, diretor do museu.

Durante o evento, a ministra Cármen Lúcia, que simbolicamente foi a responsável por depositar uma caixa com terra da Fazenda Morro Alto, propriedade onde a inconfidente viveu, para o descerramento da lápide no Panteão dos Inconfidentes, ressaltou a importância de seguir o exemplo de Hipólita nos dias atuais. “O exemplo de Hipólita, silenciada historicamente, é o que a gente tem que seguir na luta que precisamos continuar até hoje em referência àqueles que lutaram pela liberdade. Hipólita não escolheu morrer com honra, ela escolheu viver com honra e fazer dela a grande prática de sua vida. Por isso estou muito agradecida de estar aqui hoje”, afirmou a ministra.

O prefeito de Ouro Preto, Angelo Oswaldo, explicou que em 1999 já havia acontecido uma tentativa de reconhecimento de Hipólita, mas que somente agora, com os esforços do Festival de História, do diretor do Museu da Inconfidência e de tantos outros nomes, a lápide dela no panteão foi concretizada. “É um momento realmente muito especial. Esse reconhecimento tinha que ser feito, demorou, mas chegou a hora de acolhermos aqui, essa referência a Hipólita. Isso marca o protagonismo da mulher na construção da história brasileira e a igualdade da mulher na era contemporânea”, afirmou.

A pedido da historiadora Heloísa Starling, o estilista Ronaldo Fraga foi convidado a fazer um stand em homenagem a Hipólita. A tarefa foi um desafio, já que não existem imagens da inconfidente. Dessa forma, Ronaldo explicou que escolheu representá-la de costas. “Com a tecnologia que temos atualmente, até daria para chegar em uma imagem de como ela teria sido, mas eu escolhi colocá-la de costas, olhando para o ideal de liberdade. Procurei também uma técnica de bordado que faz referência aos tapetes de Corpus Christi e o vestido vermelho escorrendo, para lembrar a luta, o sangue e a entrega”, explicou. 

Música em homenagem a inconfidente

A inauguração da lápide também foi marcada pela apresentação de uma música, composta em parceria pelas cantoras Zélia Duncan e Ana Costa. “Com essa canção, a gente quis passar a sensibilidade dela, que apesar de ser tempos difíceis, de guerra, conseguiu preservar isso. A história de Hipólita é dessas coisas que a história da escola não conta pra gente, e isso aqui é um marco, me sinto muito feliz em fazer parte desse momento”, disse Ana Rosa. 

Jornal O Liberal

Região dos Inconfidentes

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