terça-feira, 13 de junho de 2023

As consequências do trabalho infantil é resultado do avanço da desigualdade social

*Marie Henriqueta Ferreira Cavalcante


As consequências do trabalho infantil no Brasil na nossa região da Amazônia é bem estrutural, primeiramente porque nós contemplamos nesses últimos anos com um grande avanço da desigualdade sócio econômica, as crianças tem ingresso no trabalho precoce a pobreza, a mísera produzida e reproduzida ela acaba movimentando toda essa situação e traz consequências muito sérias para infância da região.


Vivenciamos uma verdadeira decadência contemplada pelo abandono escolar, crianças e adolescentes acabam deixando à escola pela rotina é esses pequenos trabalhos, que não podemos chamar de trabalho são uma violação dos direitos das nossas crianças e adolescentes quando elas acabam rompendo com o ciclo de desenvolvimento saudável para também ficarem preocupados desde a mais tenra idade para sobrevivência da família. A perda desse compromisso com um crescimento saudável, uma vida feliz que deveria ser natural, para que essas crianças cresçam de uma forma como deve ser,  brincando e estudando, mas as obrigações com a sustentação da família com o sustento da família acabou obrigando a ingressar no trabalho. 


Historicamente, o Brasil tem um legado de violências à infância. Desde os tempos de colônia, um recorte social foi feito, tolerando que crianças indígenas e negras fossem levadas ao trabalho, escancarando uma estrutura classista vergonhosa. O trabalho infantil constitui-se como mecanismo de sobrevivência às desigualdades sociais, ora como alternativa para garantir a renda familiar, ora para alcançar condições de consumo de itens que se estabelecem como elementos de inclusão social em determinados grupos, como roupas de marca, celulares e outros.


De acordo com os dados mais recentes de 2021 da  Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF), 8,4 milhões a mais de crianças e adolescentes estão trabalhando em relação aos últimos quatro anos. 


O relatório 'Trabalho Infantil: Estimativas Globais 2020, tendências e o caminho a seguir', adverte que o progresso para acabar com o trabalho infantil está estagnado pela primeira vez em 20 anos, revertendo a tendência anterior de queda, que registrou uma diminuição de 94 milhões no trabalho infantil entre 2000 e 2016.


Os gargalos que nós temos que enfrentar primeiro é a superação da miséria, precisamos de políticas públicas e voltadas para o atendimento das infâncias, na Amazônia, no nosso Brasil precisamos defender a vida das crianças e adolescentes no que diz respeito à garantia. A desigualdade socioeconômica necessita de política voltada para suas demandas para essa responsabilidade que todos nós temos para que as crianças e adolescentes tenham  vida saudável.



Outro tipo de violência hoje está presente na vida das crianças e que elas contemplam como a questão da violência doméstica, e elas acabam também encontrando como meio de se refugiarem se livrarem e passam a procurar atividades em outros meios para ficar fora de casa. 


A Igreja tem um papel fundamental como estimula o papa Francisco continuamente para que sejamos uma igreja em saída. A igreja tem um papel fundamental pelo fato de ela ser também uma porta de entrada para as crianças, na catequese, no espaço fecundo propício para falar dessa exploração, da evangelização conectando com a realidade e instruindo.

As crianças participarem das celebrações, tendo essa consciência e esse compromisso pastoral de todas as formas de violência não só do trabalho precoce mas também de todas as outras violações e a igreja não pode perder a oportunidade de ser esse espaço da casa, de acolhida, de responsabilidade no compromisso de uma infância saudável e feliz




**Marie Henriqueta Ferreira Cavalcante é religiosa da Congregação de Nossa Senhora Menina, referência no combate à exploração sexual de crianças e adolescentes no Estado Pará, e é assessora da Comissão de Justiça e Paz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) do Regional Norte 2, que compreende os estados do Amapá e do Pará e membro da REPAM-Brasil.



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