Morre aos 122 a mulher mais velha do mundo
MARTA AVANCINI
de Paris
Jeanne Calment, a mulher mais velha do mundo de acordo com o "Guinnes-Book - O Livro dos Recordes", morreu ontem aos 122 anos. A morte ocorreu em um asilo de Arles (sul da França), cidade natal de Calment. Ela morava no asilo havia 12 anos.
Calment se tornou a mulher mais velha do mundo em 1995, quando o japonês Shigechiyo Izumi morreu, aos 120 anos. O Guinnes se baseou no registro de nascimento para atribuir o título a ela.
Uma brasileira, Maria do Carmo Jerônimo, alega ter 126 anos, mas não dispõe de registro oficial que comprove sua idade.
Calment nasceu em 21 de fevereiro de 1875 e costumava contar, entre inúmeras histórias, ter visto o pintor holandês Vincent Van Gogh, quando ela era adolescente.
Van Gogh morou em Arles no final da década de 1880. O encontro teria acontecido em uma das vezes que o pintor foi comprar tintas na loja de um parente dela.
"Ele era muito feio e mal-educado. A gente chamava ele de 'o homem louco"', contava Calment.
Ela também costumava contar que "enterrou vários presidentes da França" e que viveu as duas guerras mundiais (1914-18 e 1939-45).
Por ter nascido no final do século 19, Calment acompanhou diversos fatos que entraram para a história -da invenção do cinema (1885) à chegada do homem à Lua (1969).
Calment era solitária. Seu marido, Fernand Calment, morreu em 1942, aos 74 anos. Sua única filha, Yvonne, em 36, e seu neto, Frédéric, em 54, vítima de um acidente de carro.
Ela era filha de um almirante e teve uma educação segundo os padrões burgueses da época.
Nos últimos anos, seu estado físico passou por um processo intenso de deterioração, mas, apesar disso, ela mantinha a lucidez.
Embora presa a uma cadeira de rodas, praticamente surda e quase cega, Calment ainda era capaz de repetir sequências de palavras e nomes, além de fazer contas de cabeça. Sua lucidez era considerada excepcional por geriatras, e sua longevidade atribuída a fatores hereditários -seu pai teria vivido mais de 80 anos, o que era considerado excepcional na época dele.
Sua última entrevista foi concedida à revista "Newsweek" e publicada na edição desta semana.
Apenas no ano passado, aos 121 anos, ela aceitou abrir mão de seus principais prazeres: comer chocolate, tomar vinho doce e fumar.
Sua longevidade era um fator de orgulho para a própria Calment e para a comunidade de Arles, mas a tornou alvo da exploração da mídia. No ano passado, trechos de declarações de Calment foram usadas em um disco de rap e funk intitulado "Maîtresse du Temps" ("Mestra do Tempo").
Para o presidente da França, Jacques Chirac, Calment era como uma "avó de todos nós". O primeiro-ministro Lionel Jospin enfatizou a "dignidade" de Calment em comunicado oficial.
Enciclopédia Livre
A namorada de Van Gogh
“Jeanne Louise Calment bateu o recorde de longevidade: 122 anos e 164 dias.
Ao que parece, o destino gostava de como a madame Calment vivia.
Ela era francesa, nascida em Orly, região próxima a Paris.
Quando estavam construindo a Torre Eiffel, tinha 14 anos e nessa época era namorada de Van Gogh.
“Ele era sujo, andava sempre mal vestido e era sombrio“, disse a senhora sobre o pintor durante uma entrevista em 1988, quando celebrou seus 100 anos de vida.
Aos 85 anos, praticava esgrima, e aos 100 ainda andava de bicicleta.
Jeanne Louise apareceu num filme quando tinha 114 anos, aos 115 foi submetida a uma cirurgia no quadril e aos 117 parou de fumar.
E não foi por se sentir mal pelo vício, mas sim porque, como estava quase cega, se incomodava em ter de pedir isqueiro aos outros.
Quando tinha 90 anos Jeanne Louise, que já não tinha herdeiros, firmou com André-François Raffray (um advogado de 47 anos) um contrato estipulando que ele herdaria sua casa desde que lhe pagasse uma renda mensal de 2500 francos.
O valor original da casa estava pago após 10 anos, mas o destino tinha outra carta dentro da manga: Raffray não apenas pagou a Madame Calment durante 30 anos, como também morreu antes dela, aos 77 anos, e sua viúva continuou pagando a ’renda’ até a morte da proprietária.
Até seus últimos dias, Madame Calment esteve lucida e teve sagacidade para pensar.
Quando, em seu aniversário de número 120, perguntaram sua opinião sobre o futuro, ela deu uma resposta incrível: ”Vai ser muito curto“.
Frases e regras de vida da Madame Calment:
A juventude é um estado da alma, não do corpo; por isso eu continuo sendo uma garota.
Nunca pareci tão bem como nos últimos 70 anos.
Tenho uma única ruga, e estou sentada em cima dela.
Todos os jovens são maravilhosos.
Deus se esqueceu de mim.
Sou apaixonada pelo cinema.
Sorrir sempre. Creio que essa seja a causa da minha longevidade.
Se não há nada que você possa fazer sobre algo, não se preocupe por isso.
Tenho uma grande vontade de viver e um bom apetite, especialmente para as guloseimas.
Nunca uso rímel porque dou risada até chorar com muita frequência.
Enxergo mal e escuto mal e me sinto mal, mas isso tudo é uma bobagem.
Acho que vou morrer de tanto rir.
Tenho pernas de ferro, mas, para ser sincera, elas começaram a enferrujar um pouco.
Sempre aproveitei de quase toda situação.
Respeitei os princípios morais e não tenho nada do que me arrepender.
Sou sortuda.
Em uma entrevista, um jornalista lhe disse: “Nos vemos! Quem sabe no ano que vem...”. E Madame Calment respondeu: ”E por que não? Você não parece estar tão mal, apesar de tudo!"
Portanto, VIVA E DEIXE VIVER.
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