*Pratos emblemáticos e tradicionais da gastronomia de Belo Horizonte*
(Pesquisa Chef Rocco e Amigos do Fogo)
01. Caldo de Mocotó do Nonô
02. Fígado Acebolado com Jiló do Mercado Central no Bar Fortaleza
03. KAOL do Café Palhares
04. Rochedão do Bolão Santa Tereza
05. Espaguete à Bolonhesa do Recanto Verde
06. Parmegiana de Spaguetti no Chopp da Fábrica
07. Filé Surprise da Cantina do Lucas
08. Tropeirão do Mineirão no Trop
eiro do 13
09. Frango ao Molho Pardo no Maria das Tranças
10. Traíra sem espinhos no Xico da Kafua
11. Pão com Pernil no Sabiá do Mercado Central
12. Vaca Atolada no Deles da Jacui
13. Omelete no Rei do Omelete na Av. Brasil
14. Pé de Porco no Chic Tácio
15. Bolinho de Bacalhau no Restaurante do Porto
16. Filet ao Molho Ferrugem no Pizzarella
17. Picolé Mineiro na Mercearia 130
18. Sardinha da Taberna Baltazar
19. Panturrilha de Porco da Salumeria na Rua Sapucaí
20. Lambari frito do Chico do Peixe no Cachoeirinha
21. Lasanha de Bacalhau do Anella no Santa Amélia
22. Bolinho de Mexido no Köbes em Santa Tereza
23. Bolinho de Arroz do Estabelecimento na Serra
24. Galeto no Antônio Pé de Cana do Sion
25. Bolinho de Carne do Café Bahia (desde 1937)
26. Traíra sem espinhos do Bar Careca o Pescador
27. Esfirra de carne da Pizzaria Guarani
28. PF do Restaurante da Léia
29. Lambari empanado com fubá e ervas do Restaurante Chico do Peixe no Santa Inês
30. Cachorro quente do Deleres Hot Dog no Horto
31. Frango assado do Restaurante Loyola
32. Almôndega ao molho do Mercadinho do Bicalho em Santa Tereza
33. Pizza de Carne Seca na Parada do Cardoso em Santa Tereza
34. Mexidão do Fofoka no Nova Suiça
35. Parmegiana do Restaurante Guarujá no Nova Suiça
36. PF do Restaurante do Maurício na Rua Paraíba
37. Joelho de Porco do Bar do Bigode no Prado
38. Surubin no Espeto do Surubin Fleming
39. PF da Cantina do Sorriso na Serra no São Lucas
40. Pão de queijo do Café Nice no centro
41. Batata portuguesa com molho à bolonhesa do Silvios Bar
42. Carne cozida do Bar do Careca no Cachoeirinha
43. Dobradinha da Tia Rute no Ouro Preto
44. Jiló do Bar do Zezé no Barreiro
45. Angu a Baiana do Bar do Tatu no Barreiro
46. Torresmo de Rôlo do The Brothers no Santa Tereza
47. Prexeca do Bolotas no Santa Tereza
48. Bifão do Dico no Caiçara
49. Espetinhos do Luizinho no Prado
50. Maçã de Peito com batatas do Espetinho do Paulão na Vila Ermelinda
A MODÉSTIA DO MINEIRO
Fabrício Carpinejar
Mineiro é humilde, e posso provar.
Porque teria todos os motivos para ser arrogante e não é.
Porque teria todos os argumentos para se sobressair no país, mas permanece na sua, quietinho, come-quieto.
Porque teria todos os pretextos para contar vantagem, e é adepto de longos e enigmáticos silêncios.
Pense no maior jogador de futebol de todos os tempos: Pelé, mineiro de Três Corações.
Pense no maior inventor de todos os tempos: Santos Dumont, pai da aviação, mineiro de Palmira.
Pense no maior poeta brasileiro: Carlos Drummond de Andrade, mineiro de Itabira.
Pense na maior poeta brasileira: Adélia Prado, mineira de Divinópolis.
Pense no maior prosador brasileiro: João Guimarães Rosa, mineiro de Cordisburgo.
Pense na escritora com a maior história de superação: Carolina Maria de Jesus, mineira de Sacramento.
Pense nos maiores símbolos de liberdade: Chica da Silva, mineira de Diamantina, e Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes), mineiro de Ritápolis.
Pense na maior cantora da MPB: Clara Nunes, mineira de Caetanópolis.
Pense no maior artista brasileiro: Aleijadinho, mineiro de Ouro Preto.
Pense no maior compositor brasileiro: Ary Barroso, autor de Aquarela do Brasil, mineiro de Ubá.
Pense no maior cartunista brasileiro: Ziraldo, mineiro de Caratinga.
Pense no maior cientista brasileiro: Carlos Chagas, mineiro de Oliveira.
Pense no maior ativista dos direitos humanos nascido no Brasil: Betinho de Souza, mineiro de Bocaiúva.
Pense no maior expoente do espiritismo: Chico Xavier, mineiro de Pedro Leopoldo.
As quinze personalidades mencionadas são, incrivelmente, de cidades diferentes de Minas Gerais, mostrando a diversidade exuberante, o universo eclético, a força messiânica das profundezas do interior. Nenhuma delas nasceu na capital, Belo Horizonte. Isso também tem relação com o fato de Minas ser o estado com mais municípios no país — 853 localidades.
Haveria outros predicativos para o mineiro ostentar uma mania de grandeza, mas ele prefere deixar de lado: a terceira maior cachoeira do Brasil está em Minas, a Cachoeira do Tabuleiro, em Conceição do Mato Dentro, considerada uma das 7 maravilhas da Estrada Real; três dos cinco maiores picos do país estão em Minas, incluindo o Pico da Bandeira; a maior estalactite do mundo está em Minas, apelidada de Perna da Bailarina, localizada na Gruta do Janelão, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, entre Januária e Itacarambi; Minas tem o maior acervo no país reconhecido pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade (centros históricos de Ouro Preto e Diamantina, o Santuário de Bom Jesus do Matosinhos, em Congonhas, e o Conjunto Moderno da Pampulha, em BH); Minas possui o terceiro maior complexo de lagoas do Brasil, no Parque Estadual do Rio Doce; Minas tem o teatro em atividade mais antigo da América — Teatro Municipal de Ouro Preto, inaugurado em 1770 —, e o maior museu de arte contemporânea a céu aberto do mundo, Instituto Inhotim, em Brumadinho.
O sotaque mineiro, o mineirês, foi eleito o mais sexy do Brasil por aplicativo de relacionamento (Happn). A comida mineira foi eleita a melhor do país, e a trigésima melhor do mundo, pelo site americano Taste Atlas — o mesmo site elegeu o queijo artesanal Canastra como o melhor do mundo, na frente dos tradicionais Grana Padano, Gorgonzola Piccante e Pecorino Sardo.
São tantos títulos, elogios, honrarias, que eu fico impactado com a mansidão local. Aqui deveria ser a terra de megalomaníacos incuráveis, de exibidos planetários, de narcisistas implacáveis, mas aconteceu o contrário: são pessoas que escolheram a discrição como sua fonte de autenticidade.
Talvez este seja o segredo: não aparecer para ser cada vez mais.
Fabrício Carpinejar
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