Ansiedade é Eleita a Palavra do Ano: Reflexões do Neurocientista Dr. Fabiano de Abreu Agrela
Em 2024, a ansiedade foi eleita a palavra do ano, refletindo um cenário global em que esse estado emocional deixou de ser apenas uma resposta natural do organismo para se tornar um tema central na vida contemporânea. Fabiano de Abreu Agrela, pós-doutor em Neurociências e especialista em comportamento humano, oferece sua perspectiva sobre as características, que ele considera um reflexo de desequilíbrios biológicos exacerbados pela sociedade moderna.
Ansiedade: de resposta adaptativa ao problema clássico
O neurocientista esclarece que a ansiedade não é uma doença em si, mas uma condição intrínseca à sobrevivência humana. “Ela é necessária para a sobrevivência. No entanto, quando em excesso, como tudo na vida, torna-se um problema”, afirma. Segundo ele, o excesso de ansiedade está diretamente ligado, também, à produção desregulada de glutamato, um neurotransmissor excitatório que, em altas concentrações, desencadeia um “efeito dominador” que impacta outros neurotransmissores e hormônios essenciais para o equilíbrio do organismo.
Fabiano explica que essa desregulação afeta neurotransmissores como a serotonina e a dopamina, responsáveis pelo bem-estar e motivação, além de hormônios como o cortisol, associados ao estresse, e a vasopressina, que regulam funções essenciais, como a retenção hídrica e a pressão arterial . “Essa cascata descontrolada pode alterar a morfologia de algumas estruturas cerebrais, impactando estruturas como o hipocampo e o córtex pré-frontal, responsáveis por memória, tomada de decisão e regulação emocional”, alerta.
A pandemia do excesso de ansiedade
O especialista aponta para a cultura digital como um dos principais assuntos dessa crise de ansiedade. “Vivemos uma pandemia de excesso de ansiedade derivada da cultura atual que promovemos. As redes sociais, por exemplo, trouxeram mais efeitos negativos do que positivos para a vida humana”, enfatiza. Ele observa que o consumo excessivo de redes sociais gera comparações constantes, sobrecarga de informações e uma sensação de urgência permanente, fatores que intensificam a resposta dolorosa do cérebro.
Impactos intergeracionais e epigenéticos
Além dos efeitos imediatos no indivíduo, o Dr. Fabiano destaca o impacto de longo prazo da ansiedade excessiva, tanto na saúde física quanto na mental. Ele ressalta que, de forma epigenética, essas alterações podem ser transmitidas para as próximas gerações. “A ansiedade desregula neurotransmissores e hormônios, altera a morfologia de algumas subregiões cerebrais e traz consequências de acordo com a predisposição genética do indivíduo. Exemplos disso são o autismo e o TDAH, condições que podem ser intensificadas por fatores ambientais e culturais levando em consideração a ansiedade e epigenética”, explica.
O papel da ciência e da sociedade
O neurocientista acredita que entender a ansiedade em sua complexidade é essencial para desenvolver estratégias de prevenção e tratamento. Ele sugere que, além do cuidado individual, a sociedade como um todo precisa compensar hábitos e padrões de comportamento que fomentam o excesso de ansiedade. “A solução passa por educar sobre o funcionamento do cérebro, promover práticas saudáveis e estabelecer limites no uso de tecnologias que nos desconectam da nossa essência humana”, conclui.
Jennifer de Paula Suporte e clipagem | MF Press Global
Em 2024, a ansiedade foi eleita a palavra do ano, refletindo um cenário global em que esse estado emocional deixou de ser apenas uma resposta natural do organismo para se tornar um tema central na vida contemporânea. Fabiano de Abreu Agrela, pós-doutor em Neurociências e especialista em comportamento humano, oferece sua perspectiva sobre as características, que ele considera um reflexo de desequilíbrios biológicos exacerbados pela sociedade moderna.
Ansiedade: de resposta adaptativa ao problema clássico
O neurocientista esclarece que a ansiedade não é uma doença em si, mas uma condição intrínseca à sobrevivência humana. “Ela é necessária para a sobrevivência. No entanto, quando em excesso, como tudo na vida, torna-se um problema”, afirma. Segundo ele, o excesso de ansiedade está diretamente ligado, também, à produção desregulada de glutamato, um neurotransmissor excitatório que, em altas concentrações, desencadeia um “efeito dominador” que impacta outros neurotransmissores e hormônios essenciais para o equilíbrio do organismo.
Fabiano explica que essa desregulação afeta neurotransmissores como a serotonina e a dopamina, responsáveis pelo bem-estar e motivação, além de hormônios como o cortisol, associados ao estresse, e a vasopressina, que regulam funções essenciais, como a retenção hídrica e a pressão arterial . “Essa cascata descontrolada pode alterar a morfologia de algumas estruturas cerebrais, impactando estruturas como o hipocampo e o córtex pré-frontal, responsáveis por memória, tomada de decisão e regulação emocional”, alerta.
A pandemia do excesso de ansiedade
O especialista aponta para a cultura digital como um dos principais assuntos dessa crise de ansiedade. “Vivemos uma pandemia de excesso de ansiedade derivada da cultura atual que promovemos. As redes sociais, por exemplo, trouxeram mais efeitos negativos do que positivos para a vida humana”, enfatiza. Ele observa que o consumo excessivo de redes sociais gera comparações constantes, sobrecarga de informações e uma sensação de urgência permanente, fatores que intensificam a resposta dolorosa do cérebro.
Impactos intergeracionais e epigenéticos
Além dos efeitos imediatos no indivíduo, o Dr. Fabiano destaca o impacto de longo prazo da ansiedade excessiva, tanto na saúde física quanto na mental. Ele ressalta que, de forma epigenética, essas alterações podem ser transmitidas para as próximas gerações. “A ansiedade desregula neurotransmissores e hormônios, altera a morfologia de algumas subregiões cerebrais e traz consequências de acordo com a predisposição genética do indivíduo. Exemplos disso são o autismo e o TDAH, condições que podem ser intensificadas por fatores ambientais e culturais levando em consideração a ansiedade e epigenética”, explica.
O papel da ciência e da sociedade
O neurocientista acredita que entender a ansiedade em sua complexidade é essencial para desenvolver estratégias de prevenção e tratamento. Ele sugere que, além do cuidado individual, a sociedade como um todo precisa compensar hábitos e padrões de comportamento que fomentam o excesso de ansiedade. “A solução passa por educar sobre o funcionamento do cérebro, promover práticas saudáveis e estabelecer limites no uso de tecnologias que nos desconectam da nossa essência humana”, conclui.
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