Fabiano de Abreu
Pesquisador e neurocientista Fabiano de Abreu acredita que a inteligência não biológica será possível quando a consciência humana for decifrada
Os avanços na neurociência, aliados à matemática e à computação, permitem sonhar com o dia em que a consciência humana, mesmo que complexa biologicamente, possa ser transportada para o mundo artificial.
Para o pesquisador e neurocientista, com especialização em inteligência artificial pela IBM Fabiano de Abreu, tal avanço só será possível quando a ciência criar modelos matemáticos e códigos binários para reproduzir a consciência artificial.
“Seria necessário saber exatamente como o cérebro produz a consciência e entender se a subjetividade deixaria que outros sistemas fossem capazes de reproduzi-la", avalia. “Se entendermos que a consciência se origina de uma organização física e funcional, outros sistemas de inteligência artificial podem ser capazes de reproduzir o mesmo processo, ainda que falemos em algo que não é fisicamente manipulável”, pondera.
Ainda segundo o pesquisador, o cérebro é um sistema complexo de células neuronais e sinapses, que podem ser monitoradas artificialmente.
“Conseguir transportar a consciência humana para a máquina com toda a carga subjetiva que nosso cérebro nos proporciona, é um sonho, embora o paradigma da inteligência artificial se baseie em computações simbólicas”, afirma.
Abreu, que está trabalhando em um estudo sobre personalidades calculadas, como uma dízima periódica, afirma que nos últimos anos, tem havido grande progresso nas questões da consciência artificial, como a compreensão do funcionamento do neurônio e a criação de modelos sintéticos.
"Esses modelos funcionam em minúsculas redes e conseguem reproduzir pequenas respostas, além de permitir a criação na robótica de organismos artificiais, que podem mimetizar dados comportamentais dos seres humanos e reconhecer-se a si mesmos”, completa.
Contudo, de acordo com o pesquisador, sem explicar o que é a consciência, será difícil conseguir transportá-la para um mecanismo físico que não seja o cérebro.
“Conseguimos pequenos avanços e progressos, mas para um organismo conseguir deter todas as capacidades cognitivas biológicas, ter julgamento e livre arbítrio e conseguir pensar por antecipação, vai um longo caminho”, finaliza.
Sobre o autor
Fabiano de Abreu Rodrigues, é colunista do TecMundo, doutor e mestre em Ciências da Saúde nas áreas de Neurociências e Psicologia, com especialização em Propriedades Elétricas dos Neurônios (Harvard), especialização em inteligência artificial na IBM, IPI Intel com especialização em hardware e montagem de computadores. É membro da Mensa International, a associação de pessoas mais inteligentes do mundo, da Sociedade Portuguesa de Neurociência e da Federação Europeia de Neurociência. É diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), considerado o principal cientista nacional para estudos de inteligência e alto QI.
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