sábado, 2 de julho de 2022

Jejum de dopamina: neurocientista alerta que prática é maléfica e fraudulenta

“É só mais uma invenção de marketing incoerente”, afirma o PhD em neurociência Fabiano de Abreu 


Um dos mais novos métodos para aumentar a produtividade e bem-estar adotado por empreendedores do polo tecnológico do Vale do Silício (EUA) é o “jejum de dopamina”. Sem nenhuma comprovação científica dos benefícios, os defensores do método passam dias evitando atividades prazerosas e agradáveis com o objetivo de melhorar o funcionamento do cérebro. Alguns adeptos até mesmo suspendem a alimentação. 


Segundo o neurocientista Doutor Fabiano de Abreu, a prática vai na contramão do que promete: não eleva a produtividade e aumenta os riscos de depressão. "O erro começa pela palavra, já que o significado de jejum é referente à comida e a dopamina é um neurotransmissor sintetizado a partir do aminoácido tirosina na glândula suprarrenal e em quatro regiões do cérebro”, adverte Fabiano de Abreu.


Os adeptos do jejum de dopamina acreditam que o ser humano passa muito tempo com atividades improdutivas devido ao fato de buscar cada vez mais dopamina, um neurotransmissor que promove sentimentos de prazer, motivação e recompensa. 


“Um "jejum" desta substância promove sensações opostas e prejudica o organismo como um todo. Uma das possíveis consequências é desencadear precursores que afetam as condições de ordem psicológica e que comprometem o bem-estar a longo prazo” afirma Fabiano de Abreu, que é Mestre em Psicanálise e Doutor em Ciências da Saúde.


Uma entrevista da BBC com um adepto do jejum de dopamina narra as práticas: ele suspende a alimentação, ingere apenas água, evita interagir com outras pessoas e abdica o uso do smartphone. De todas as práticas, Fabiano de Abreu salienta que apenas a suspensão de celular é vantajosa: “devemos usar o aparelho com sabedoria, períodos sem celular podem ser benéficos. Já suspender a ingestão de nutrientes essenciais para o corpo… isso é prejudicial para o organismo”, afirma. 


“Nosso cérebro é plástico, molda-se mediante às circunstâncias duradouras. Pessoas com depressão, por exemplo, têm a anatomia do cérebro modificada, apresentando uma redução de tamanho no hipocampo, a amígdala e o córtex pré-frontal. Quando nos colocamos em uma atmosfera negativa, desmotivada, sem prazer, com o passar do tempo o cérebro é moldado da mesma maneira”, informa o Doutor Fabiano de Abreu.


Quando a prática de jejum de dopamina é recorrente, pode afetar a personalidade da pessoa e gerar comportamentos maléficos recorrentes e também depressão. Mas existe “vício de dopamina?” Sim. O vício de dopamina acontece em determinadas situações, principalmente as da contemporaneidade, como o uso abusivo do celular. 


“O vício está também na facilidade, onde para a recompensa não é necessário gastar muita energia. Mas a solução para isso não é um jejum de dopamina, é parar de fazer aquilo que se sabe das consequências ruins e adotar mudanças no modo de vida para ter uma saúde mental e produtividade melhor. Tenha cuidado antes de adotar métodos sem respaldos científicos: jejum de dopamina é só mais uma invenção de marketing incoerente”  orienta o Doutor Fabiano de Abreu



Jejum de dopamina é só mais uma invenção de marketing incoerente


Para começar que jejum é sobre comida - e dopamina é um neurotransmissor liberado pelo cérebro


O polo tecnológico do Vale do Silício é centro de diversas invenções - mas nem tudo que sai dali promove benefícios para a sociedade. Uma das mais novas práticas advindas do Vale do Silício é o jejum de dopamina, que consiste em abdicar-se de atividades prazerosas (e até mesmo de alimentação), adotado por empreendedores e estudantes da região que buscam melhorar o bem estar e a produtividade. 


A prática vai na contramão do que promete. O erro já começa pelo nome, já que jejum é referente à comida e a dopamina é um neurotransmissor sintetizado a partir do aminoácido tirosina na glândula suprarrenal e em quatro regiões do cérebro: nigroestriatal, mesolímbica, mesocortical e túbero infundibular.


Este neurotransmissor promove sentimentos de prazer, motivação e recompensa. Logo, um "jejum" desta substância iria trazer sensações opostas, podendo desencadear precursores que afetam as condições de ordem psicológica que geram comprometimento na vida normal de uma pessoa, podendo levar à depressão.


Os adeptos do jejum de dopamina acreditam que o ser humano passa muito tempo com atividades improdutivas devido ao fato de buscar cada vez mais dopamina. O vício de dopamina existe e está também na facilidade, onde para a recompensa não é necessário gastar muita energia. Mas a solução para isso não é um jejum de dopamina: é interromper atividades que já se sabe das consequências ruins e adotar mudanças no modo de vida para ter uma saúde mental e produtividade melhor. 


Há indivíduos que praticam o jejum de dopamina e suspendem a alimentação, ingerindo apenas apenas água - aí já está outro erro, porque trata-se de deixar de ingerir nutrientes essenciais para o funcionamento do organismo. Outra prática é evitar interagir com outras pessoas e abdicar do uso do smartphone. 


De todas as práticas, somente suspender o uso do celular é vantajoso. Já se sabe que é maléfico o uso abusivo do celular, portanto, devemos usar o aparelho com sabedoria e podemos obter benefícios de períodos sem smartphone. Enquanto suspender a ingestão de nutrientes essenciais para o corpo… isso é cientificamente prejudicial para o organismo. 


Nosso cérebro é plástico, molda-se mediante às circunstâncias duradouras. Pessoas com depressão, por exemplo, têm a anatomia do cérebro modificada, apresentando uma redução de tamanho no hipocampo, a amígdala e o córtex pré-frontal. Quando nos colocamos em uma atmosfera negativa, desmotivada, sem prazer, com o passar do tempo o cérebro é moldado da mesma maneira.

Quando a prática de jejum de dopamina é recorrente, uma das possíveis consequências é alterar a personalidade da pessoa, gerar comportamentos maléficos recorrentes e também depressão. As coisas não podem ser analisadas de forma superficial: é preciso ter muita cautela antes de adotar métodos da “moda” sem qualquer tipo de respaldo científico. Caso contrário, o resultado pode ser justamente o contrário do que se espera - como é o caso do jejum de dopamina. 


Sobre Prof. Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues


Prof. Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues é PhD em Neurociências, Mestre em Psicanálise, Doutor e Mestre em Ciências da Saúde nas áreas de Psicologia e Neurociências com formações também em neuropsicologia, licenciatura em biologia e em história, tecnólogo em antropologia, pós graduado em Programação Neurolinguística, Neuroplasticidade, Inteligência Artificial, Neurociência aplicada à Aprendizagem, Psicologia Existencial Humanista e Fenomenológica, MBA, autorrealização, propósito e sentido, Filosofia, Jornalismo, Programação em Python e formação profissional em Nutrição Clínica. Atualmente, é diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito; Membro ativo da Redilat - La Red de Investigadores Latinoamericanos; Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, diretor da MF Press Global, membro da Sociedade Brasileira de Neurociências e da Society for Neuroscience, maior sociedade de neurociências do mundo, nos Estados Unidos. Membro da Mensa International, Intertel e Triple Nine Society (TNS), associação e sociedades de pessoas de alto QI, esta última TNS, a mais restrita do mundo; especialista em estudos sobre comportamento humano e inteligência com mais de 100 estudos publicados.


Fabiano de Abreu 
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Gestão geral grupo MF Press Global 




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