O que Freud disse que a neurociência comprova
A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) foi palco nesta terça-feira (14) do curso de extensão do laboratório de Educação, Gênero e Sexualidades. Um dos palestrantes foi o neurocientista mestre em psicanálise luso-brasileiro Fabiano de Abreu Agrela.
Ele participou do módulo 04 do curso, que foi pautado pelo tema "Mal estar na atualidade: a sociedade do cansaço". Para o especialista, a neurociência desvenda o comportamento humano atual com base nas regiões do cérebro que comprovam as razões para cada comportamento.
Fabiano relembrou na sua palestra que Freud dizia que vamos alcançando maturidade emocional quando trocamos a emoção pelo sentimento, como por exemplo a raiva pela tristeza. O freio dos impulsos, ainda conforme ele, faz com que o cérebro comece a trabalhar de forma mais racional intelectualizando o problema.
"Na neurociência entendemos isso perfeitamente. Por diversos fatores, entre eles a plasticidade em raciocinar sobre o problema, trabalhando a região da inteligência no cérebro, como também desconectar e conectar regiões mudando a emoção. Ou seja, um auto controle utilizando neurotransmissores inibitórios e excitatórios para essa mudança. O que eu estou tentando passar é que para os entendimentos dessa questão não basta ser somente um neurocientista ou um psicanalista, é preciso formação em Medicina ou em Biologia. Muito do Freud dizia tem comprovações neurocientíficas. Eu chamo isso, o que eu uso, de neuropsicanálise, mas não aquela que vemos por aí. Tem que ter base biológica ou médica, junto à psicanálise e neurociências", iniciou.
Fabiano declarou que atualmente vivemos em uma era cheia de coisas que transbordam e vão além da nossa mentalidade, usurpando a nossa mente, deixando-a trabalhar ativamente de maneira inadequada sem sequer desligá-la por alguns momentos. "Isto nos causa uma fadiga, um cansaço, que nasce como uma resposta do corpo quando as disfunções dos neurotransmissores estão em descompasso para com o nosso organismo", completou.
Para o neurocientista, a relação entre psicanálise e educação vem de longas datas, desde que Freud, em 1913, demonstrou seu interesse pela pedagogia na intenção de possibilitar uma melhor compreensão, por parte dos educadores, sobre o desenvolvimento da criança e do adolescente.
Fabiano mencionou também suas impressões sobre um dos temas centrais do curso: a sexualidade. Ele tocou no assunto ao comentar as tentativas da sociedade de privar as crianças, por exemplo, das discussões sobre qualquer assunto referente ao tema.
"A pressão que a sociedade exerce sobre o indivíduo desde sua infância, a partir da educação, faz com que a criança se conforme a uma realidade que, de regra, a de dissimular sua investigação e seu conhecimento de tudo o que possa se relacionar à sexualidade. Mas a finalidade da educação é a instauração do princípio de realidade, é permitir ao indivíduo, submetido ao princípio do prazer, a passagem de pura satisfação para um universo simbólico, que faz referência a uma lei: a da castração. A entrada no universo simbólico se dá pela linguagem. É essa condição de ser submetido à linguagem que diferencia o homem dos outros animais, caracterizando-o em sua especificidade ao mesmo tempo em que permite a constituição de sua subjetividade", comentou.
Ou seja, para o neurocientista, a educação pode ser a base da construção de uma maturidade que na infância é atrelada diretamente ao desenvolvimento do próprio cérebro. "Ele, na infância, não está desenvolvido ao ponto de propiciar um entendimento mais racional para este assunto", finalizou.
Sobre Fabiano de Abreu Agrela
Dr. Fabiano de Abreu Agrela é diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), Cientista no Hospital Universitário Martin Dockweiler, Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Membro ativo da Redilat - La Red de Investigadores Latino-americanos, do comitê científico da Ciência Latina, da Society for Neuroscience, maior sociedade de neurociências do mundo nos Estados Unidos e professor nas universidades; de medicina da UDABOL na Bolívia, Escuela Europea de Negócios na Espanha, FABIC do Brasil e investigador cientista na Universidad Santander de México. Registros profissionais: FENS PT30079 / SFN C-015737 / SBNEC 6028488 / SPSIG 2515/5476.
Isabella Dias
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