O Tempo
Estima-se que a lama chegue ao vizinho Espírito Santo e várias comunidades já estão estocando água; cerca de meio milhão de pessoas podem ser afetadas
Autoridades brasileiras aumentaram nessa terça-feira (10) as exigências à empresa Samarco por sua responsabilidade na enxurrada de lama e resíduos de mineração que devastou Bento Rodrigues, distrito de Mariana (Minas Gerais), enquanto o fluxo de barro continua avançando e ameaça o abastecimento de água em várias regiões.
Na quinta-feira passada, uma imensa onda de 2,5 metros de lama e rejeitos de minério engoliu em poucos minutos a cidadezinha, após o rompimento de duas barragens da Samarco, de propriedade, em partes iguais, da anglo-australiana BHP Billiton e da brasileira Vale.
A avalanche já avançou 400 km através do Rio Doce, inundando comunidades vizinhas em sua passagem e contaminando a bacia que, segundo moradores, exala um forte cheiro de produtos químicos. A população, indignada, começou a postar nas redes sociais fotos de plantações destruídas, bem como de peixes, tartarugas e outros animais mortos, cobertos de barro.
Estima-se que ainda nesta terça a lama chegue ao vizinho Espírito Santo e várias comunidades já estão estocando água. Cerca de meio milhão de pessoas podem ser afetadas.
O último boletim oficial dos bombeiros reporta seis mortos, 21 desaparecidos e 631 pessoas desalojadas, que estão abrigadas em hotéis de Mariana, a cidade mais próxima do distrito arrasado.
As atividades da Samarco em Minas Gerais foram suspensas pelo governo do estado e a empresa deu licença remunerada a 85% de seus funcionários no estado e no vizinho Espírito Santo.
A justiça, no entanto, aumenta as exigências enquanto investiga as responsabilidades da décima exportadora do Brasil.
Nesta terça-feira, uma decisão judicial obrigou a Samarco e autoridades do Espírito Santo a recolher e conservar "as provas necessárias para obter indenização pelos danos ambientais e os danos morais coletivos no estado a partir da ruptura das barragens", informou a justiça estadual.
A Samarco deveria fornecer desde esta terça-feira um helicóptero para sobrevoar o trecho do Rio Doce no Espírito Santo afetado pela contaminação. Se não o fizer, terá que pagar uma multa de 50.000 reais por dia.
A decisão judicial obriga, ainda, o governo do estado a acompanhar o avanço da onda de barro pelo Rio Doce e fazer coletas e análises da água "antes, durante e depois da passagem da onda".
A agência de classificação de risco Moody's anunciou a retirada do grau de investimento da Samarco (de Baa3 para Ba1), e manteve a nota em revisão para uma eventual nova baixa.
A classificadora Fitch colocou as notas da dívida da mineradora sob observação negativa para um possível rebaixamento após o acidente.
As duas agências expressaram inquietação sobre uma menor produção de minério de ferro após o acidente, assim como com a possibilidade de que a empresa seja processada por danos civis e ambientais e receba elevadas multas.
Analistas do Deustche Bank preveem que "a Samarco poderá ficar fechada por anos e que o custo da limpeza supere um bilhão de dólares".
O Tempo
Nenhum comentário:
Postar um comentário