O poeta Carlos Drummond de Andrade parecia prever o desastre provocado pela Samarco, empresa controlada pela Vale (ex-Companhia Vale do Rio Doce) e a anglo-australiana BHP Billinton quando escreveu, em 1984, o poema “Lira Itabirana”:
I
O Rio? É doce.
A Vale? Amarga.
Ai, antes fosse
Mais leve a carga.
II
Entre estatais
E multinacionais,
Quantos ais!
Entre estatais
E multinacionais,
Quantos ais!
III
A dívida interna.
A dívida externa
A dívida eterna.
A dívida interna.
A dívida externa
A dívida eterna.
IV
Quantas toneladas exportamos
De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro?
Quantas toneladas exportamos
De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro?
Publicado em 1984 no jornal Cometa Itabirano, o poema não chegou a ganhar versão subsequente em livro — o que levou alguns portadores de antologias de poemas do autor a, em um primeiro momento, duvidar da autenticidade da citação, mas os versos são mesmo de Drummond.
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