quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Vale tem prejuízo de R$ 44 bi em 2015

A mineradora Vale fechou 2015 com prejuízo acumulado de R$ 44,213 bilhões, ante um lucro de R$ 954 milhões em 2014, devido principalmente a maiores baixas contábeis, e ao efeito negativo nos resultados financeiros da desvalorização do real frente ao dólar, segundo relatório divulgado nesta quinta-feira (25).
Segundo a consultoria Economática, é o maior prejuízo já registrado por uma companhia aberta brasileira desde 1986, quando a instituição começou a fazer o acompanhamento do mercado. O segundo maior prejuízo foi do Banco Nacional, de R$ 26,455 bilhões, em 1995.

Os prejuízos históricos foram ajustados pela inflação medida pelo IPCA até 31 de dezembro de 2015, segundo a Economática.
No quarto trimestre, que acumulou a maior parte das baixas contábeis feitas pela Vale no ano, o prejuízo foi de R$ 33,156 bilhões, contra perdas de R$ 4,761 bilhões no mesmo período do ano anterior. Em vídeo publicado no site da companhia, o diretor financeiros da companhia, Luciano Siani, disse que as baixas contábeis foram feitas para ajustar o valor dos ativos à nova realidade de preços das commodities.
O principal produto da companhia, o minério de ferro, teve forte desvalorização em 2015, fechando o ano abaixo de US$ 40 por tonelada. Isso significa que a empresa terá, no futuro, uma receita menor do que a esperada anteriormente e, por isso, teve que rever o valor contábil de seus projetos. Assim, a companhia reduziu o valor de seus ativos em R$ 36,280 bilhões.
Siani explica que os efeitos das provisões e do câmbio são contábeis e não têm impacto na geração de caixa da companhia. Ele destacou, em sua fala, a geração de caixa no período, de R$ 23,654 bilhões, alegando que é resultado do esforço para cortar mais de US$ 5 bilhões em custos.
Embora positiva, a geração de caixa (medida pelo indicador Ebitda) em 2015 foi 24% inferior à verificada no ano anterior, devido à queda nas margens de lucro. No quarto trimestre, a geração de caixa foi de R$ 5,386 bilhões, redução de 3% com relação ao mesmo período de 2014.
Ao mesmo tempo em que impacto negativamente a dívida da companhia, que é de US$ 28,853 bilhões, o câmbio teve efeito positivo sobre a receita, uma vez que grande parte da produção da Vale é exportada. A receita com exportações, em dólares, caiu 43%, para US$ 13,333 bilhões, mas em reais, a receita bruta da empresa teve queda de apenas 3% no ano, para R$ 86,935 bilhões em 2015.
Para enfrentar a crise, a Vale vendeu US$ 3,526 bilhões em ativos em 2015, incluindo navios, ativos de energia e suas ações a mineradora MBR.
Para 2016, a Vale tem como objetivo continuar se tornando cada vez mais competitiva, para gerar caixa neste cenário de preços desafiadores e continuar investindo no seu principal programa o S11D, que vai levar a companhia a um novo patamar de competitividade para gerar retorno aos seus acionistas', afirmou.
A direção da Vale já aprovou proposta para não pagar dividendos referentes ao resultado de 2015. O assunto ainda será em assembleia de acionistas.
Em dólares, a Vale teve prejuízo de US$ 8,596 bilhões.
SAMARCO
Em carta publicada no balanço de 2015, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, diz que os esforços da companhia para reduzir custos foram 'ofuscados' pela tragédia de Mariana (MG), que deixou 17 mortos e 2 desaparecidos.
A Vale registrou prejuízo de R$ 44,213 bilhões no ano, com fortes impactos da queda dos preços do minério, que levaram à queda de receita e à baixa de ativos, e da desvalorização do real frente ao dólar.
Em sua carta, Ferreira preferiu destacar os resultados de seu esforço para reduzir custos durante o ano.
A Vale diz que 'tem adotado todas as medidas necessárias para assegurar seu direito de defesa.' Desde os primeiros dias após a tragédia, a mineradora tem tentado se descolar, do ponto de vista jurídico, da subsidiária.
O Tempo

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