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A denúncia feita pelo Ministério Público, de manipulação de ações da Vale do Rio Doce, descreve como, em apenas um dia, seis diretores e sete membros do conselho de administração do InvestVale, clube de investimentos dos empregados da companhia, lucraram R$ 4,48 milhões. Ao todo, os ganhos chegaram a R$ 40 milhões. O InvestVale foi criado para ajudar os empregados a participar da privatização da Vale. Para comprar ações da companhia, o BNDES deu um empréstimo de R$ 180 milhões. As ações dos empregados ficaram bloqueadas no clube de investimentos, como garantia ao empréstimo. Ao longo de 2003, os acusados compraram cotas de outros empregados da Vale. Eles adquiriram 31,1 mil cotas, com o preço de R$ 35 por unidade. Só entre os dias 15 e 17 de julho, eles compraram 11,8 mil cotas. Segundo denúncia do Ministério Público, assinada pelo procurador da República José Augusto Simões Vagos, alguns acusados recorreram a empréstimos bancários para comprarem cotas, uma vez que tinham informações privilegiadas e sabiam que teriam um grande lucro com a operação. Em novembro de 2003, quando o BNDES liberou um terço dos papéis que serviam de caução ao financiamento, as cotas quintuplicaram de preço, gerando lucro imediato. Essas irregularidades foram levantadas no Inquérito Administrativo nº 07/2004 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Os técnicos responsáveis pela apuração sugeriram a punição dos ex-diretores e conselheiros, segundo relatório encaminhado à Procuradoria da República. Fontes da CVM informam que o caso só deverá ser julgado dentro de, no mínimo, três meses. Ainda segundo a denúncia, os seis diretores do InvestVale - Francisco Valadares Póvoa, Otto de Souza Marques Junior, Marcos Fábio Coutinho, Álvaro de Oliveira Junior, Luiz Alexandre Bandeira de Mello e Hélcio Roberto Martins Guerra - tiveram ganhos ainda maiores. Eles promoveram a modificação do estatuto, que passou a prever "taxa de liquidez", ou seja, uma comissão para os diretores sobre as vendas das cotas. Com a liberação dos papéis pelo BNDES, a "taxa de liquidez" para os seis foi de R$ 35 milhões. O presidente Póvoa e Marques Júnior levaram R$ 9,8 milhões, cada um. Marcos Fábio ficou com R$ 5,3 milhões enquanto os outros três embolsaram cada R$ 3,5 milhões. A reportagem do jornal O Estado de S.Paulo tentou localizar os denunciados, sem obter retorno das ligações. Póvoa, não foi localizado. Já o ex-diretor Marques Júnior não retornou as ligações. Os conselheiros Rocha Drumond, Junqueira Pradez e Vinícius Pereira Martins preferiram não se pronunciar. Outros cinco acusados não retornaram as ligações e três não foram localizados.
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