sábado, 16 de julho de 2016

Pessoas generosas agem por instinto, e egoístas, por escolha

O Tempo

ATITUDES



PUBLICADO EM 16/07/16 - 03h00

Estudiosos comprovam que a natureza humana prefere ajudar o próximo


Boston, EUA. Sabe quando, na ficção, surgem histórias sobre dois irmãos gêmeos, um bom, gentil e prestativo, e outro ruim, traiçoeiro e cheio de malícias? Pois a ciência explica que, na verdade, essa característica egoísta é fruto de uma escolha, enquanto a gentileza faz parte do próprio instinto da pessoa. Além disso, as pesquisas indicam que as pessoas aprendem a ser egoístas e escolhem assumir esse comportamento em determinadas situações.

Um dos principais exemplos que demonstraram essa realidade é um experimento realizado em 2012 por professores da Universidade Harvard, nos Estados Unidos. Com o objetivo de descobrir se a natureza humana é egoísta ou gentil, os pesquisadores recrutaram universitários e os dividiram em grupos de quatro.

Cada estudante recebeu uma quantia de dinheiro e teve a opção de separar um pouco do valor para ser multiplicado e distribuído entre o restante dos participantes. Os participantes ganhariam algo mesmo sem compartilhar, mas, apesar da tentação em serem egoístas, a maioria das pessoas escolheu por contribuir com o restante.

Além disso, outro estudo realizado por psicólogos da Universidade Yale, nos Estados Unidos, afirma que o primeiro instinto das pessoas é cuidar e salvar os outros.

Os pesquisadores entrevistaram várias pessoas que tinham arriscado a vida ou a integridade em nome de oferecer ajuda a desconhecidos. “A maioria das pessoas acredita que somos instintivamente egoístas, mas nossos experimentos mostram que quando as pessoas dependem de seus instintos, elas são mais cooperativas”, explicou o psicólogo David Rand, de Yale, em entrevista ao site Nautilus.

Um dos exemplos citados é de Kermit Kubitz, um homem de 60 anos que lutou com um agressor que havia esfaqueado uma menina de 15 anos em uma padaria. Ele foi agraciado com a medalha Carnegie Hero, uma homenagem a “heróis” nos Estados Unidos.

“Eu só tinha dois pensamentos: um, eu tenho que levá-lo para fora, e dois: ‘meu Deus, esse cara poderia me matar, também”, disse Kubitz, que acabou sendo esfaqueado também. “Eu acho que foi apenas instinto. Gosto de acreditar que fiz algo que outra pessoa também faria pela minha filha, por exemplo. Se fosse minha filha, você faria isso por mim? Pode ter certeza que eu faria isso por você”, afirma o homem.

Outro lado. Já no caso do comportamento avarento, os pesquisadores dos estudos sugerem que o egoísmo aparece quando as pessoas param para pensar antes de tomar uma atitude. Assim, eles conseguiram concluir que a gentileza faz parte do instinto, enquanto o egoísmo é uma escolha.
Automática
Ação. Segundo uma pesquisa da Universidade de Tamagawa, no Japão, a generosidade é uma característica automática e surge a partir da ativação de uma área cerebral que controla a intuição e a emoção.
Investir em boa causa estimula cérebro como sexo e drogas

Eugene, EUA. Saber que seu dinheiro vai para uma boa causa pode ativar centros de prazer do cérebro que são estimulados por drogas, sexo e comida, dizem pesquisadores norte-americanos.

As pessoas que participaram de um estudo tiveram essa reação ao saber que o dinheiro delas ia ser doado para uma organização de caridade, mesmo quando a contribuição era obrigatória como um imposto. E elas se sentiram ainda melhor quando a contribuição era voluntária.

Ulrich Mayr, professor de psicologia da Universidade de Oregon, disse que a pesquisa lança luz sobre a natureza do altruísmo e poderia ajudar as pessoas a se sentirem melhores em relação aos impostos que pagam. “Isso mostra que, num mundo ideal, poderia haver uma situação na qual você é um contribuinte satisfeito”, afirmou.
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