terça-feira, 31 de agosto de 2021

Cripto-sensação


Gabriele Couto, assessora da Atrio Investimentos

Se um investidor, em 2010, fosse questionado sobre criptomoedas e suas expectativas para esse investimento, provavelmente não diria que em 2021 elas seriam a grande sensação.

Hoje, um estudo feito pela FGV em conjunto com a gestora de criptoativos Hashdex, divulgado pelo Valor Investe, revelou que as criptomoedas já ocupam a terceira posição entre os investimentos preferidos dos brasileiros, sendo o bitcoin o mais popular entre elas.

A pesquisa, realizada com 576 investidores que são clientes de escritórios de agentes autônomos, entre fevereiro e março de 2021, revelou que 27,78% dos entrevistados possuem Bitcoin ou outra moeda similar em carteira.

É evidente o quanto os criptoativos estão se tornando cada vez mais comuns no mercado financeiro nacional, principalmente com o lançamento de Exchange Traded Funds (ETF’s) ligados à classe, que trazem aos investidores uma opção mais simples e segura para investimentos em criptomoedas.

Em abril deste ano, a Hashdex anunciou o primeiro ETF de criptos do Brasil, o HASH11 (Nasdaq Crypto Index Fundo de Índice). Cerca de quatro meses depois, em meados de agosto, a Bolsa de Valores brasileira já contava com cinco ETFs de criptoativos, três deles da gestora Hashdex (HASH11, BITH11, ETHE11) e outros dois da QR Asset Management (QBTC11, QETH11).

Na crista da onda, as criptomoedas não são preferência apenas entre os investidores pessoa física. Apesar de estarem cada vez mais presentes na vida das pessoas, os investidores institucionais também têm voltado os olhos para esses ativos. Segundo levantamento da Bloomberg, os bancos, que já estiveram do lado oposto, são os maiores investidores do ETF de criptomoedas, HASH11. De acordo com a empresa, o Branco Credit Suisse é o segundo maior investidor do fundo com 471.500 cotas, seguido do Banco BTG Pactual, que possui 211,5 mil cotas do ETF.

A primeira posição em termos de participação também fica para um investidor institucional, a gestora Pollux Capital, que possui cerca de 547,1 mil cotas do HASH11. Outras gestoras como Verde Asset e Vitreo, além da administradora G5 também possuem posições relevantes no ativo de cerca de 100 mil cotas cada.

Entre algumas das principais teses que podem o maior interesse dos investidores pelas  criptomoedas estão a descorrelação com outros ativos, histórico de retorno, popularidade e o potencial da tecnologia. Vale destacar ainda que o conhecimento e preferência pelos criptoativos são mais comuns entre pessoas que se declaram pessimistas em relação à economia brasileira, grupo predominantemente composto por adultos entre 30 e 39 anos.

A pesquisa também revelou que os jovens de até 29 anos são os que mais possuem conhecimento sobre o universo das criptos, eles também são os que possuem maior propensão à tomada de riscos. O eco das criptomoedas é ainda maior entre pessoas com formação superior relacionada às finanças. Mas, mesmo entre aqueles que declaram possuir um perfil de investidor mais conservador, o levantamento também apontou dados interessantes, cerca de 20% das pessoas desse grupo disseram possuir conhecimento expressivo sobre bitcoin e outras criptomoedas.

Todavia, o universo das criptomoedas e os interesses dos investidores por ele ainda têm muitos pontos a serem mapeados. Para executivos e pesquisadores da Hashdex e da FGV, o conhecimento sobre as especificidades dos criptoativos e o perfil dos investidores é essencial para o desenvolvimento do mercado e de medidas educativas direcionadas. Em outras duas fases programadas o estudo deve jogar luz sobre os principais motivos que atraem ou repelem os investidores, além dos impactos da pandemia do covid-19 na escolha pelas criptomoedas e se essa tendência tende a se manter, aumentar ou diminuir no próximo ano.

À frente das criptomoedas, em primeiro e segundo lugar no ranking de investimentos mais populares, somente as ações e a renda fixa com. O volume de aplicações em cada classe de ativo, no entanto, não foi revelado. Dessa forma, é importante frisar que ocupar a terceira posição numa escala de preferência não quer dizer que os criptoativos sejam a classe com o terceiro maior montante de capital investido.


 Rafaela Galdino
Depto. de Jornalismo

Rua dos Timbiras, nº 2.072 – Lourdes  
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário