quinta-feira, 21 de outubro de 2021

 Hospital Marcelino Champagnat

Apenas 40% das mulheres que fazem exames ginecológicos retornam para avaliação

Hospital investe na implantação de um Câncer Center para oferecer acolhimento do diagnóstico ao tratamento da doença, como aposta para reduzir esse índice

Casos de câncer devem aumentar 42% nos próximos dez anos, no Brasil, subindo de 625 mil atuais para mais de 887 mil pessoas com a doença. É o que aponta um estudo realizado pelo The Economist Intelligence Unit em parceria com a Varian Medical System. Entre as justificativas para essa estimativa estão: o envelhecimento da população, a maior incidência do consumo de cigarro e bebidas alcoólicas e da obesidade, principalmente na pandemia de covid-19.

Com base nesse cenário, instituições hospitalares estão se adaptando para ofertar o atendimento completo a esses pacientes, desde o diagnóstico, cirurgia, quimioterapia, até serviços multidisciplinares com psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas e atendimento paliativo. O Hospital Marcelino Champagnat, em Curitiba (PR), está investindo na criação de um Câncer Center, em parceria com o Instituto de Oncologia do Paraná (IOP). 

“Receber diagnóstico de câncer não é fácil, muitos ficam sem saber quem procurar para dar continuidade ao tratamento. Com o término do projeto, vamos fazer esse acompanhamento. A ideia é ter um profissional que dê aos pacientes as orientações sobre os próximos passos após a confirmação da doença, possibilitando atendimento mais assertivo”, explica o diretor-geral do hospital, José Octávio Leme. 

Susto e acolhimento

“Foi um soco na cara.” Assim a engenheira Carolina Lopes define o sentimento de quando descobriu o câncer de mama. Ela sentiu o nódulo pela primeira vez aos 28 anos com o autoexame. Foi a dois médicos, mas pelo tamanho, histórico familiar e idade, foi descartada a necessidade de investigar. Um ano depois, sentiu o caroço maior e voltou ao especialista, que pediu exames com urgência. 

“Não sei se foi sorte ou destino, mas quando liguei para marcar o exame tinha uma desistência e fui correndo para lá. Na hora, o médico que me atendeu alertou que o nódulo estava em um tamanho que é limite entre o benigno e maligno, que eu deveria fazer biópsia para receber o resultado e começar o quanto antes a quimioterapia”, relembra. 

Após essa notícia, a engenheira voltou ao consultório da médica onde pegou uma guia do plano de saúde para realizar a biópsia e a indicação de um mastologista. “Tive sorte porque consegui tudo muito rápido. Mas precisei atravessar a cidade para todas essas consultas. Com certeza, se um local só abrigasse todos os serviços, desde o exame preventivo, diagnóstico e tratamento facilitaria muito. Todo esse processo é muito desgastante e abala o psicológico”, complementa Carolina. A engenheira precisou fazer uma mastectomia unilateral da mama esquerda e 16 sessões de quimioterapia para vencer a doença. 

A oncologista Rosane do Rocio Johnsson ressalta que o acompanhamento de rotina é fundamental para o sucesso no tratamento. “Assim como qualquer tipo de câncer, quanto mais cedo o tumor for diagnosticado, as chances de cura aumentam. A doença pode ser detectada em fases iniciais, em grande parte dos casos, aumentando a possibilidade de tratamentos e com maiores taxas de sucesso”.

Estrutura única facilita acompanhamento

Uma pesquisa realizada pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), a pedido da farmacêutica Pfizer, denominada “Câncer de mama: tabu, falta de clareza sobre a doença, diagnóstico precoce e autocuidado”, indica que, um dos problemas para diagnóstico precoce do câncer é que 78% das mulheres fazem acompanhamento ginecológico, sendo que apenas 40% delas realizam todos os exames solicitados e retornam ao médico com os resultados. Porém, 8% fazem os exames, mas não voltam para avaliação se acreditarem que está tudo bem.

Para o atendimento integral dos pacientes, o Hospital Marcelino Champagnat está reformando um andar inteiro para acomodar três consultórios oncológicos, além da parte administrativa, sala para quimioterapia e cuidados paliativos. A instituição já conta com exames de imagem e centro cirúrgico com tecnologia de ponta.

No primeiro semestre de 2021, foi adquirida a plataforma robótica Da Vinci X, utilizada principalmente em cirurgias oncológicas para retirada de tumores em locais de difícil acesso, como casos na próstata e tórax. Menos invasiva, ela possibilita menor tempo de recuperação e internação ao paciente. 

“O Câncer Center irá atender homens e mulheres e acreditamos que, por acomodar, de forma integrada, a estrutura para detecção e tratamento da doença, o índice de pessoas que não realizam ou não voltam ao médico após os exames será menor”, ressalta o diretor do hospital. 

Imagens

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Engenheira sentiu o nódulo pela primeira vez aos 28 anos com o autoexame
Créditos: arquivo pessoal
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Hospital Marcelino Champagnat está investindo na criação de um Câncer Center, em parceria com o Instituto de Oncologia do Paraná
Créditos: divulgação
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