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Ouro Preto
20 de maio de 2022
Comitê explica que 18 milhões de brasileiros dependem do velho Chico
Por Lucas Porfírio
Na tarde da última quarta-feira (18), o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), durante coletiva de imprensa, em Ouro Preto, Minas Gerais, lançou a nona edição da campanha “Eu viro carranca para defender o Velho Chico”, com o intuito de fortalecer a preservação dos recursos hídricos do rio.
De acordo com o comitê, “a ideia é que em 2022 a campanha ‘Eu Viro Carranca para Defender o Velho Chico’ lance um olhar sobre os múltiplos territórios que integram a Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. Uma Bacia Hidrográfica não se faz de um único rio. São nascentes, afluentes, tributários, riachos, córregos e ribeirões que se interligam nessa verdadeira teia da vida. Territórios que se unem pela lógica das águas”.
José Maciel Nunes de Oliveira, presidente do Comitê, afirma que o Velho Chico são muitos e há uma necessidade urgente de revitalização do rio. “As obrigações em torno da recuperação do São Francisco, um manancial tão importante, é fundamental. A gente precisa que seja iniciado. [...] Na época da transposição do São Francisco, falavam que a cada R $1,00 que fosse gasto, R$ 2,00 viriam para revitalização. Até hoje estamos esperando o dinheiro da revitalização”, completou.
Este ano, a campanha, já iniciada virtualmente, volta a ter atividades presenciais. Durante o evento, foram anunciadas quatro cidades para sediar os eventos do dia 03 de junho, considerado o Dia Nacional em Defesa do Rio São Francisco: Pirapora (Alto São Francisco), Ibotirama (BA – Médio SF), Glória (BA – Submédio SF) e Gararu (SE – Baixo SF). Os eventos serão realizados em parceria com as prefeituras das cidades sede.
Ainda, o comitê alertou sobre os riscos na mudança da legislação que instituiu a política hídrica nacional, a Lei 9.433, através do Projeto de Lei 4.546. “Esse projeto de Lei é totalmente descabido. Ele põe em risco todas as bacias e, principalmente, a do São Francisco. A Lei 9.433 foi uma conquista, discutida pela sociedade para sua aprovação. A nova redação centraliza no estado o poder que era da bacia, pois o povo e os usuários a conhecem melhor. A água é um bem limitado e dotado de valor econômico. Nessa nova redação estão querendo privatizar e fazer um comércio das águas”, destacou.
Segundo Oliveira, caso o projeto, que tramita na Câmara dos Deputados e vem sendo chamado pelo governo de “novo marco hídrico”, seja aprovado, as leis estaduais terão que mudar e os comitês deixarão de ter como aprovar os planos de gestão dos recursos hídricos. “Isso seria delegado às mãos do poder público, que é chapa branca e não conhece a bacia tão bem como quem está lá. Isso traria também a judicialização de conflitos que não existem hoje por causa do comitê. [...] Será um desmonte”, criticou.
O comitê convida todos a participarem da campanha. Para isso, basta postar fotos ou vídeos no instagram com a hashtag #virecarranca. “Vamos mostrar que queremos os rios vivos e para todos. Sua participação é fundamental para a gente seguir conscientizando e mostrando a importância do rio São Francisco para milhões de pessoas”, finaliza.
Jornal O Liberal
Região dos Inconfidentes
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