sábado, 13 de julho de 2019

Populismo: os ídolos da tribo


Populismo é a expressão do turvo ídolo da tribo de Francis Bacon. O ídolo carismático pensa estar nos braços do povo. Mas não é seu carisma que se encontra venerado e afagado. É o anseio popular por uma vida feliz, refletido eventualmente sobre alguém. Poderia ser outro, a ferramenta era o imprescindível.

Nos dias atuais, o populismo é o véu de sombras que impede a percepção da verdade.

O populista despreza o legislativo, o judiciário e as corporações. Sua relação imaginária é direta com um povo que o embalou. Este virá em seu socorro, mas amiúde o frustra.  O grande literato francês Charles-Louis Philippe fez escola.

Seus fundamentos e sua propostas são imaginárias, porquanto flertam o povo com a solução de seus problemas, que não serão solucionados segundo a simplicidade tosca e direta ("action directe").

O populismo é a mentira da esquerda e da direita.

No Brasil, Getúlio Vargas, Juscelino Kubtchek, Jânio Quadros, Jango Goulart, foram populistas de esquerda. Propunham a ida dos proletários ao paraíso sem dizer-lhes que essa viagem era a utopia.

Mantiveram as massas num onirismo esperançoso. Uma lei ou outra, supostamente popular (sempre o próprio povo as sustentava no preço dos produtos), lançava ilusões de veracidade ao discurso mendaz.

Populista de direita é Jair Bolsonaro. Apregoa o bem do povo e acanalha os contrários, no próprio Executivo, nas corporações, na intelectualidade (os populistas odeiam os intelectuais). Todos são inimigos renhidos de suas ideias, que, por sinal, são eventuais espasmos de agonia. 27 anos de "dolce far niente" no cafezinho do Congresso.  Visa organizar um movimento de rua apontando o grande vilão de nossa história: O Supremo Tribunal Federal. Por aí os homens sensatos percebem o risco de seu populismo à democracia, dentro da qual o País é ingovernável, como disse. A rebarbarização saudável de um mundo decadente pelo convite às armas só poderia ser contestada por uma turba de comunistas neandertalescos.

Apenas afastando o véu das falsidades que nos cobre o rosto teremos esperança, fora da esquerda e da direita, que já foram enterradas na recente história do homem. Um governo do real, do enfrentamento das dificuldades, da busca de soluções, da consideração de todas as instituições de representação, de preferência parlamentarista (de um parlamento renovado), política científica, sem pretensão de contatos imediatos com o povo, porém com consideração de suas entidades autênticas e organizadas,  superando-se todos os vírus das inverdades, pode nos situar no caminho da redenção, um dia assemelhável à generosa e, ao que parece, cada vez mais distante,  Terra Prometida.

Amadeu Garrido de Paulaé Advogado, sócio do Escritório Garrido de Paula Advogados.


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