Vinícius Bednarczuk de Oliveira
Muitos deles também são profissionais da saúde e estão em outro tipo de linha de frente nesse momento. Estão trabalhando de suas casas, reaprendendo diariamente a arte de ensinar para conseguir continuar formando novos profissionais da saúde que estarão aptos para atuar em outros tempos.
O professor tem aprendido neste período que, mesmo à distância, pode continuar ensinando, utilizando ferramentas que antes eram desconhecidas, como as videoconferências. O saber, que antes era comumente compartilhado presencialmente, agora segue sendo compartilhado à distância. Sabe-se que há inúmeras variáveis nesta nova realidade, como por exemplo a educação à distância de crianças e adolescentes. Este texto, por sua vez, traz à tona especialmente a realidade do ensino superior.
Desde os primórdios, é possível afirmar que professores são profissionais essenciais. São eles que, com ou sem pandemia, são formadores de opinião, fontes geradoras de conhecimento, passando seus conhecimentos a seus aprendizes através do ensino. Porém, estão acostumados a ensinar com o auxílio de ferramentas como o quadro negro, o giz, slides e dinâmicas em sala de aula, e, em tempos de pandemia, esses profissionais também estão precisando se reformular. Assim como os profissionais de saúde, que estão aprendendo cada dia mais sobre o enfrentamento do coronavírus, os professores precisam aprender novas formas de continuar ensinando, sem sair de casa.
A pandemia mudou diversos hábitos comuns do nosso dia a dia, incluindo a forma de ensinar e aprender. O “novo normal” tem sido o ensino a distância, que infelizmente até pouco tempo atrás ainda era criticado. Será que agora, que se fez necessário transformar o ensino presencial em ensino a distância, não seria o momento ideal para aceitarmos essa modalidade de ensino? Muitos conselhos de classe na área da saúde ainda criticam essa forma de ensino, mas para formar novos profissionais neste momento é o que se faz necessário.
Por quanto tempo? Será que este também não é o futuro? Será que não é hora de rever as estratégias de ensino na área da saúde? É certo que o conhecimento será sempre uma das ferramentas mais potentes do indivíduo. Há, sem dúvida, uma parte importante a ser feita presencialmente. Nada substitui o olho no olho do paciente. Mas há muito que pode ser feito a distância, considerando, inclusive, que este conhecimento pode chegar a lugares e comunidades que antes jamais vislumbravam a possibilidade de aprender novas profissões.
A partir de agora as modalidades a distância e semipresenciais ganharão mais visibilidade. Fazendo uma analogia com os filmes, nunca vemos grandes aglomerações em filmes futuristas, de ficção científica, diferentemente dos filmes épicos, onde milhares de pessoas se aglomeravam para assistir as batalhas no Coliseu. O conhecimento não está mais estático à um cérebro. Está interligado à tecnologia, com milhares de cérebros por trás gerando novos conhecimentos, transmitindo estes infinitos conhecimentos de maneira remota, aos quatro cantos do mundo.
As idas a congressos, tão comuns na rotina do profissional da saúde, sempre tinham grandes despesas associadas. Passagem, hospedagem, inscrição, alimentação e outros gastos para obter-se conhecimentos específicos, ou, para ministrar pequenas palestras. Hoje já é possível a realização destes eventos via plataformas na internet, que também permitem acessar novos conhecimentos, não excluindo a possibilidade de geração de networking.
Mas e o contato humano?
Este texto foi escrito durante a pandemia do coronavírus, estamos aprendendo diariamente novos hábitos dentro do nosso isolamento social.
Mas como será o futuro? Haverá novas aglomerações quando tudo isso passar? Será que o contato humano vai diminuir? O contato entre as pessoas pode até diminuir, mas o que não pode diminuir são os nossos valores, como solidariedade, honestidade, empatia e respeito, além, indiscutivelmente, da educação que será fundamental para nos auxiliar a responder a tantas perguntas que este texto nos apresenta, neste futuro que precisaremos recriar e cocriar.
Autor: Vinícius Bednarczuk de Oliveira é doutor em Ciências Farmacêuticas, coordenador do Curso de Farmácia do Centro Universitário Internacional Uninter.
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