Neurocientista chama a atenção para uma questão de saúde mental muito importante: o ego da pessoa. E o problema é que o número de pessoas com este problema só está aumentando.
Um crime chamou a atenção dos moradores da cidade de Itaporanga (SP) nessa semana: um homem ateou fogo em uma escola que estava sendo vendida a um novo proprietário e foi preso após buscar ajuda médica para as queimaduras que sofreu ao cometer o delito. Mas, além do ato em si, resta entender o que pode ter levado o antigo dono do colégio a tomar essa atitude. Na madrugada da última quinta-feira, policiais e moradores da região rapidamente chegaram para apagar as chamas, no entanto, a secretaria, diretoria e uma sala de aula ficaram totalmente destruídas. Além do fogo, uma explosão quebrou todos os vidros do imóvel e derrubou um portão. No local, os bombeiros encontraram galões com resíduos de gasolina e um pulverizador agrícola.
O novo proprietário da escola, Erick Custódio, revelou detalhes da negociação para a compra da instituição, o que ele acredita ter uma ligação com o incêndio: “Há duas semanas eu procurei o antigo dono do colégio para fazer uma oferta de compra. O local estava falindo e ia fechar as portas. Como minha esposa e eu estudamos boa parte de nossas vidas lá e atualmente nossa filha é aluna, não queríamos deixar que aquela história acabasse. Foi quando assumimos essa responsabilidade de não deixar o colégio morrer, e no dia que fomos assinar o contrato, ele desistiu do negócio e afirmou que não queria mais fazer a venda”.
Após desistir do negócio, e sem condições emocionais de abrir mão de um bem que administrou por tantos anos, o antigo proprietário simplesmente colocou fogo no local. Para o PhD, neurocientista, psicanalista e biólogo Fabiano de Abreu, essa atitude mostra como a saúde mental deste homem não estava nas condições ideais: “O ‘poder’, numa mente perturbada, pode ser uma arma de auto-destruição, mas que também pode destruir os do seu meio. A pessoa perde a razão e com o que eu chamo de, ‘crença do imortal’, acredita que pode fazer o que quer, sem nada acontecer”, observa.
Fabiano acredita que o número de pessoas com este problema na personalidade pode estar aumentando, e faz um alerta: "Isso vem crescendo cada vez mais com a rede social, onde o usuário atrás da tela pensa ter um poder, distorcendo a razão, com o excesso de liberação do neurotransmissor dopamina que a rede social proporciona, potencializando assim o narcisismo e intensificando as ações de pessoas que têm a necessidade de ser visto, se destacar, para suprir insatisfações com a própria vida."
Quanto ao incêndio na escola, o homem segue internado por conta das queimaduras que sofreu, mas já está preso e as investigações seguirão com a Polícia Civil.
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