sexta-feira, 20 de agosto de 2021

Siderúrgicas reduzem preços pagos pela sucata ferrosa, apesar dos ganhos expressivos com valorização do aço


 Para Inesfa, setor atua como um oligopsônio, com poucas usinas controlando o mercado, o que desestimula a coleta pelos catadores e prejudica o meio ambiente

As usinas siderúrgicas continuam a reduzir os valores pagos pela sucata ferrosa, um dos principais insumos usados na produção do aço. As siderúrgicas estão batendo recordes sucessivos de receita ou lucro, com a recuperação nos preços do aço, mas não têm repassado esses ganhos para os fornecedores de materiais recicláveis.

Segundo levantamento semanal feito pela S&P Global Platts, agência americana especializada em fornecer preços-referência e benchmarks para os mercados de commodities, os preços domésticos da sucata ferrosa brasileira vêm caindo toda semana. No último dia 16, a redução dos preços em média foi de R$ 50 por tonelada.

“As usinas acumularam grandes níveis de estoque de sucata de obsolescência (insumo de material em desuso recolhido por catadores) nos últimos meses e estão comprando apenas o necessário, a conta-gotas”, informou uma empresa recicladora à S&P. A queda do preço no dia 16 é a segunda queda em agosto considerada pela Platts, totalizando R$ 100 por tonelada para a HMS e sucata de cavaco.

Na opinião de Clineu Alvarenga, presidente do Instituto Nacional das Empresas de Sucata de Ferro e Aço (Inesfa), “as usinas estão baixando há alguns meses os preços da sucata de obsolescência, com reflexos negativos nos ganhos dos catadores (mais de 1 milhão em todo o país), desestimulando a coleta e achatando ainda mais a renda daqueles que mais precisam neste momento”.

Para Alvarenga, as usinas atuam como um oligopsônio no mercado, quando são poucos os compradores e atuam para controlar os preços dos insumos. Alvarenga lembra que, em um período de dois meses, a tonelada de aço teve uma queda de apenas 6,5%, enquanto a sucata de obsolescência 50%. “É o único país do mundo onde se vê tamanha disparidade.”

Apesar dos argumentos de altos estoques das usinas, o consumo de sucata no Brasil vem reagindo desde o final do ano passado, puxado pela forte retomada da indústria da construção civil e maior procura por aço, podendo superar 9 milhões de toneladas neste ano, 13,1% acima de 2020, que foi de 7,957 milhões de toneladas.


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 Letras & Fatos Comunicação

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