quinta-feira, 2 de setembro de 2021

MULHERES RECEBEM CAPACITAÇÃO DURANTE EVENTO DO AGOSTO LILÁS

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Ouro Preto

01 de setembro de 2021

Por Karina Peres

Marcando o encerramento do “Agosto Lilás”, aconteceu na tarde desta segunda-feira (30), uma capacitação voltada para mulheres, ministrada pela advogada Ana Laura Neves. O objetivo do evento era de intensificar a divulgação da Lei Maria da Penha, bem como sensibilizar e conscientizar a sociedade sobre a importância do combate à violência contra a mulher. Além de divulgar os serviços especializados de proteção à mulher em situação de violência. A proposta do evento teve o apoio da vereadora Lilian França (PDT), a única mulher representante do legislativo de Ouro Preto.

Ana Laura iniciou a capacitação fazendo um resgate histórico sobre a luta feminina, a inserção da mulher no mercado de trabalho e a história da Lei Maria da Penha. “Eu contei a história, o porquê da Lei e sobre a própria Maria da Penha, sobre os anos de sofrimento psicológico que lhe foram impostos pelo ex-marido, que durante 23 anos a agrediu rotineiramente e ela se mantia nessa relação em nome da família. Até que ele tentou matá-la duas vezes, uma vez com um tiro e outra eletrocutada. Contei da luta dela em busca de justiça”, afirmou. Durante a palestra, a advogada também abordou outras leis que também defendem a mulher, como a Lei Carolina Dieckmann e a Lei Mariana Ferrer.

Além disso, Ana Laura também falou sobre os canais de denúncia que as mulheres devem procurar. “Eu abordei canais de denúncia que as mulheres e outras pessoas devem pedir ajuda. Em caso de qualquer tipo de violência, a denúncia pode ser feita pelos números 180 e 100. Além disso, a Polícia Civil Estadual também criou uma delegacia virtual que por lá as mulheres podem até pedir medidas protetivas. Falei também sobre um projeto pioneiro da Polícia Militar que tem como objetivo a proteção da vítima de violência doméstica, que conta com uma equipe multidisciplinar de prevenção e repreensão desse tipo de crime. É o primeiro de Minas e o segundo da América Latina” informou Ana Laura.

A advogada também ressaltou a importância de campanhas como o “Agosto Lilás" no enfrentamento e prevenção da violência contra à mulher. “Essas campanhas, em curto prazo, elas funcionam como funcionaram as campanhas sobre o uso do cinto de segurança, do cigarro e de beber e não dirigir. Essas campanhas criam uma nova cultura social e precisam ser feitas dia sim e dia também. Fazendo com que o agressor seja visto com repúdio. Como uma pessoa que acende um cigarro em um local proibido e teme não somente a punição, mas teme a vergonha e a exclusão do convívio social por outros cidadãos”, assinalou.

Maria Aparecida Tavares dos Santos, participou da capacitação e também sobre a importância da campanha discutir a violência doméstica na região. “É muito importante ter esses eventos aqui em Ouro Preto porque temos muitos casos de violência contra a mulher. Essa capacitação pode vir a ajudar muitas que passam por isso, pois elas vão ver que elas têm apoio, indo nessa capacitação, a mulher conhece outras que estão na mesma luta e se sentem mais fortalecidas”, afirmou a participante.

Entretanto, para uma mudança definitiva, a advogada defende que a principal solução está na educação. “Um dos motivos para essa violência contra a mulher é a falta de educação de base, por isso, o projeto é de longo prazo, de investimento de 30 anos, porque é uma mudança de uma geração inteira. Onde se investe em educação, o índice de violência contra a mulher é muito menor, a violência não escolhe classe nem etnias, mas é uma questão de uma educação que precisa começar no jardim de infância até a universidade”, afirmou a advogada. 

Ana Laura enfatizou que as leis voltadas para a proteção da mulher são de extrema importância, mas que somente elas não bastam. “Além das Leis, precisamos de profissionais preparados para atender esses casos e meios tecnológicos efetivos de fiscalização. A lei é ótima, mas ainda falta treinamento de pessoal para acolher essas vítimas, faltam casas de acolhimento, porque como a gente encoraja essas mulheres a sair de casa onde elas sofrem agressões se elas não têm perspectiva de uma vida melhor do que aquela. Então temos que dar esse suporte, promovendo também a capacitação profissional, para que elas tenham meios para cuidar da sua família e uma perspectiva de melhora de vida”, concluiu Ana Laura.

O evento respeitou todos os protocolos de segurança contra a covid-19 e teve entrada limitada a 25 participantes. A capacitação foi gravada e está disponível AQUI.  


Jornal O Liberal 

Região dos Inconfidentes


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