terça-feira, 7 de setembro de 2021

Serão as redes sociais prenúncio do fim?

O homem desenvolveu uma história extremamente veloz. Afinal, alguns séculos não são nada na história da criação. No início, dificuldades imensas se apresentavam às primeiras comunicações e interações entre os seres racionais. Em seguida passamos por um significativo e até mesmo incompreensível avanço no campo fundamental da filosofia, da teologia, do levantamento das instituições e das ciências.

O declínio, não absoluto, mas declínio, na Idade Média, tem explicações apenas parciais. E a retomada do pensamento não ocorreu com os olhos da humanidade postos no futuro, mas no passado, com o Renascimento.

Depois do controvertido Iluminismo, em que foram enfatizados os direitos individuais, em contraste com as recorrentes declarações de paz entre os homens, enfrentamos os grandes conflitos em escala mundiais, levados por interesses econômicos, conquista de mercados e depauperamento do significado espiritual e divino do homem e do mundo.

Concomitantemente, o processo de comunicação ganhou velocidade estonteante, com o rádio. Pelo primeiro momento o homem ganhou o dom da ubiquidade. A um só tempo, os governantes passaram a falar para o mundo, em multiplicação de suas presenças. Depois a televisão, o tempo real, a internet e as redes sociais.

A liberdade conquistada por meio das redes sociais só aparentemente é livre. A comunicação internacionalizada está sob poderes concentrados. A propaganda universal adestra a humanidade e, como é óbvio, não exclusivamente para o bem. A propaganda política é destrutiva, de ideias e adversários. Quanto mais dinheiro, em especial no Estado, mais suspeitas são as propagandas: da construção de um sob o preço da destruição de outro.

As redes sociais veiculam majoritariamente a superficialidade das informações. Estas são massacrantes, mas, ainda assim, não podemos afirmar que não tenham sua valia. O problema reside no esquecimento dos valores do pensamento e da ética, em suma, da cultura dos povos. Atrás do biombo das comunicações deficitárias e ralas, do aviltamento da autorreflexão e da subestimação da fé, medram os péssimos governos, no interior dos quais faleceram pressupostos básicos e ganharam curso massivo a corrupção, os conflitos internacionais, que não são mais guerras com efeitos localizados, e os combates entre homens sem razoáveis motivos filosóficos e políticos.

Nesse contexto, não podemos negar que vivemos perplexos porquanto carentes de um humanismo autêntico. Se ainda existe, é um humanismo degradado, embolorado. E destruidores da humanidade, por interesses pessoais, embarcam nas redes sociais dos comunicados amenos e das divergências grosseiras e desfundamentadas, para consolidar sofismas e propagandas deletérias. 

Amadeu Garrido de Paulaé Advogado, sócio do Escritório Garrido de Paula Advogados.

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