A avaliação é que a política fiscal, por sua vez, continuará atuando de forma positiva com relação à demanda
agregada. Ainda que a diretriz continue sendo a busca pelo equilíbrio fiscal, o nível de gasto do governo será menor que o de 2020, mas superior ao de 2019.
Indústria se recupera, mas ainda exibe sinais de dificuldade
A indústria voltará a crescer, no entanto, a grande questão é por quanto tempo. Segundo Robson Andrade, presidente da CNI, ”vencer a crise é uma coisa, voltar a crescer é outra. Para voltar a crescer é, a indústria brasileira precisa se tornar mais competitiva e para isso é preciso reduzir o Custo Brasil. Precisamos acelerar a agenda das reformas estruturais, sendo que a principal é a reforma tributária ampla.”
A indústria de transformação brasileira viu sua produção encolher, em termos reais, nos últimos 10 anos, principalmente pelos fatores que compõem o Custo Brasil. De 2010 a 2020, o valor adicionado da indústria de transformação se reduziu 1,6% ao ano, em média. Como consequência, o PIB do Brasil cresceu apenas 0,3% ao ano.
O problema tem afetado, sobretudo, os setores de bens de consumo duráveis e bens de capital. A estrutura industrial brasileira está se reconcentrando em direção aos setores tradicionais (que produzem bens de consumo não-duráveis ou semiduráveis), em detrimento dos setores mais complexos e que geram mais externalidades positivas, contribuindo mais para o crescimento da produtividade da economia.
A importância da indústria, para alavancar a economia brasileira, torna essencial aprovar uma reforma tributária ampla, baseada em um imposto sobre valor adicionado, que elimine as distorções do sistema tributário brasileiro. O modelo atual gera distorções nos preços relativos da economia, o que desestimula os setores industriais, sobretudo os de cadeia produtiva longa.
Principais previsões do Informe Conjuntural
- O emprego industrial reduziu o ritmo de crescimento, mas continuou avançando e a confiança e a intenção de investimento mantiveram-se em recuperação.
- Aumento do número de ocupados e, consequentemente, da renda e do consumo. O auxílio emergencial também contribuirá para o crescimento do consumo.
- O aumento da ocupação no restante de 2021 deve se verificar principalmente no setor de serviços, que hoje é mais impactado pelas medidas de isolamento social.
- O crédito direcionado às famílias também não será um estímulo significativo. A manutenção do consumo deve ser garantida pelos depósitos em poupança e por medidas pontuais de governo.
- Inflação deve ultrapassar o teto da meta para 2021 devido: forte reajuste de preços administrados; repasse de custos nos bens industriais; e pressões da alta dos preços internacionais e do câmbio.
- A expectativa é que o BC continue aumentando a Selic até que ela alcance 6,5% ao ano. Assim, os juros cobrados nos empréstimos às empresas devem continuar subindo.
- A CNI estima que, em 2021, o endividamento caia para de 90,9% para 82,3% do PIB. O endividamento público, medido pela relação dívida/PIB, é utilizado como referência para a capacidade de solvência do país.
- A expectativa é que o real continue a se apreciar. Tanto fatores no plano externo como fatores domésticos contribuem para a apreciação do real. A medida da taxa nominal de câmbio é R$ 4,15 por dólar.
- As exportações crescerão para US$ 254,2 bilhões, o que representa aumento de 21,5%, frente a 2020. As importações devem crescer 19%, para US$ 189 bilhões, próximo ao patamar de 2019 (US$ 186 bilhões).
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