domingo, 14 de agosto de 2022

Numa homenagem à memória de meu pai, neste 14 de agosto, Dia dos Pais, estou transcrevendo uma frase do Padre Geraldo Barreto Trindade, pároco de São Domingos do Prata nos idos de 1950, que encontrei nos meus alfarrábios.

"Benjamin parece frágil, sendo magro e baixo, mas transmitiu tanta força para a realização do sonho grande de implantação do Ginásio Estadual Marques Afonso, que transcende a sua dimensão para se transformar em um símbolo da nossa cidade."   

Início da Construção do Colégio Marques Afonso

Senhor Benjamim Torres, fundador do Colégio Marques Afonso, durante a construção, junto a seu filho Carlos e aos Trabalhadores da obra 

A construção do Colégio Marques Afonso (levantando as paredes)

O Colégio Marques Afonso, já concluído
 

Como meu pai enfrentou a velhice

Desse homem conheço numerosos fatos notáveis, mas nada é mais digno de admiração do que a maneira como enfrentou a velhice.
Todas as pessoas desejam viver muito, mas, quando ficam velhas, algumas se lamentam muito.
Certa ocasião, perguntei a meu pai se desejava viver muito tempo, ele respondeu:

  • nada tenho a reprovar em relação à velhice, os frutos dela são todas as lembranças que adquiri do passado;
  • os velhos não devem se apegar, nem renunciar ao pouco de vida que lhe resta, porque ninguém é bastante velho para não viver vários anos a mais;
  • saber distribuir o tempo é saber aproveitá-lo;
  • as pessoas agradáveis suportam facilmente a velhice; o temperamento e a beleza estão em todas as idades;
  • toda idade tem seu prazer e sua virtude. Não é a força nem a agilidade que marcam as grandes façanhas de um homem. O que importa é a maneira de pensar, a sabedoria, a humildade, o discernimento, a honestidade, a bondade e a verdade;

Portanto, meu Pai acreditava ser o ser humano a origem e o fim de todas as coisas na sociedade. Ele entendia que as pessoas, através do estudo e trabalho, buscam a sobrevivência e o crescimento da espécie.
Gostava de dizer: velho sim, velhaco jamais.
Enfatizava que chegou àquela idade tendo permanecido ativo, trabalhado sem descanso desde novo, sobretudo porque tinha perdído seus pais muito cedo, criado sua familia, participado do processo da construção do Colégio Marques Afonso e cultivado o caminho do bem.

A construção do Colégio foi uma boa lembrança que carregava consigo. Sentia que ela tinha propiciado às pessoas, desde o mais humilde ao mais abastado, sentarem-se lado a lado e terem as mesmas oportunidades na vida.
Seu grande sonho e desafio foi diminuir as desigualdades através da educação. Acreditava que não há limites para os sonhos e não importa o tamanho do seu sonho, o importante é acreditar.
Ele dizia que a razão que o motivou a lutar pelo colégio naquela época foi ter observado que muitos pais não tinham condições financeiras de manterem seus filhos estudando fora do prata.
Sua alegria foi muito grande ao perceber que, depois de construído, dentre os primeiros alunos matriculados no colégio havia não só pessoas do Prata, mas também de cidades vizinhas.
Fazia questão de ressaltar que tinha aprendido com sua esposa Auxiliadora, minha mãe, que o que fazemos de graça recebemos em graça.
Meu pai exerceu seu ofício(odontólogo) com profissionalismo, dedicação, amor e respeito aos clientes. 

As lembranças das coisas boas que realizou o confortaram muito na velhice. Dizia que seus cabelos brancos e suas rugas eram a recompensa de um passado exemplar que teve e concluía afirmando:
"assim como o bom vinho, as boas ações que praticamos no passado não azedam com o passar do tempo; Deus nos fornece, aqui na terra, um hotel provisório e não um domicilio definitivo".

Essas são as lembranças que tenho do meu Pai, Benjamim Torres. Guardo com muito carinho a imagem de um homem bom que se sentia muito bem em fazer o bem, que lutou muito para o bem da coletividade, que nos deixou muito orgulhosos com seus gestos, e soube envelhecer com sabedoria, embora tenha partido, continua vivo em meu coração.

Cristóvão Martins Torres


Tentando entender a morte

O nascimento e a morte são as fronteiras da vida, com as quais temos de conviver. A aceitação da transitoriedade da condição humana ajuda a aliviar o sofrimento que a ideia da morte costuma trazer. Pode-se sonhar com o aumento da expectativa da vida, mas não se pode mudar o fato de que tudo vai acabar um dia, mesmo com os avanços da medicina moderna, e ainda que o maior desejo do homem seja a imortalidade. Pesquisas demonstram que pessoas com forte grau de envolvimento religioso, independentemente da crença, têm menos medo da morte. A fé ajuda a superar a ansiedade em relação à nossa finitude. Se há uma vida que se segue à morte, existiria então um continuidade do espirito. A visão espiritual da morte nos dá alivio para enfrentá-la, mas também implica em desapego ás coisas materiais, e a ilusão de eterna beleza e jovialidade, comuns nos dias de hoje, acabam gerando mais tristeza e sofrimento com o fim inevitável de nossa existência. Um filósofo alemão pediu pelo menos um médico para acompanhar o seu enterro e que o seu caixão tivesse  as laterais abertas. Explicou que pretendia mostrar que o médico nada pode fazer quando a morte chega, e que as aberturas laterais permitiriam chamar atenção de que o morto segue de mãos vazias, nada levando consigo. Santo Agostinho escreveu a seguinte reflexão sobre a morte: Siga em frente, a vida continua. A  morte não é nada. É somente uma passagem de uma dimensão para outra. Eu estou, agora em uma outra vida , não podem atormentar essa minha passagem com tristeza e lágrimas. Vocês são vocês. Estão vivos , a vida não pode parar. O que eu era para vocês continuo sendo. A vida significa tudo que ela sempre significou, o fio não foi cortado. Fala-me como sempre falaste. Dá-me o nome que sempre me deste. Não quero tristeza, não quero lágrimas, quero orações. 
PS :
Esta coluna, afetuosamente, presta hoje uma homenagem à memória de minha irmã Madalena, nascida em 1939, e que se despediu da vida na terra no último dia do mês de junho passado. Filha mais velha da nossa família, tinha muito carinho e cuidado cheio de zelo com os seus pais, irmãos e sobrinhos. Tudo nela transbordava amor no relacionamento pessoal . Foi professora no Ginásio Estadual Marques Afonso e funcionária da Caixa Econômica Estadual. Depois de aposentada desenvolveu trabalho como voluntária em Belo Horizonte. Aprendemos com ela lições inesquecíveis. A mais preciosa, de valor espiritual, vem de sua consciência da fé em Deus, que parecia um sexto sentido, e que era como se uma força interna a estivesse guiando para o caminho da devoção religiosa, cuja recompensa estava na alegria com a maneira de viver  e na sua paz de espirito. Ela deixa saudades.

Cristóvão Martins Torres





Ser pai pode transformar um homem? Neurocientista explica o que paternidade faz no organismo masculino

Muito se fala sobre tudo o que acontece com uma mulher, seu corpo e sua personalidade no momento em que ela se torna mãe. Mas, e os homens? Eles também se transformam com a paternidade? O PhD em Neurociências, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, também é pai, e explicou o que acontece no organismo do homem após a paternidade, bem como o cérebro masculino reconhece o novo papel. 

Conforme Fabiano, “diferente das mães, os pais não carregam os filhos por meses em suas barrigas, nem tem a oportunidade de amamenta-los. No entanto, quando existe a responsabilidade que deveria ser inerente a todos os homens, o novo pai aprende que tem uma nova posição no mundo: a de cuidar de um outro ser e amá-lo assim que o conhecer”. 

A partir do fim da gestação até os primeiros meses de vida da criança, uma substância chamada ocitocina será produzida e liberada em maior quantidade no organismo masculino.

Conforme o professor, o comportamento do pai, com o passar do tempo, passa a ser de maior zelo e cuidado em relação ao filho. Há também o aumento de dois neurotransmissores: a serotonina e a dopamina.

O professor também explicou que os aspectos socioculturais do “aborto paterno” também podem prejudicar essa relação, já que, o índice de crianças com pais ausentes ou que nem conhecem seus pais é altíssimo no Brasil. 

O percentual de pais ausentes no Brasil vem crescendo desde 2018. Os quatro primeiros meses de 2022 já conseguiram ultrapassar o índice de recusa à paternidade, se comparados ao mesmo período nos anos anteriores.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Arpen Brasil em seu Portal de Transparência, entre janeiro e abril de 2018, aproximadamente 5,3% dos registros de nascimentos foram feitos apenas com o nome da mãe. Em 2020 e 2021, este índice passou para a casa dos 5,8% e 5,9%. No mesmo período em 2022, o percentual de pais que renegaram a paternidade saltou para 6,6%, o maior até agora.

Em sua experiência pessoal, Fabiano descreveu a paternidade como sendo “um estado diferente, um sentimento intermitente, só se sabe quando se é pai. Ser pai é ser responsável, ter medo de morrer e se preocupar com o futuro do filho. Também é cumprir um ciclo, viver atento e sentir a dor do outro, como sua, porque realmente é, e, sobretudo, ter certeza que sua vida já valeu e que nada foi em vão”, finalizou.

Sobre Fabiano de Abreu Agrela

Dr. Fabiano de Abreu Agrela é diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), Cientista no Hospital Universitário Martin Dockweiler, Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Membro ativo da Redilat - La Red de Investigadores Latino-americanos, do comitê científico da Ciência Latina, da Society for Neuroscience, maior sociedade de neurociências do mundo nos Estados Unidos e professor nas universidades; de medicina da UDABOL na Bolívia, Escuela Europea de Negócios na Espanha, FABIC do Brasil e investigador cientista na Universidad Santander de México. Registros profissionais: FENS PT30079 / SFN C-015737 / SBNEC 6028488 / SPSIG 2515/5476.


“Ser pai é um estado diferente
É um sentimento intermitente
Que só se sabe quando se é pai
Ser pai é ser responsável
É ter medo de morrer
Se preocupar com o futuro do filho
É cumprir um ciclo
Querer viver
É ter prazer de dar a primeira mordida
Da comida preferida a alguém
É viver atento, preocupado com relento
Que pode resfriar
É brigar para ensinar
E por dentro sentir vontade chorar
É viver por alguém e não para si
É sacrificar com a dor pelo
bem de alguém
É sentir que a vida faz sentido
Concluir que existe um pedaço
de você para seguir o ciclo
e prosseguir sua tradição
É ter alguém que mal sabe o sentido
da palavra traição
É ter a certeza que sua vida já valeu
a pena e nada foi em vão.”

Fabiano de Abreu


CEO Fabiano de Abreu 
OBS.: Este email é acessados por outros membros da empresa
Gestão geral grupo MF Press Global 


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