sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

DESFILES DAS ESCOLAS DE SAMBA ABRILHANTAM CARNAVAL DE OURO PRETO

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Ouro Preto

24 de fevereiro de 2023
Carro alegórico da Escola União Recreativa de Cachoeira do Campo, que desfilou pela primeira vez no carnaval de Ouro Preto Imagens: Ane Souz 

Escola de Samba Unidos do Padre Faria sagra-se campeã pela 23ª vez

Por Lucas Porfírio 

O carnaval de Ouro Preto é conhecido, também, por suas escolas de samba. Nos dias 19 e 20 de fevereiro, nove agremiações levaram, para Praça Tiradentes, todo o seu brilho, cor e samba. Alegorias, passistas, bateria, todos os componentes de uma escola foram apresentados ao público, que misturou ouro-pretanos e turistas.

Os desfiles das escolas de samba de Ouro Preto possuem importância histórica e social para os moradores da cidade. É o momento em que as comunidades apresentam o resultado do trabalho coletivo de meses de preparo.

Primeira escola a ser fundada na antiga Vila Rica, em 1957, a Império do Morro Santana apresentou o enredo “Mitos e Lendas de uma Amazônia Encantada”. Este foi um momento emocionante para a escola, um momento de retomada, uma vez que no ano de 2020 ela desfilou apenas com a bateria.

 Destaques da Escola de Samba Império do Morro Santana, primeira agremiação de Ouro Preto

“O primeiro sentimento é de gratidão pela comunidade ter fechado, ter vindo e abraçado a escola. O segundo é de muita alegria, muita satisfação e, principalmente, conseguimos dar a volta por cima. Não viemos 100%, mas no próximo ano iremos vir, ainda melhor que esse ano. Mas, esse ano pra gente foi perfeito, maravilhoso”, contou a presidente da Império do Morro, Maria Luiza Gomes.

Para os moradores do bairro, ver a escola do coração desfilar é recompensador. “A Escola Império do Morro Santana brilhou, arrasou. Estava maravilhosamente linda no desfile”, afirmou a moradora do bairro Morro Santana, Silvia Helena. 

 Porta bandeiras e mestre sala da Escola União Recreativa do Santa Cruz

Participar do desfile de uma escola de Samba ajuda a construir o sentimento de pertencimento ao bairro e a comunidade. Isso é o que conta a Porta Bandeira da Escola União Recreativa do Santa Cruz, Lilian Custódio: “Eu saio como Porta Bandeira da Escola desde quando ela foi fundada, em 2009. É uma emoção muito bonita, a comunidade toda se une em prol da escola. É uma emoção que não sei explicar”.

 Danubia Alessandra, rainha de bateria da Escola de Samba Inconfidência Mineira

Todas as escolas levaram para “avenida” o seu melhor. Moradora do Bairro Antônio Dias, Jeane Tereza de Lima, estava torcendo para a escola do seu bairro, a Escola de Samba Inconfidência Mineira, criada em 1972. “Eu sou do bairro Antônio Dias, o bairro da ESIM. Sempre acompanhei os desfiles. Esse ano a Escola está muito bonita. Mas as que vieram antes também. A expectativa é grande, então vamos ver”, contou a moradora. 

Pessoas que fazem sua própria fantasia

Além de muito samba no pé, quando pensamos em escolas de samba, imediatamente pensamos em fantasias. As agremiações, para poder colocar o desfile nas ruas, contam com o empenho de diversas pessoas, dentre elas as costureiras, responsáveis por confeccionar as roupas da bateria, destaques, alas e tantos outros membros das escolas. 

Rosangela Maria Estevão, madrinha de bateria da Aliança da Piedade. Ela confeccionou a própria fantasia

Mesmo com o trabalho brilhante das costureiras, tem aquelas pessoas que confeccionam a sua própria fantasia, uma forma de demonstrar ainda mais o seu amor pela escola. É o caso da madrinha de bateria da Aliança da Piedade, Rosangela Maria Estevão. 

“No nosso bairro, temos muitas pessoas inteligentes, que fazem a própria fantasia. Eu mesmo, desde 2017 quando comecei a desfilar, sempre fiz a minha e ajudo as outras pessoas a fazerem as suas. Pra mim, representar a escola da Piedade é tudo. Todas as escolas que colocam seu desfile nas ruas, são campeãs. Mas, esse ano nós estamos lutando por nosso título”, explicou a madrinha.

Carros alegóricos: o trabalho dos empurradores

Empurradores colocam os carros alegóricos na “avenida”

Outro ponto de destaque de uma escola de samba, são os seus carros alegóricos. Muitos deles apresentam efeitos especiais que encantam durante o desfile. Mas, para que eles possam atravessar toda a Praça Tiradentes, a escola sair completa e mostrar todo o seu brilhantismo, é necessário o trabalho de dezenas de empurradores.

Riquelme da Silva Custódio é um desses empurradores. “É pelo amor que tenho pelo meu bairro. É pela dedicação de cada um, de cada dia. A piedade sempre foi um bairro unido. Não apenas na questão do samba, mas também em relação ao esporte, cultura e lazer. Sempre foi unido. É um trabalho pesado, mas que vai ser recompensado”, relatou o jovem. 

O sentimento de quem não pode desfilar pela primeira vez

Pela primeira vez, Ingrid Lúcia Cardoso Rosa não pôde desfilar pela escola da Piedade, da qual é coordenadora. Com o pé machucado, ela teve que assistir ao desfile da grade. Cheia de expectativa, ela esperava ver a sua escola do coração passar.

 Público assiste aos desfiles das escolas de samba na Praça Tiradentes

“É muito satisfatório, foi muita dificuldade para pôr a escola aqui. Ela está vindo linda. Todas as escolas são vencedoras só de terem chegado aqui, mas creio que temos grandes chances dela ser campeã. Minha família toda faz parte da escola. Minha mãe é carnavalesca, minhas irmãs e meu namorado tocam, todo mundo desfila. É todo mundo da família. Não deu para desfilar mas ano que vem a gente está junto se deus quiser. É muito difícil não poder estar desfilando, mas é emocionante”, disse Ingrid. 

Homenagens àqueles que não estão mais presentes

Infelizmente, membros das escolas de samba se foram em razão da Pandemia de Covid-19. Depois de dois anos sem desfilar, em 2023, foi hora de homenagear aqueles que ajudaram a construir a história das agremiações e do carnaval ouro-pretano. 

Comissão de frente da Escola Unidos do Padre Faria abre o desfile

“É uma maravilha poder ver esse povão todo saudável. Perdemos muita gente boa, mas graças a Deus a Escola mostrou que está de pé ainda. Apresentamos o Samba Enredo ‘Fake News, deu notícias no meu Samba’”, destacou a vice-presidente da Escola Unidos do Padre Faria, fundada em 1970 e campeã em 2023, Antônia de Jesus de Paula Custódio. 

Jornal O Liberal
Região dos Inconfidentes

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