Matheus Krauze, empresário do ramo de sorvetes, conta como ainda é possível não ser “mais do mesmo”
CURITIBA, 20/05/2024 – Quando pensamos em sorvete, geralmente os primeiros sabores que nos vem à cabeça são os tradicionais de baunilha, chocolate e morango. O fato não é surpreendente, considerando que, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Sorvete (ABIS), esses são os sabores mais populares no Brasil. A baunilha está no topo da preferência com 35%, seguida pelo chocolate com 28% e o morango com 15%.
Descendente de uma família de sorveteiros, Matheus Krauze, neto do criador da famosa D’Vicz, sentia falta de inovação do ramo. “Tive a oportunidade de observar de perto por muitos anos a dinâmica deste mercado, e sempre me incomodou a falta de inovação em sabores, técnicas de produção e formatos de operação. O mercado, apesar de vasto em volume, sempre me pareceu extremamente restrito em termos de criatividade e inovação”, comenta o empresário de 26 anos, que hoje comanda vários empreendimentos no ramo da gastronomia.
A cada viagem para fora do país, a percepção de Matheus sobre o que poderia oferecer como diferencial para o mercado de sorvetes, expandia. O ponto de virada foi uma visita a Hong Kong em 2019, onde descobriu sabores como matchá, gergelim e batata doce, até então desconhecidos no país. “Essa experiência foi um divisor de águas, pois me fez questionar: por que não explorar outras possibilidades no Brasil? Por que me contentar com o convencional quando podemos fazer sorvete de (praticamente) qualquer coisa?”, reflete o empresário.
A inquietação e os questionamentos levaram Matheus a pesquisar e aprender possíveis modelos de negócio que poderia aplicar no Brasil. Após muito estudo de tendências, diversos testes e análises de público alvo, começou a desenhar o que viria a ser um novo formato de sorveteria. “Ao observar diversas práticas globais e trazer insights de diferentes mercados, percebi que havia um espaço significativo para inovação no setor de sorvetes no Brasil”, comenta.
Inspirado pela visão de inovação e qualidade, fundou, em 2020, a SOFT Ice Cream em Curitiba (PR). “Com a SOFT, decidi não apenas reproduzir os clássicos, mas reinventá-los e introduzir sabores completamente novos e autênticos, utilizando ingredientes naturais e processos artesanais. Cada sorvete é cuidadosamente preparado para garantir um padrão de qualidade que desafie as expectativas, oferecendo ao mesmo tempo uma experiência diferenciada e memorável para cada cliente”, explica Matheus.
A rede apresenta sabores como chocolate, baunilha, frutas vermelhas e iogurte, com receitas próprias que valorizam ingredientes frescos e de qualidade. “Desenvolvemos um método de produção que une os melhores ingredientes e a técnica italiana de produção de gelatos, resultando em um sorvete expresso incrivelmente saboroso”, comenta Krauze. Além dos sorvetes de casquinha e sobremesas, a SOFT também oferece milkshakes variados.
A criatividade também é um dos pontos fortes da rede de sorveterias: a casquinha utilizada é uma receita exclusiva, e a versão preta, de chocolate, um dos sucessos da casa por sua aparência diferenciada, tem adição de cacau black. Já o sorvete de chocolate recebe um blend de cacau importado, adquirindo cor muito escura e o sabor intenso: são usados o belga, o italiano e o black. O de frutas vermelhas é outro best seller, feito à base de água, morango, framboesa, mirtilo e amora, sem conservantes ou qualquer ingrediente de origem animal – ótima opção para veganos.
Com um ousado plano de expansão, que conta com a implantação de franquias em diversas regiões do Brasil, a marca pretende levar sua visão e execução de sorvete artesanal de excelência para o Brasil todo. O modelo de negócio enxuto, com autoatendimento, que possibilita atender mais de 600 clientes por loja em um dia, é outro diferencial. “Até o final de 2024, planejamos estar com mais 10 lojas abertas e outras 20 unidades em implantação, e aumentar o faturamento em 110%”, revela Matheus.
“Quem quer inovar no mercado de sorvetes precisa ter um compromisso contínuo com a pesquisa de referências, desenvolvimento de novos produtos e a compreensão do consumidor. Utilizar ferramentas como análise de tendências, feedback de clientes, e parcerias com negócios locais são essenciais para se manter relevante e desejado no mercado”, completa o empresário.
Jéssica Mattia / Jornalista
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