O Relatório dos membros do alto comissariado de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) é a esperança do Ministério Público para pressionar a Samarco a cumprir com as exigências feitas pelo órgão para o atendimento às vítimas do rompimento da barragem de Fundão em Mariana, região Central de Minas.
Neste sábado (12), quatro observadores da ONU se reuniram com moradores de oito comunidades atingidas pela tragédia e representantes dos Ministérios Público Estadual e Federal, em Mariana e ouviram duras cobranças sobre a postura do governo federal. Em seguida eles encontraram com diretores da Samarco.
Os representantes da ONU estão no Brasil para avaliar a relação das grandes empresas com seus funcionários e comunidades afetadas por suas atividades no âmbito dos direitos humanos.
Como aconteceu o acidente em Mariana eles aproveitaram para incluir o caso no relatório que será apresentado no ano quem vem, em Genebra, na Suíça. Porém, antes disso, eles vão apresentar um pré-relatório na próxima quarta-feira, em Brasília.
"Estamos fazendo uma avaliação no âmbito dos direitos humanos. Não temos uma caráter investigativo ou fiscalizador. Estamos fazendo uma análise de como as atividades de grandes empresas podem ou não desrespeitar questões de Direitos Humanos entre seus empregados e as comunidades no seu entorno", afirmou o membro do alto comissariado de Direitos Humanos da ONU Ulik Halsten.
O promotor Guilherme Meneghin tem esperanças que o posicionamento da ONU possa mudar a postura da Samarco. "Uma avaliação da ONU ganha relevância internacional e com isso pode afetar o mercado financeiro e as ações das empresas na bolsa de Nova York, ai mexe no bolso deles e pode haver uma mudança de postura da Samarco"
Atingidos
Os moradores das comunidades atingidas comemoraram a visita dos representantes da ONU. Eles avaliam que é uma forma de levar a opinião de quem são as pessoas mais afetadas para os órgãos responsáveis pela tomada de decisão.
Moradora de Barra Longa, Andreia Tavares, cobrou uma maior atenção com o município. " Ainda estamos com muitos problemas, o comércio da cidade está praticamente parado, e vários produtores rurais ainda não conseguiram recuperar sua produção. Um dos membros da ONU demonstrou preocupação com nossa situação Roque estamos ficando de lado com o passar do tempo. Eles fizeram uma analogia dizendo que Bento Rodrigues foi morto com um tiro na testa, mas barra longa recebeu um tiro no peito e está agonizando no CTI e precisa de cuidados urgentes para poder se recuperar".
O agricultor do distrito de Campinas, em Mariana, Melquíades Eulálio, 61, reclama que ficou sem sua renda complementar já que perdeu toda a roça. "A Samarco disse que não vai me ajudar porque eu sou aposentado. Mas o que eu ganhava na roça era meu complemento de renda e tá tudo destruído. Minhas pastagens viraram lama e não recebi nenhum um centavo até agora".
Depois de se reunir com os moradores, os membros da ONU se encontraram com a Samarco a portas fechadas e voltaram para Belo Horizonte. Eles não visitaram Bento Rodrigues em função da agenda apertada.
O Tempo
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