segunda-feira, 18 de abril de 2016

Uso excessivo de celular aumenta os casos de fadiga visual

“Tomava remédio, resolvia por dez minutos, e logo a dor voltava. Busquei no Google e encontrei resultados que iam de tumor na cabeça até enxaqueca”, conta. Mas a resposta para o mal era muito mais simples: fadiga visual. Também, pudera: ela conta usar o celular para tudo – como GPS, para o trabalho, para estudar as matérias e fazer trabalhos da faculdade, conversar com amigos etc – e calcula passar cerca de seis a sete horas por dia com os olhos grudados na telinha.
Um novo estudo realizado pelo Instituto Penido Burnier, em Campinas, com 1.200 pessoas aponta que a fadiga visual atinge 75% dos usuários de internet. E o uso de celulares pode estar contribuindo para isso. “Quanto menor a tela, maior o esforço visual”, explica o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, que conduziu a pesquisa.
Além de dores de cabeça, a fadiga visual tem como sintomas o ressecamento ocular, vermelhidão nos olhos e, algumas vezes, até visão embaçada. Tudo isso causado pela falta de oxigenação dos olhos.
“A córnea é uma película transparente que cobre a nossa íris (parte que dá a cor aos olhos). É através dessa película que enxergamos. Para ela ser transparente, não pode ser irrigada por sangue. Então, a córnea busca oxigênio do ar por meio do filme lacrimal, um líquido que lubrifica os olhos”, explica o oftalmologista Cléber Godinho, presidente da Sociedade Brasileira de Lentes de Contato, Córnea e Refratometria (Soblec). De acordo com ele, quando a pessoa passa muito tempo digitando ou lendo no celular, ela deixa de piscar e, consequentemente, não oxigena corretamente essa película.
Já as dores de cabeça são causadas realmente pelo cansaço dos músculos oculares. “Os olhos têm seis músculos que movimentam os globos oculares para cima, para baixo, para os lados. E têm dois que puxam os globos para dentro, para formar o foco. Quando você olha muito tempo para uma tela, esses músculos ficam cansados de trabalhar para manter o foco sempre no mesmo lugar”, explica Godinho.
Flash
Piscadinha. Em condições normais, uma pessoa pisca, em média, 15 vezes por minuto. Olhando para uma tela, essa média cai para cinco piscadas por minuto.
Evite o desconforto piscando e olhando para o horizonte

A solução para todos os sintomas da fadiga ocular está ao alcance de qualquer pessoa: basta diminuir o número de horas passadas seguidas com os olhos vidrados na telinha. “A pessoa tem que fazer intervalos, ir para um lugar ao ar livre e olhar para longe para ter mais conforto”, orienta o oftalmologista Cléber Godinho. O ideal é que, a cada hora de uso das telas, a pessoa olhe para um ponto fixo longe por cerca de cinco a dez minutos.

Além disso, o médico ressalta que é fundamental prestar atenção na quantidade de vezes em que se piscam os olhos. “Esse movimento vai fazer com que a córnea consiga buscar seu oxigênio no ar”, explica. A falta de piscadas pode dar uma sensação de “areia” nos olhos e até uma falsa sensação de sono.

O oftalmologista Leôncio Queiroz Neto dá, ainda, outras dicas para aumentar o conforto e evitar a fadiga ocular. Segundo ele, deve-se evitar utilizar as telas em ambientes iluminados demais. “Além de fazer contrair as pupilas, a luz forte diminui o contraste da tela dos celulares”, orienta.

Manter as telas dos dispositivos sempre limpas também ajuda, e respeitar a distância mínima de 30 cm entre o celular e os olhos forçará menos os músculos oculares. No caso dos computadores, é importante não posicionar a tela de frente para janelas ou portas. Isso evita o ofuscamento. Tanto nos dispositivos maiores quanto nos menores, o médico orienta aumentar o contraste e diminuir a luminosidade.
O Tempo

Nenhum comentário:

Postar um comentário