Argentino Adolfo Pérez Esquivel, Prêmio Nobel da Paz de 1980, causou revolta entre senadores da oposição nesta quinta-feira (28).
Esquivel falou em "possível golpe de Estado" sentado em uma cadeira da Mesa Diretora do plenário durante sessão presidida pelo senador petista Paulo Paim (RS). As palavras foram ditas ao lado de Paim e de outros senadores petistas, que cercaram o Nobel da Paz na hora do pronunciamento.
"Venho aqui ao Brasil trazendo a solidariedade e o apoio de muita gente da América Latina e a minha pessoal que se respeite a continuidade da Constituição e do direito do povo a viver em democracia", afirmou Esquivel. "Creio que neste momento há grande dificuldades (oriundas) de um possível golpe de Estado. E já se utilizou esse mecanismo de funcionamento em outros países do continente, como Honduras e Paraguai", ressaltou.
Pouco antes, Esquivel havia visitado a presidente Dilma Rousseff para apoiá-la contra o processo de impeachment que ela sofre no Congresso.
O líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), reagiu imediatamente e exigiu a retirada da palavra "golpe" dos registros das notas taquigráficas. "Não podemos ser surpreendido com essas montagens, não foi por acaso que esse senhor veio aqui fazer esse pronunciamento. Isso é uma estratégia que esse plenário não admite. Essa situação é inaceitável. Nunca vi, com 22 anos de Congresso Nacional, as autoridades que nos visitam, sem ter o consentimento de todos os líderes, usarem o microfone para fazer pronunciamento", afirmou Caiado.
Sob pressão, Paim concordou com o pedido para retirar a expressão "golpe".
"Em nenhum instante, o regimento autoriza que a sessão do Senado possa ser interrompida para conceder a palavra a um não-senador", afirmou o líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PB).
O líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), respondeu: "Entendo que isso cause urticária naqueles que são oposição. Estão ai pesquisas de opinião de que a população não aceita que o conspirador mor assuma", disse o petista, em referência ao vice-presidente, Michel Temer, que assumirá a presidência interinamente no caso de o processo de impeachment de Dilma for aberto pelo Senado.
O Tempo
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