Fazendo coro com o surto de violência dos últimos dias, em especial no Nordeste, o Ipea acaba de divulgar, na manhã desta terça-feira, um estudo devastador. Segundo ele, entre janeiro e dezembro de 2016 foram cometidos no Brasil 62.517 homicídios — 171 por dia — e com esse índice o Brasil superou a marca dos 30 mortes violentas por 100 mil habitantes, chegando a 30,3. É uma taxa 30 vezes maior que a da Europa.
Feito em colaboração com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o documento revela que, nos registros do sistema de saúde do País sobre estupros, 68% dos casos referem-se a menores de idade. Mostra, também, que a violência continua em alta no País e que os jovens, os negros e as mulheres continuam sendo suas maiores vítimas.
Alguns exemplos mais significativos do estudo:
* Os assassinatos respondem por 56% das mortes de jovens do sexo masculino entre 15 e 19 anos. De 20 a 24 anos, esse índice é de 46%. A proporção cai para menos de 5% da população masculina a partir dos 45 anos de idade.
* Nos últimos 10 anos a taxa de homicídios de negros aumentou 40,2% e a de não negros caiu 6,8%.
* Dos registros sobre estupros, no sistema de saúde brasileiro, 68% referem-se a estupro de menores e quase um terço das agressões cometidas contra crianças até 13 anos, partem de amigos e conhecidos.
* A taxa de 30,3% de mortes para cada 100 mil pessoas é desigual. A de São Paulo é 10,9, a de Santa Catarina 14 e a do Rio Grande do Norte 53. Enquanto em São Paulo os índices caíram 46% em dez anos, no RG do Norte subiram 256%.
*Ao analisar a queda da violência em São Paulo, os autores mencionam, além de controles e políticas mais eficazes, a “hipótese da pax monopolista do Primeiro Comando da Capital, que passou a controlar o uso da violência letal”.
O Tempo
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