segunda-feira, 11 de junho de 2018

Zumbido nos ouvidos pode indicar perigo


Popularmente conhecido como “zumbido”, o tinnitus ou acúfeno pode se assemelhar ao som de um apito, de uma cachoeira ou mesmo de uma cigarra. Esse barulho incômodo não é uma doença, mas pode representar um sintoma de que algo não vai bem com a saúde auditiva. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que o problema afeta 280 milhões de pessoas, de várias idades, em todo o mundo.

De acordo com o otorrinolaringologista Rodrigo Vital, coordenador do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Vera Cruz, de Belo Horizonte, o zumbido é percebido quando nenhuma fonte externa o produz. “Ele não vem de fora. É uma espécie de barulho-fantasma, que surge em algum ponto da via auditiva e se estende até o córtex auditivo, no cérebro”, diz.

Os principais problemas associados a essa sensação sonora envolvem alguma perda da capacidade de audição. “Cerca de 90% das pessoas que sofrem com o zumbido tiveram alguma queda da qualidade na hora ouvir. Pode não ser nada grave, mas é essencial que a causa do som seja detectada”, esclarece o médico.

Quem vivencia essa experiência é o professor de música Jeyson Zímerer, 42. Em 2009, ele perdeu 75% da audição direita e, desde então, convive com o barulho incômodo. “Procurei o médico, tratei e tento fazer de tudo para diminuir o som, mesmo ele sendo constante”, afirma Zímerer.

Outros fatores também podem provocar o som, como a exposição a ruído alto ou a infecção no ouvido médio, interno ou externo. Além desses, o zumbido pode indicar alguma alteração do labirinto, explica a otorrinolaringologista Anna Paula Batista, especialista em otoneurologia do Hospital Felício Rocho. “O principal sintoma da labirintite é a tontura, mas o paciente pode apresentar esse barulho incômodo, porque ambos atingem órgãos próximos no ouvido interno: o labirinto (responsável pelo equilíbrio) e a cóclea (que traduz o som como impulso elétrico para o cérebro)”, diz.

Segundo a médica, ainda nos primeiros sinais, a recomendação é procurar ajuda médica. “É essencial que um profissional seja consultado, para que a causa do problema seja estudada e solucionada o quanto antes”, orienta.

Como se manifesta em condições diferentes, o tratamento deve ser individualizado. Em casos relacionados à perda auditiva, um dos tratamentos mais utilizados para aliviar o desconforto do zumbido é a reabilitação com uso de aparelhos auditivos.

Risco. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 1,1 bilhão de pessoas no mundo inteiro têm chances de desenvolver problemas relacionados à perda de audição.

Som deixa cérebro em estado de atenção 

Um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Illinóis, nos EUA, descobriu que o zumbido crônico está associado a mudanças em certas áreas no cérebro, que fazem com que ele fique mais em estado de atenção e menos em repouso. O resultado saiu no periódico científico “NeuroImage: Clinical”.

Usando ressonância magnética funcional para procurar padrões por meio da função e da estrutura do cérebro, identificou-se que o zumbido está, de fato, na cabeça dos ouvintes – numa área cerebral chamada precuneus. A equipe descobriu que, em pacientes com zumbido crônico, essa região está mais conectada à rede de atenção dorsal (ativa quando algo chama atenção da pessoa) e menos à rede de modo padrão (ativa quando alguém está em repouso).

Os pesquisadores esperam que suas descobertas ajudem em novos caminhos para futuras pesquisas, fornecendo uma métrica para procurar diretrizes para agrupamentos de pacientes com esse problema.

Alerta. Qualquer um pode sentir zumbido em algum momento da vida, independentemente do motivo, mas, segundo o otorrinolaringologista Rodrigo Vidal, aquelas pessoas que estão na terceira idade devem ficar um pouco mais atentas. O médico explica que, a partir dos 60 anos, acontece uma perda natural da audição, causada pelo envelhecimento da cóclea. “É um processo que faz parte dessa fase, mas deve ser considerado importante”, orienta o médico.
O Tempo

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