Recentemente, e por fonte confiável, ficamos sabendo de que o Ginásio Marques Afonso foi o décimo segundo ginásio estadual instalado no Estado de Minas Gerais. Tal notícia, motivo de orgulho para o povo pratiano, sugere a apresentação de um breve relato do contexto histórico em que se deu o fato. Na década de 1950, mesmo com todas suas carências, o Prata iniciou um longo movimento para a realização de um sonho, considerado inicialmente como um delirio, dadas as circunstâncias do momento, mas que acabou transformado num sonho de toda sociedade, mobilizando as suas forças para a instalação de um ginásio estadual na cidade. Naquela época, ginásio estadual era coisa rara em Minas . O governo instalava poucas unidades por ano e priorizava as cidades com mais peso na economia do Estado. Não havia como furar a fila hierarquia definida , porque era grande a disputa das cidades para ter o seu ginásio, uma vez que, por toda parte, a maioria dos jovens estava impedida de cursar o ensino médio, disponível apenas em alguns colégios tradicinais , de propriedade privada , com pagamento de anuidade, e localizados fora de sua residência. Com tanta competição na área política, a única alternativa viável passou a ser idealizar um projeto para implantar o ginásio quase que inteiramente sem o envolvimento financeiro do Estado. Depois de muitas reuniões, a Secretaria de Educação delineou o que se pode chamar de " caminho das pedras", com um desafio gigante, deixando claro que o sucesso no caso dependeria exclusivamente da capacidade da cidade de superar os desafios. Para conduzir os trabalhos previstos, foi criada uma Fundação, de fé pública, denominada Sociedade Beneficente de Cultura Pratiana, a quem se atribuiu as funções de coordenação dos trabalhos comunitáros e a articulação dos contatos com o órgão do governo. A primeira medida adotada pela Fundação foi criar no Prata a Escola Técnica de Comércio Municipal , exigência fixada pela Secretaria de Educação para se ter na cidade uma unidade de ensino médio, como antecessora do futuro ginásio estadual, a qual funcionou no prédio do Grupo Escolar Cônego João Pio, em horário noturno, com a plena e irrestrita colaboração de professores, que trabalharam sem receber salários. A Escola Municipal chegou a formar uma turma com diploma equivalente ao de curso ginasial, reconhecido oficialmente, prova de correção e de seriedade tanto na definição do currículo como na condução das atividades escolares. Ao mesmo tempo em que a escola funcionava, a Sociedade Beneficente Pratiana deu início à construção do prédio onde deveria funcionar o ginásio estadual, quando criado. O prédio foi construido com dinheiro doado pelo povo pratiano e por doações de empresas vizinhas à nossa cidade. Depois de concluido, o prédio foi doado ao Estado , uma das condições estabelecidas pelo governo para a criação do ginásio estadual na nossa cidade. Em 1957, foi assinado o ato de criação do Ginásio Marques Afonso, e o Prata, dessa forma passou à frente de mais de quatrocentas outras cidades de Minas Gerais. Só admitindo algo como um sopro divino, presente nas grandes obras, e outro tanto do trabalho de pessoas com paixões intensas, é possível explicar a força que moveu a sociedade pratiana para a conquista desse grande objetivo. Com a transferência do ginásio para outro local, o prédio hoje utilizado como grupo escolar merece, pelo seu simbolismo, ser conservado como marco histórico de nossa cidade. Dá para ver que há muitas outras histórias esperando para serem contadas, e ajudariam a formar a memória.
Cristóvão Martins Torres
Cristóvão Martins Torres
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