terça-feira, 31 de maio de 2016

Camões para Raduan Nassar

O Tempo

LITERATURA



PUBLICADO EM 31/05/16 - 03h00

Autor de “Lavoura Arcaica” foi eleito ontem o novo ganhador do principal prêmio literário da língua portuguesa





São Paulo. O escritor Raduan Nassar foi eleito, na tarde de ontem, o novo ganhador do Prêmio Camões, principal troféu literário da língua portuguesa. A votação aconteceu nessa segunda-feira em Lisboa. Com a escolha de seu nome, o autor de “Lavoura Arcaica” (Companhia das Letras) torna-se o 12º brasileiro a vencer o prêmio, que todo ano escolhe um escritor lusófono pelo conjunto de sua obra.

O último brasileiro a levar o troféu havia sido o historiador Alberto da Costa e Silva, em 2014. Além dele, já haviam sido contemplados Ferreira Gullar, João Ubaldo Ribeiro e Rubem Fonseca, entre outros autores nacionais. Até então, brasileiros e portugueses estavam empatados em número de escritores premiados pelo Camões, com 11 nomes cada. Com Raduan, o Brasil passa à frente.
O júri do prêmio neste ano era formado pela ensaísta Paula Mourão e pelo poeta Pedro Mexia, de Portugal; pelos críticos literários Flora Süssekind e Sérgio Alcides do Amaral, do Brasil; pelo escritor Lourenço do Rosário, de Moçambique; e pela ensaísta Inocência Mata, de São Tomé.

Este tem sido um ano de grande projeção para a obra de Raduan Nassar. O escritor paulista estava na lista de semifinalistas do Man Booker International Prize, com “Um Copo de Cólera” (Companhia das Letras), um dos principais troféus literários do mundo – mas não chegou à final. “Lavoura Arcaica” e “Um Copo de Cólera” foram traduzidos pela primeira vez para o inglês neste ano. Nos Estados Unidos, os dois livros serão publicados pela editora New Directions. No Reino Unido, eles saíram pela Penguin.

Além da língua inglesa, seus livros voltaram a ser alvo de uma série de traduções. As últimas edições internacionais eram dos anos 80, quando Raduan foi publicado na Franca, na Alemanha e na Espanha.

Inéditos no Brasil. Raduan Nassar abandonou a literatura nos anos 80 e, desde então, quase não faz aparições públicas ou dá entrevistas. Mas “Um Copo de Cólera” e, sobretudo, “Lavoura Arcaica”, que foi adaptado para o cinema, com direção de Luiz Fernando Carvalho, foram suficientes para garantir a perenidade de sua fama no panteão literário. Mesmo que ele não tenha continuado a escrever desde então, há pelo menos dois textos inéditos do escritor no Brasil. Um deles é o ensaio “A Corrente do Esforço Humano”, publicado em 1987 na Alemanha. Outro é o conto “O Velho”, que saiu em uma antologia francesa. (Maurício Meireles)
O Tempo

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